3 de outubro de 2009

Tá chegando! Tá quase chegando! Chegooooouu!...


Com a devida autorização das colegas, mas com o compromisso de resguardar seus respectivos nomes, conto a seguir um fato interessante ocorrido recentemente na cidade de Fortaleza, durante a nossa participação no V Encontro Empresarial de Negócios da Língua Portuguesa. Éramos 3 (três) pessoas. Eu, encarregado de ministrar uma palestra durante um painel da programação do evento, e mais as duas colegas de trabalho, encarregadas de cuidar do estande da nossa instituição.


Logo no primeiro dia elas levantaram cedinho para arrumar e preparar o estande. Saíram do hotel cada uma carregando uma caixa de papelão contendo material institucional. Pesadas, obviamente. Junto com as caixas, segundo elas, carregavam também as respectivas bolsas femininas que, cá entre nós, normalmente é outro trambolho pesado de carregar.

Ao chegarem ao local do evento, o ônibus que fazia o transporte parou um pouco distante da entrada. A única alternativa, segundo as colegas, foi encarar o desafio e carregar as caixas e as respectivas bolsas até o estande. Assim que começaram a caminhar, uma delas olhou para trás e percebeu que alguns rapazes vinham na mesma direção e parecia também estarem a caminho do mesmo pavilhão. Disse então para a outra parceira:

- Maninha, vamos diminuir o passo, pois aí atrás estão vindo alguns rapazes. Quem sabe eles nos ajudam a carregar essas caixas até o nosso estande.

É isso mesmo! – respondeu a outra colega, já animadinha com a possibilidade de serem ajudadas pelos marmanjos que se aproximavam.

Apesar de terem diminuído os passos, nada dos rapazes chegarem junto e oferecerem ajuda. Então, uma delas resolveu dar uma olhada com o rabo do olho, como quem não queria nada. Percebeu que os rapazes vinham caminhando há poucos metros de distância, só que também em passos lentos. Segundo a colega, nesse intante, quando olhou para trás para conferir se estavam vindo, os rapazes perceberam a sua intenção e um deles disse de lá algo parecido com:

- Tá chegando!

Sem entender direito aquelas palavras, a colega perguntou para a outra:

- Você ouviu o que um deles falou de lá?

- Eu não! Alguém falou alguma coisa? - indagou a outra.

Eu acho que eles jogaram uma gracinha para nós – completou meio invocada, mas já olhando outra vez para trás com o rabo do olho. Foi só virar o rosto de volta e os rapazes retribuíram com um belo coro:

- Tá quase chegando!

As duas na frente finalmente entenderam a gracinha. Ficaram revoltadas. É pouco! - ficaram indignadas com aquela brincadeira sacana dos rapazes. Uma delas, disse-me que pensou até em parar, voltar e atirar a caixa na cabeça de um deles. A outra, mais vivida e tranqüila nessas ocasiões, me disse que não sabia se ria da situação ou se fazia qualquer outra coisa. Por fim, as duas decidiram apressar o passo e esquecer a ajuda tão desejada. Nessa altura, pelas circunstâncias e o estresse, as caixas e as bolsas, creio eu, já pesavam dobrado.

Assim que chegaram à entrada do local do evento, as colegas foram logo colocando as caixas e as bolsas ali mesmo no chão. Mas, junto com o barulho das caixas praticamente atiradas ao chão devido o esforço realizado, elas ouviram um novo coro afinado dos rapazes:

- Chegoooooou!

Viche Maria! Pensem em duas mulheres indignadas e soltando fogo pelas narinas por conta dessa brincadeira. Para que vocês tenham uma idéia, mulher com TPM (Tempo de Perturbar o Marido) é fichinha diante do estado emocional em que encontrei essas colegas quando cheguei ao estande. Pasmem! A indignação era tanta que chegaram a pensar em fazer um BO na Delegacia da Mulher Cearense e ainda queriam que eu traisse a minha categoria e fosse junto para dar uma força.

A minha saída para acalmá-las foi prometer levá-las depois do evento para comer um churrasco na Churrascaria Boi Preto (cada um pagando o seu, obviamente), bem ao lado do Hotel em que elas estavam hospedadas. Mas não ficou só nisso. Abusadas, exigiram que depois do churrasco eu fizesse companhia a elas para passear na Feirinha do Calçadão, o que acabou sendo uma boa idéia, pois me ajudaram a escolher um presente para a minha querida esposa. Resumindo, elas azucrinaram tanto o ouvido do coitado do barraqueiro, que ele acabou me vendendo a bolsa pela metade do preço. Demorasse um pouco mais eu teria levado a bolsa de cortesia, só para desaparecer com elas da frente do dono da barraca. Brincadeirinha, viu!...

Finalmente, por volta das 09 horas da noite, depois de acompanhá-las barraca por barraca, paramos para nos despedimos. Sorridentes, elas pareciam estar recuperadas do trauma vivido em terras cearenses. Aproveitei e disse sorrindo:

- Chegooouuu!

Como é que é? – retrucaram imediatamente e já franzindo a cara em minha direção.

- Calma minhas coleguinhas! Eu só estou falando que chegooooouuu ao final o nosso passeio na feirinha.

