29 de dezembro de 2011

TIROS DE BALADEIRA


AUXÍLIO-PALETÓ & SALÁRIO MÍNIMO
O auxílio-paletó de cada deputado, hoje em R$ 40 mil/ano, equivale a 64,3 salários mínimos. Em resumo, um trabalhador que vive do salário mínimo, suando 8 horas por dia, sem recesso, sem mordomias e sem poder faltar ao trabalho usando como desculpa “motivo de força maior”, para chegar nessa conta de 40 mil reais (obviamente sem conseguir economizar um único centavo) precisa trabalhar no mínimo 5 anos e mais 2 meses. Nesses mesmos 5 anos, pasmem, os deputados já terão arrancado dos nossos bolsos, inclusive do bolso desse assalariado, supostamente para comprar paletó, nada menos do que 200 mil reais, o equivalente a quase 27 anos de trabalho de um assalariado. E a maioria acha isso normal, lindo de  morrer...

JOGO DE CENA (I)
A Prefeitura anunciou o aumento do IPTU e os políticos se aborreceram, colocaram a boca no trombone e já foram para a justiça tentar impedir o aumento. Maravilha! É isso mesmo que se espera deles, afinal são eleitos, são relativamente bem pagos pelo que produzem (quando produzem) e ainda recebem ajuda até para o guarda-roupa. Em contrapartida, anunciaram o aumento do salário mínimo, e foram raríssimos os políticos que saíram em defesa do trabalhador por um salário mais digno e mais justo, raríssimos foram aqueles que subiram à tribuna para protestar, ninguém convocou o povo para protestar em praça pública contra o novo salário mínimo, e nenhum deles ameaçou ninguém de ir a algum lugar protocolar uma ação de indignação, pelo menos, o que já seria alguma coisa. 

JOGO DE CENA (II)
Como seria bom se os deputados e vereadores analisassem os aumentos que realizam em causa própria e em benefício da casa que habitam enquanto portadores de um mandato, da mesma forma contundente e agressiva como analisam os aumentos dos preços públicos e dos impostos praticados pelos prefeitos e pelos governadores. Se o aumento do IPTU é imoral, será que os aumentos anunciados de 203% na ALE e 122% na CMM, em 5 anos, também não são imorais? Se cobrar pedágio na Ponte sobre o Rio Negro é imoral, será que cobrar do povo e tirar do bolso do trabalhador verba extra-salário todos os anos, para comprar paletó para trabalhar também não é imoral? Se o Prefeito conceder  passagem e diárias para um secretário viajar ao exterior para um evento é condenável, o que dizer do vereador e/ou do deputado, que falta ao horário de trabalho na tribuna (obrigação que não é todos os dias e onde alguns só fazem número), e dá como desculpa “motivo de força maior” para não ser descontado no salário?