21 de dezembro de 2006

DESTRAVAR GERAL!...

Eu ouvi atentamente o discurso do presidente da República durante a sua participação histórica na reunião do Conselho de Administração da Suframa. Entre outras coisas, disse ele que é chegado o momento de se começar a destravar esse país. Confesso que estou torcendo por ele e por nós, principalmente para que essa trava não esteja demasiadamente enferrujada. Torcendo também para que o presidente consiga, no seu próximo mandato, constituir uma equipe mais azeitada e menos atrapalhada, que lhe dê mais alegrias, menos constrangimentos e cabelos brancos. Do contrário, em lugar de destravar - vamos tombar. Minha torcida também para que ao conseguirmos o milagre de destravar, não corramos o risco de descarrilhar logo adiante.

Quando o presidente fala em destravar esse país, eu imagino irmos bem mais longe. Que tal aproveitar para destravar também a nossa irritante passividade e acomodação com tudo o que acontece nesse país, achando que Deus tudo vê lá de cima e um dia vai arrumar tempo para olhar por nós e nos livrar de todas as mazelas. Que tal destravarmos os nossos medos e as nossas gargantas e tratarmos de fazer a nossa parte de forma dura, ordeira e responsável. Entendo que a nossa acomodação e a eterna esperança de que Deus um dia vai fazer a parte dele e a nossa, só contribui para que a corrupção se espalhe ainda mais e a impunidade continue se agigantando e falando mais alto do que as leis e a própria Justiça. Ainda como conseqüência, temos o fato de que continuamos escolhendo mal, resultando nisso aí que temos assistido, ou seja, boa parte de nossos políticos pintando o sete e nos fazendo de bobos, certos de que podem contar sempre com o resto da quadrilha, o voto secreto e por fim a impunidade.

Mas creio estar assistindo os primeiros sinais de que vamos destravar as nossas mentes, medos e gargantas. O exemplo está aí para todos verem. O que antes era tão fácil fazer, ou seja, trabalhar e legislar em causa própria, agora enfrenta a reação e a indignação do povo nas ruas, na Internet e na maioria dos meios de comunicação que passaram a dar mais espaço e oportunidades de manifestação ao cidadão. Já é um bom começo!

Aproveito para expressar o meu reconhecimento à coluna de cartas do jornal A Critica, onde há muitos anos eu, e com certeza centenas, milhares de outras pessoas, sempre tiveram um espaço sagrado e imparcial, para destravar a garganta e manifestar suas críticas, sugestões, revoltas e indignações. Hoje eu tenho o meu próprio blog (clubedabaladeira@blogspot.com), que por sugestões e ajuda de amigos, logo será um site (www.clubedabaladeira.com.br). Nele pretendo reunir outras pessoas para continuarmos fazendo a nossa parte como cidadãos, sem obviamente esquecer uma das fontes do meu processo de aprendizado, ou seja, onde tive espaço e aprendi com o tempo a destravar a minha mente, os meus medos e a minha garganta – cartas de A Critica.