- Engraçadinho! – respondeu uma delas já puxando a outra para caminhar de volta ao hotel, e, pasmem, sem me pedirem ajuda alguma para carregar as sacolas com as compras feitas na feirinha (castanha de caju, farinha, cocada, bananada, rapadura, geléia de frutas do nordeste, boné, bolsa de couro de Jegue, sapato e sandália de couro de bode, bijuterias, bordado, enxoval de cama e cozinha, a imagem de padre Cícero, etc.)

1 de outubro de 2009

Perguntar!


Perguntar! Esta é a palavra chave da questão. O vereador José Ricardo, do PT, falando da situação da segurança pública na cidade de Manaus, levantou algo muito sério entre seus parceiros da CMM. Para sabermos em que pé está o item “segurança pública” na cidade, nada melhor, oportuno e transparente do que ir às ruas ouvir o que o cidadão tem a dizer.
O que se observa no momento é que o cidadão está chegando ao limite da sua paciência com a questão da segurança. Não dá mais para ficar ouvindo conversa fiada e explicações furadas das autoridades constituídas. A violência hoje atormenta a todos – pobres e ricos. Dentro de casa, andando de carro particular, coletivo ou a pé, os riscos de assalto, estupro, violência e morte são eminentes. A bandidagem que anda solta simplesmente perdeu o medo! Atacam e matam a qualquer hora do dia e normalmente agem com a cara limpa. São ousados e desafiam explicitamente a capacidade de reação das autoridades e da polícia.

Nesse contexto, o rico sempre tem sempre uma saída. Depois que leva o susto e sobrevive, muda de casa, muda até de país, compra um carro blindado, contrata segurança especializada para acompanhar os familiares e enche a casa de cachorros treinados, alarmes sofisticados, cerca elétrica, etc.

E o pobre, coitado - faz o quê? Se sobreviver à violência, ao cidadão pobre resta correr literalmente até chegar na delegacia mais próxima, fazer o Boletim de Ocorrência e entregar o resto nas mãos de Deus, sem alimentar muitas esperanças de rever o que perdeu em termos materiais ou de que a polícia venha a encontrar o elemento e/ou criminoso para que se aplique a lei e se faça justiça. Ao pobre o melhor que estão oferecendo é tratamento de pobre. E não é só na questão da segurança pública não. Na saúde e na educação, não se iludam – as famílias pobres também estão entregue a própria sorte. Essa realidade que aí está é explícita. Não dá mais para esconder. Os políticos, como legítimos representantes do povo, têm o compromisso, ou melhor, o dever de mudar esse cenário desfavorável, particularmente aos brasileiros mais humildes e mais pobres. Há quem diga que é pedir muito para a classe política que hoje domina este país. Nesse caso, nos resta exatamente um ano para refletir sobre os erros que cometemos escolhendo mal os nossos representantes. Quando estivermos diante das urnas em outubro próximo, que tenhamos a consciência que estamos diante de uma urna e não de um bacio ou pinico, e que a partir das nossas escolhas estaremos definindo o futuro de nossos filhos e netos, o futuro da nossa nação.

30 de setembro de 2009

Bola da SUFRAMA


Uma colega de trabalho, depois de ler o meu último desabafo publicado no blog sobre a questão do trânsito no Bairro do Parque 10, com o título “Zona e Zorra no Parque 10”, telefonou-me para perguntar se eu não iria falar também do trânsito da “Bola da Suframa”, onde tanto ela quanto eu passamos todos os dias no caminho para o trabalho.

Em primeiro lugar eu quero atualizar as informações e dizer para a minha colega que a Zona e a Zorra do Parque 10 continuam. Não mudou nada! Os donos das lanchonetes e os seus freqüentadores continuam felizes e agradecem às autoridades constituídas por não darem a menor importância para quem está achando ruim o que eles fazem todos os dias naquele local. O recado é simples - os incomodados que se explodam! A preocupação das autoridades agora está voltada para o sistema de transporte coletivo da cidade. A onda agora é tirar os ônibus ruins de circulação e deixar o povo de vez esperando ou andando a pé. E se você estiver achando ruim o fato de ter menos ônibus em circulação, anote aí - o azar é só seu meu irmão!

Dado esse recado inicial, vamos agora nos dedicar ao questionamento feito por minha colega, que a cada dia me parece mais revoltada e estressada com o que acontece diariamente no trânsito da Bola da Suframa. Pelo menos um consolo! Ela não está só nessa história. Centenas de outras pessoas passam diariamente pelo local e sentem a mesma sensação de revolta, indignação e estresse. ZONA e ZORRA decididamente é muito pouco para traduzir o que de fato acontece no trânsito da Bola da Suframa. Mas, acredite! Se existe alguma rotatória no caminho do inferno, nós estamos atravessando por ela todo santo dia. E se por ventura existe alguma autoridade de trânsito atuando ali naquele pedaço, essa autoridade com certeza atende pelo nome de Capitão Capeta. E não adianta convocar Dona Mônica ou Capitão Câmara para resolver. Esses, pelo jeito não andam com seus carros ou viaturas lá pelas bandas do Parque 10 ou da Bola da SUFRAMA. Aliás, coitados, no atual contexto, nem colocando ASAS nos AZULZINHOS para parecerem ANJOS, eles vão conseguir organizar esse INFERNO ou desalojar o CAPITÃO CAPETA da rotatória da famigerada Bola da Suframa.
Imagem: blog1.educacional.com.br