24 de outubro de 2018

MANAUS ANTIGA, da bolacha de motor...


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Aniversário de Manaus e as lembranças da cidade antiga borbulham na nossa mente.

Lembrei do meu tempo de criança. Nos fins de semana ou feriados, minhas tias por parte de pai, Luiza e Maria, pediam aos meus pais para que eu fosse passar o dia com elas na casa de minha avó Nazaré, todas elas já vivendo hoje em outro plano espiritual. 

Oh tempos bons! Eu era muito querido por essas tias e avó. Adorava a companhia delas e a explicação é simples – faziam todas as minhas vontades.

Lembro que elas moravam de aluguel. A maior lembrança que tenho é da casa que ficava na Constantino Nery, parte dela de alvenaria, outra parte de madeira. A cobertura da casa era de zinco. Nos dias de chuva, uma das minhas boas lembranças, era a alegria de ouvir aquele barulho da chuva caindo sobre o teto de zinco. 

Naquele tempo, as chuvas eram mais intensas, longas, e muitas das vezes duravam um dia inteiro. Como não existia televisão, enquanto chovia o tempo era ocupado com jogos de tabuleiro para crianças, dos quais lembro bem daqueles que tínhamos que usar dados para jogar.   

Outra coisa boa na casa minhas tias, com ou sem chuva, era a hora da merenda. Elas preparavam um café preto forte com bolacha de motor. O café forte era uma exigência de vovó Nazaré.  O diferencial  ficava por conta das bolachas fritas na manteiga e que ficavam simplesmente deliciosas. Até hoje tem que ter bolacha de motor em casa. Minha mãe gosta muito de comer com café e sempre lembra da bolacha frita que sua sogra e cunhadas preparavam. 

Eu continuo comendo bolacha de motor, porém nunca mais com aquele sabor que só elas sabiam preparar. Na verdade, nem sei como eram preparadas. Minha preocupação era só de comer, comer, até acabar.  Ficaram as boas lembranças, do barulho da chuva no teto de zinco, da merenda com bolacha de motor frita na manteiga, dos jogos de tabuleiro, e aquela imensa saudade de minhas tias Maria e Luiza, e de minha vovó Nazaré.