3 de agosto de 2007

Falta-nos atitude!...

Sempre que acontece uma tragédia nesse país, temos a oportunidade de constatar o quanto falamos demais, porém pouco se faz de fato para mudar a realidade. Ficamos no grito da garganta e esquecemos de tomar atitudes. No caso do último acidente no aeroporto de São Paulo, foi muito interessante a atitude de uma determinada organização que, em solidariedade às vítimas e protesto às condições precárias de segurança do sistema como um todo, tomou a decisão de que nenhum dirigente, nenhum funcionário daquela empresa, sairá mais em viagem de serviço, embarcando ou desembarcando no aeroporto de Congonhas.

Provavelmente outras empresas tomem essa mesma iniciativa, assim como muitas outras pessoas, individualmente, já devem também ter tomado essa atitude, ou seja – ninguém voa mais por Congonhas. Se formos esperar pelas autoridades constituídas, é bom lembrarmos que a estratégia é sempre empurrar a tragédia com a barriga, até que o povo esqueça, ficando apenas para os familiares das vítimas a dor da perda eterna de entes queridos.

Os interesses individuais e econômicos em torno dessa coisa chamada aeroporto de Congonhas, são incalculáveis e inimagináveis. A ponto inclusive de colocarem o aeroporto para operar 50% acima de sua capacidade operacional, antes da última tragédia. De frente para as câmaras eles todos choram conosco. Quando se fecham as cortinas e as luzes se apagam, volta tudo ao normal. Se não houver uma real mobilização da sociedade, jamais se chegará à verdade e nunca teremos aquela estrutura dotada das condições de segurança indispensáveis. Aliás, seja o que façam em nome dessa obscura segurança do aeroporto de Congonhas, diante do que já existe em sua volta, vamos estar sempre com a seguinte pergunta em nossas mentes: qual será o próximo vôo? qual prédio vai estar no caminho?

Eu, pessoalmente, por amor à minha própria vida e em solidariedade às famílias enlutadas e aquelas que já não conseguem mais dormir morando nas redondezas, nunca mais desembarcarei ou embarcarei no aeroporto de Congonhas.