6 de setembro de 2008

O Buraco é mais embaixo!


Desculpem-me a sinceridade, mas, parar para ouvir o discurso de um político nos dias atuais deixou de ser algo prazeroso para o cidadão fazer. No caso do Amazonas a resposta é até muito simples de dar. São raríssimos aqueles políticos locais que nos dão o prazer de parar para ouvi-los falar de algo agradável, inteligente e útil. Em contrapartida, se for para ouvir besteiras e muitas mentiras, não precisamos nem parar em lugar algum. Basta ligar o rádio ou a televisão. Lá estarão eles quase todos com o mesmo discurso, com a mesma conversa fiada e, pasmem, com as mesmas promessas de sempre. E não é só isso! São as mesmas figurinhas carimbadas de outros carnavais.

Como estamos falando de políticos e de seus discursos, há bem poucos dias atrás eu ouvi um desses candidatos a reeleição dizer diante de uma platéia, que estava indignado com os buracos das ruas do Distrito Industrial de Manaus e que por esse motivo votou a favor da instalação de uma CPI.

Tudo bem! Até compartilhamos com a indignação do nobre vereador e apoiamos qualquer CPI para esclarecimento ao povo. O que ficou estranho no discurso do vereador é que ele fala com tanta indignação dos buracos do Distrito, esquecendo que ele vive numa Manaus mergulhada em buracos. Daí então indagamos: E aí vereador! Cadê a CPI da buraqueira de Manaus? Será que Vossa Excelência não está enxergando, não quer enxergar, prefere bancar o cego, surdo e mudo ou está faltando mesmo é coragem? Ora, se a CPI se justifica porque está prejudicando as empresas e os empregos, o que dizer de uma Manaus cujo sistema viário virou uma tábua de pirulito e o sistema de transporte um caso de polícia. Como diria o jovem de hoje - Se liga meo! Onde está o bom senso? O eleitor não é assim tão bobo quanto parece. Ele sabe que a eleição deste ano, principalmente para vereador, está sendo uma guerra de foice e que pela oportunidade de uma reeleição, tem candidato emprestando a alma ao diabo e arrumando chifres em cabeça de cavalo para ocupar de qualquer maneira espaço na mídia escrita, falada e televisionada.

Encerrando, para você eleitor que está lendo este comentário e vem acompanhando toda essas encenações, muito cuidado – principalmente quando o assunto for buraco.

5 de setembro de 2008

ESQUINAS e PORTA-BANDEIRAS

Dia esses, parado numa dessas esquinas movimentadas de Manaus, fiquei observando o movimento ao alcance dos meus olhos e indagando a mim mesmo: - Como é que algumas pessoas conseguem permanecer horas de pé numa esquina de rua, debaixo de um sol de mais de 40 graus, empunhando um mastro com uma bandeira com a cara estampada de um candidato a prefeito ou vereador?

Essas pessoas ficam ali durante horas, submetidas a todos os tipos de poluição sonora, da pele, dos olhos, das vias respiratórias, dos pulmões, etc. E não bastasse isso, ainda têm que suportar aquele cabo eleitoral cheio da moral, que fica lá de longe, escondido na sombra do poste, gritando e exigindo mais animação da turma de porta-bandeiras.

É uma cena muito curiosa. Contrastando com a cara dos candidatos que estão estampadas nas bandeiras, normalmente sorridentes ou mutiladas, a porta-bandeira de pé na esquina não consegue, coitada, sorrir nem dos galanteios e xavecos que recebe das pessoas bem humoradas que passam pelo local. Quando são intimadas a mexer as cadeiras ao som dos jingles dos candidatos, ai então só você vendo para acreditar!

Se você ainda não observou essa cena – faça isso! Acredite! - é algo no mínimo interessante. Muita daquelas bandeiras que estão ali tremulando nas esquinas, pelo perfil dos donos das caras nelas estampadas, é jogar suor e energia fora. Terminada a eleição, os mastros se transformarão em carvão e as bandeiras vão ser aproveitadas quem sabe em algo mais útil – um bom pano de chão, toalha para enxugar cachorro, lenço para limpar mão de mecânico, etc. Como a compra, a confecção desse material e o serviço de porta-bandeira não sai do bolso dos candidatos (essa é a única coisa certa e transparente nesse cenário), é óbvio que nenhum deles está preocupado com o destino a ser dado a esse material, porém jamais vão perder a chance de ver suas caras tremulando nas bandeiras espalhadas nas esquinas da cidade, como se fossem verdadeiros pop-stars.

A verdade é que esse tipo de contratação e serviço em época de campanha eleitoral, que dizem ser organizado, bem pago e de carteira assinada, mereceria um estudo. Já soube que boa parte das pessoas que estão ali trabalhando nas esquinas como porta-bandeira, nunca viu de perto o candidato (a) com a cara estampada na sua bandeira. Muitas delas provavelmente dirão até que nem precisa conhecer, pois diante da maquininha na urna, a única foto que não vão querer ver aparecer na telinha é exatamente aquela da bandeira. A não ser que exista um esquema muito bem tramado que não permita ao porta-bandeira exercer a sua vontade e ter que obrigatoriamente votar em quem lhe pagou para trabalhar nas esquinas.

Como vivemos no Brasil e na política brasileira jabuti sobe em árvore, jacaré nada de costa e boi voa, é bom ficarmos com a barba de molho. E que Deus nos proteja, dando aos brasileiros e em particular aos amazonenses, mais juízo e responsabilidade na hora de consagrar o seu voto. Já está na hora de começar a mudar a cara do Brasil.