24 de outubro de 2020

CAMPANHA do DOUTOR & CORONEL & CAPITÃO e outros

O que vamos comentar é comum nas campanhas eleitorais em todos os níveis. Mas, na campanha deste ano de 2020, depois que um militar da reserva alçou ao cargo maior da república e optou por privilegiar os ex-colegas de farda para comandar a máquina pública, observa-se que o civil candidato que é médico, em particular, potencializou a promoção da sua candidatura colocando o Doutor antes do nome e enaltecendo os seus feitos na profissão, enquanto o militar da reserva, que também está disputando o pleito, faz o mesmo colocando a sua patente antes do nome e enaltecendo os seus feitos no tempo de caserna. 

A questão é: será que isso de fato ajuda em alguma coisa nas candidaturas? Será que isso conquista votos nas urnas? Será que esses candidatos sabem de verdade qual são as atribuições do Prefeito e do Vereador? 
 
Ora, na Prefeitura, se o vencedor for um médico, ele não vai lá comandar um consultório, não vai dar consulta, nem usar estetoscópio para auscultar ninguém dentro do seu gabinete. Da mesma forma, se o vencedor for um militar, ele não vai para lá comandar uma caserna, nenhuma tropa de elite ou de estafetas, nem trabalhar de boina ou coturno. Idem na Câmara Municipal. 
 
O curioso nisso tudo, pasmem, é que tem aqueles bacanas que se sentem melindrados quando não chamados solenemente de doutor, coronel, capitão, etc. Conheci uma pessoa no exercício da atividade pública, acreditem, que se recusava a abrir envelopes que não traziam o Dr. antes do seu nome. Minha avó, sabendo dessa frescura toda, sem nenhuma cerimônia, mandaria todos para o raio que os partam.

19 de outubro de 2020

TV P&B – A primeira vez ninguém esquece...

 

Quando se fala de TV em preto e branco, voltamos no tempo para lembrar a primeira vez que assistimos alguma coisa numa televisão em Manaus. Quem lembra desse momento mágico de quando as imagens de TV chegaram em nossa cidade e nas nossas casas?

 Na avenida Getúlio Vargas, onde eu nasci e morei por mais de 20 anos, a primeira família a ter uma TV P&B na sala de estar, morava do outro lado da rua, bem em frente de nossa casa. Era a família de Arthur, nosso colega de rua. Filho único, gostava de levar os colegas para brincar  na sua casa e era uma coisa que todos adoravam. No meio das brincadeiras vinha sempre aquela merenda caprichada e reforçada preparada pela sua mãe.

Quando chegou a televisão, Arthur nos chamava para assistir junto com ele e seus pais. Era sempre depois do jantar da família, pois, somos daquele tempo em que as famílias sentavam-se à mesa para almoçar e para jantar.

Para assistirmos TV na sala de estar da casa de Arthur, havia uma exigência irretratável. Nenhum dos seus colegas podiam sentar no sofá para não sujarem o assento e o encosto. Era compreensível essa preocupação. Enquanto aguardávamos ser chamados para entrar, ficávamos na calçada da frente brincando e fazendo algazarra. Quando entrávamos, já estávamos todos no mínimo bem suados. Em pouco tempo a sala de estar exalava aquele cheiro azedo e inconfundível de moleque suado, o que incomodava a mãe de Arthur que nos ameaçava sempre: - amanhã quem não vier tomado banho não entra.  

Dos programas que existiam, lembro bem de um de dublagens. Aliás, nesse tempo em Manaus havia até festival de dublagem, com excelentes dubladores. Tinha um dublador que era muito engraçado que, se não estou enganado, era chamado de Ratinho. Ele era espetacular. Ednelza Sahado, que depois virou atriz e já fez até novela na Globo, era uma das rainhas da dublagem naquela época.

Tinha também os desenhos animados inesquecíveis: Tom & Jerry, Batifino e Karatê, Hugo Agogo, Corrida Maluca do cachorro Muttley, Dick e Penelope, Pepe Legal, Pantera Cor de Rosa, Papa-léguas e Coiote, Popeye, Pica-Pau, Ricochete e Blau-Blau.

Lembro que por algumas vezes ficamos proibidos de entrar na casa de Arthur para assistir os programas de televisão. Entre os colegas, havia aqueles que gostavam de apelar nas brincadeiras, principalmente para irritar a mãe de Arthuzinho (era assim que ela o chamava). No melhor do programa, um dos colegas, propositalmente, soltava um “pum”, também conhecido como “traque”. Pense num peido fedido dos infernos.

 A mãe de Arthur reagia no ato:

- Não vou nem perguntar quem foi o mal educado que comeu carniça. Saiam todos! E já vou avisando, amanhã desapareçam da minha porta pois não tem televisão.

E você que acabou de ler esse episódio, como e quando foi a sua primeira vez diante da TV? Qual a sua lembrança desse momento e desse tempo mágico que não volta mais? Conta aí, vai...