20 de novembro de 2007

Bebida Alcóolica & Churrasquinho de Gato

Não faz muito tempo, creio que nas proximidades do carnaval, eu fiz um comentário a respeito da venda de bebidas alcoólicas por parte de vendedores ambulantes, em cima do que determina a legislação do município de Manaus. Resolvi fazer o comentário em função do depoimento na mídia local por parte de uma autoridade do município, quando o mesmo dizia que não ia combater a venda de bebidas alcoólicas nas ruas e calçadas da cidade, porque entendia que isso fazia parte da cultura da população. Ora, se faz parte da cultura da população, quem foi o bobalhão que trabalhou contra isso?

Agora que o Ministério Público está determinando o cumprimento da lei para a venda de bebidas alcoólicas por parte de vendedores ambulantes, a desculpa passa a ser que não existe condição de fiscalizar essa atividade. Mas isso na realidade não é nenhuma novidade. A Prefeitura não tem demonstrado eficiência para fiscalizar aquilo que lhe pode render dividendos aos cofres do município, como por exemplo, o Habite-se, imagine fiscalizar a venda de bebidas alcoólicas por parte de vendedores ambulantes, que muitos vêm como uma coisa antipática, e que no fundo só vem servindo para baixar o ibope do Prefeito e de todos os políticos que compõem a sua base de sustentação.

É bom lembrar Arthur Virgílio, senador da República, quando este esteve à frente da Prefeitura e tinha o atual prefeito como secretário municipal. Tentou fazer o que era certo - retirar os vendedores ambulantes do centro da cidade. O resultado dessa iniciativa todos os amazonenses sabem. Hoje, numa rápida passagem pelo centro, conclui-se que não adiantou coisa alguma. Os vendedores ambulantes voltaram a ocupar o centro e o senador Arthur Virgilio ficou marcado para sempre como o carrasco dos ambulantes. Por mais que tente, segundo os analistas de plantão, no cenário político do município de Manaus está difícil o senador conseguir reunir votos suficientes até para uma eleição de gari. O atual prefeito, apesar de nunca ter se manifestado contrário à medida adotada pelo senador enquanto prefeito da capital, parece ter aproveitado bem a lição e não está disposto a correr o mesmo risco, pelo menos nesse primeiro mandato.

Resumindo – é difícil acreditar que vai mudar alguma coisa nessa questão dos vendedores ambulantes, mesmo com a pressão do ministério público. Devagar, como sempre, a coisa tende a cair no esquecimento. É exatamente assim que acontece, e pelo jeito é assim que vai acontecer mais uma vez. Até torço para que eu esteja errado, mas confesso que não arrisco uma aposta porque as possibilidades de perder são bem maiores.

Estamos próximos de uma eleição. Municipal, diga-se de passagem. Logo vão surgir os políticos para usar essa mazela como moeda de troca, culpando o Ministério Público e seus procuradores de estarem trabalhando para tirar o pão da boca das famílias que vivem da atividade de vendedor ambulante por falta de oportunidade de emprego. Aguardem – vai aparecer candidato derramando lágrimas por conta desse assunto.

Poderiam até mudar a legislação para evitar a desmoralização e legalizar o que está proibido sem nunca ter sido na prática. Acontece que nenhum desses políticos vai estar disposto a fazer isso agora. Uma parte por conveniência política, pois entendem que é bem melhor usar essa mazela como discurso nos palanques da periferia e tirar o máximo proveito disso nas urnas; outra parte simplesmente não vai fazer nada porque não consegue pensar, escrever, propor ou mudar coisa alguma.

De resto nos resta esperar a futura propaganda eleitoral e ouvir nos palanques e nas telinhas da TV as promessas de sempre – se eu for eleito...