9 de outubro de 2020

CELSO PIACENTINI (in memoriam)


   Celso Piacentini - JETRO/JAPÃO - 2007 
O polo industrial de Manaus perdeu um excelente profissional. Além da competência reconhecida, Celso Piacentini era uma pessoa simples, muita simpática e alegre. O momento é de tristeza pela sua partida, porém, quem conheceu Celso, sabe que ele, de onde estiver, quer na verdade nos ver bem e alegres, como ele era no convívio com os amigos.

Assim, gostaria aqui de lembrar de um episódio alegre vivido com Celso, durante uma viagem que fizemos ao Japão, no ano de 2007, onde ele, representando a FIEAM, fez uma apresentação a empreendedores e consultores japoneses interessados no modelo ZFM, falando do ponto vista das indústrias, em particular da questão logística que ele tinha pleno domínio. Essa apresentação, contou também com a presença do nosso amigo Sr. Teruaki Yamagishi, falando da experiência das empresas japoneses que acreditaram na ZFM e aqui estão instaladas. Eu e Jânio Bittar, pela Suframa, fazíamos a exposição do modelo ZFM, dos incentivos disponíveis às indústrias e, por meio de planilhas, demonstrava-se as vantagens competitivas de produzir na ZFM e não em São Paulo, por exemplo. Depois desse evento, seguiam-se reuniões que aconteciam na sede da embaixada brasileira, onde se atendia aqueles empresários e consultores interessados em maiores detalhes. 

Celso Piacentini e Teruaki Yamagishi - JETRO/JAPÃO 2007 

Mas, vamos agora ao episódio que eu de fato gostaria de relembrar com saudade dessa viagem com a participação do nosso amigo Celso Piacentini.

Essa apresentação ocorrida no Japão, a convite da JETRO (Japan External Trade Organization) e o apoio da embaixada brasileira, aconteceu no mesmo instante em que participávamos de um grande evento internacional e anual (FOODEX) que acontece na cidade de CHIBA, situada a cerca de 40km de Tóquio. É uma feira de alimentos e bebidas conhecida mundialmente e onde tínhamos um estande próprio na ala do Brasil. Os grandes fabricantes de alimentos e bebidas espalhados pelo mundo se fazem presentes nessa feira, lançando e divulgando os seus produtos.

No final dessa feira, normalmente no último dia, uma boa parte dos expositores costumam distribuir gratuitamente os seus produtos/sobras, evitando assim todos os contratempos e os custos de levá-los de volta para seus países de origens.

Entre os estantes mais procurados e visitados na feira, estão os dos fabricantes de azeite, onde os mais importantes sempre marcam presença. Assim, no final do evento, os azeites se transformam num dos brindes mais cobiçados para se ganhar e levar para casa.  

No penúltimo dia da feira, conversávamos com Celso no nosso estande e tocamos nesse assunto do azeite, ou seja, sobre a possibilidade de, no dia seguinte, último dia do evento, termos a sorte de  ganhar alguma garrafa de azeite para trazermos para casa. Nesse ano, um fabricante italiano estava na feira lançando um azeite especial, puro, orgânico e em garrafa de 1 litro. Era a nossa cobiça.

Depois de nos ouvir, Celso nos perguntou porque íamos esperar o último dia para tentar ganhar uma garrafa de azeite. Era a primeira vez dele naquele evento e explicamos que os expositores de azeite não davam brinde para ninguém, exceto para os potenciais compradores e após muita conversa. Nos estandes podíamos provar o sabor dos azeites com pequenos pedaços de pão, cada um mais gostoso do que o outro, principalmente os italianos.

Celso então lançou-nos um desafio. Pediu que nós o levássemos nos estandes em que a gente gostaria de ganhar uma garrafa de brinde e ele ia conseguir as garrafas de azeite para trazermos. Em troca nos responsabilizaríamos em trazer para Manaus o que ele arrebatasse, inclusive a que ele viesse a escolher.

Como Celso era muito brincalhão, não levamos muito a sério o desafio, porém, não custava nada visitar os estandes junto com ele e ver no que ia dar. Pelo menos uma coisa era certa - íamos comer muito pão para provar dos azeites.

Chegando no primeiro estande, do cobiçado azeite puro e orgânico, o expositor ficou logo muito empolgado. Celso já se apresentou sorridente, falando italiano e se mostrando interessado nos produtos. Trocou cartão, fez perguntas sobre os produtos e preços, fez até cálculos de frete, tamanho de container e tipo de transporte. Eu e Jânio, enquanto Celso conversava com o expositor, fazíamos a prova dos azeites com os pedacinhos de pão. Depois de quase meia hora, Celso encerrou a conversa pedindo ao expositor um exemplar dos azeites em exposição para ele levar para casa. Foi de cara atendido e arrebatou a primeira garrafa.

Fomos em frente e, em todos os estandes visitados, Celso ao final da conversa convencia o expositor a lhe dar de brinde uma garrafa para ele levar para casa.  

Ficamos satisfeitos. Foram seis estandes visitados e seis garrafadas arrebatadas. Mas, no final de tudo, sobrou para nós a missão de trazer as garrafas de azeite. Jânio trouxe 3 com ele e eu mais 3. Entre elas, a cobiçada garrafa de azeite puro, italiano, que Celso decidiu que essa seria a dele.

Com certeza existem muitas outras histórias alegres que os amigos de Celso gostariam de contar. Significa que vamos sempre lembrar com muito carinho desse amigo que agora descansa em paz em outro plano espiritual.