21 de dezembro de 2007

PASSE LIVRE

Quem acompanha essa questão do sistema de transporte urbano da cidade de Manaus, cá entre nós, tem que ter estômago para digerir qualquer tipo de coisa. Quem não usa o sistema já não agüenta mais ouvir falar desse assunto, imagine as pessoas que vivem e dependem dele. Fico imaginando o astral da classe estudantil amazonense nesse final de ano, com o presente de natal idealizado a eles por alguns vereadores da nossa capital.

Nessa discussão algo nos chama a atenção e nos deixa com a pulga atrás da orelha. Quem conhece o vereador, autor do projeto, sabe que se trata de um cidadão muito inteligente, portanto, pode ser tudo - menos abobalhado. Não creio que se meteria sozinho numa roubada, como nessa questão do passe-livre, sabendo que dentro de menos de um ano vai ter que enfrentar novamente as urnas. Todos eles, indistintamente, estão de olho em 2008 e com certeza já trabalhando, rezando e fazendo promessas a Deus e ao Diabo, antes mesmo de saírem prometendo um novo mundo e até o paraíso aos seus eleitores.

Estará mentindo qualquer um dos vereadores(as) que disser que coloca os interesses da comunidade acima dos seus próprios interesses, a ponto de arriscar o próprio mandato. Isso não existe! O que não significa que não existam os vereadores e vereadoras que honram direitinho os seus mandatos. Tem gente boa sim, honrada - acreditem! Mas, ainda que exista um único vereador (a) que pense e aja exclusivamente em nome dos interesses da comunidade, vai passar por mentiroso, pois a classe política continua em declínio, descendo a ladeira no que diz respeito aos valores de compromisso, seriedade e credibilidade, entre outros, perante a sociedade brasileira.

Pelo que está anunciado na mídia, essa discussão sobre o passe-livre em Manaus já foi empurrada para o próximo ano, o que deixa claro que a intenção era apenas não encerrar o exercício sem colocar a CMM em destaque na mídia local, por bem ou por mal. Na falta de boas propostas, inteligentes e defensáveis, acabaram escolhendo a questão da meia passagem. Deu ibope, gerou uma tremenda muvuca e é disso que muitos vivem na política local, regional e nacional.

Não nos preocupemos. Esqueçamos o que foi dito nesse momento pelos nobres vereadores sobre a questão do passe livre, pois no próximo ano, de eleição, com certeza boa parte deles mudará o discurso, passando a defender as idéias exatamente contrárias àquelas que pregam hoje. Como a maioria não sabe ou não possui argumento para explicar de que lado está, tampouco porque muda de lado como quem muda de roupa, dirá o que todos dizem – é a dinâmica da política. É a dinâmica, na verdade, da pura esperteza e da malandragem.

Esperemos 2008! Quem sabe o povo resolva ele próprio adotar a figura do passe livre, dispensando do mandato de vereador aqueles que nos decepcionaram e nos desonraram. Será o feitiço dando o troco no feiticeiro. Vai ser bom demais!