(dedicado ao Prof. Felix Valois)
Só depois que eu li o artigo do ilustre professor Felix Valois, nos convidando a escolher e adotar os buracos da nossa cidade de Manaus, é que dei conta de que na verdade eu já tinha pelo menos meia dúzia de buracos de estimação espalhados na cidade. É verdade! Eu sabia de cor como eles eram, onde estavam e acompanhava diariamente suas evoluções. Um dia mais largo, outro dia mais profundo, outro cheio de água e assim por diante, até que o Negão resolveu mandar começar a operação esconde-buraco exatamente pelas ruas dos buracos de minha afeição.
Quando deparei essa semana com o primeiro dos meus buracos de estimação tapado, confesso que bateu uma tremenda indignação. A única vontade naquele instante foi xingar o Negão. E xinguei mesmo! Baixinho, mas xinguei... A minha mulher ao lado percebeu o meu balbuciar e perguntou:
- Tá falando alguma coisa?
- Tô! Xinguei a mãe do Negão (com todo respeito) e mandei ele prá bem longe.
Pô! Logo agora que o Prof. Valois havia despertado a minha afeição pelos buracos da cidade, vem o Negão e manda tapar exatamente o buraco de minha maior estima. É sacanagem! Eu já havia até batizado o buraco. Dei o nome carinhoso de “panelão”. O pior de tudo agora é que eu não consigo passar com as rodas em cima do sacana do buraco. É sério! Eu já saia de casa sincronizando espaço, tempo e velocidade para desviar do panelão e agora não consigo mais me desprogramar.
Pensando bem, acredito até que nem devo forçar essa desprogramação. Depois de tapado e nivelado, o ex-buraco em dois dias já ganhou a forma de uma piscina rasa, que é meio caminho certo para um novo buraco e o prenúncio de uma breve ressurreição do “panelão”.