16 de janeiro de 2007

UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA.

Texto de: Senador Almeida Lima

“O parlamento nos últimos quatro anos esteve desfibrado, sem
envergadura e,por isso mesmo, deixou de ser o depositário
das esperanças e da garantia de que a vida nacional irá
transcorrer sem sobressaltos institucionais”.
Termina a atual legislatura do Congresso Nacional. Moribunda, ela passa à história de forma degradante como a mais corrupta, servil e dissociada do pensamento nacional. A Casa dos representantes não se portou representativa e operou, por todo o tempo, como inimiga do povo.
O parlamento nos últimos quatro anos esteve desfibrado, sem envergadura e, por isso mesmo, deixou de ser o depositário das esperanças e da garantia de que a vida nacional irá transcorrer sem sobressaltos institucionais. Esteve sempre subserviente ao governo quando deveria ser obediente ao comando popular. Esta não é uma opinião! Este é um fato notório e incontestável!
Embora nada justifique tal mazela, da mesma forma que nenhum fato a tornará menos dolorida, convém evidenciar que o governo Lula foi o grande parceiro intrujão para todas as imposturas da atual legislatura. Sendo ele reeleito e assegurada a “coalizão de partidos” que anunciou, o que vivenciamos nos últimos quatro anos passa a ser uma realidade a se perpetuar. Como jamais imaginei ser membro de um parlamento arruinado, e por onde ando não pretendo esconder a minha identidade com receio de ser injuriado, tornou-se um imperativo resistir contra este projeto torpe que visa desacreditá-lo diante da opinião pública.
É urgente, pois, que todos compreendam que será catastrófico o esfacelamento do Congresso Nacional. Não é difícil perceber, por mais curta que seja a inteligência, que o projeto totalitarista do governo Lula somente será exeqüível quando o povo chancelar a derrocada total do parlamento brasileiro. Este projeto já está em curso, e o sonho do governo é mostrar ao povo que o parlamento é desprezível e dispensável. O governo deseja concentrar, nele próprio, todos os poderes da República – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, passando a nadar sozinho e de braçadas, a exemplo do que já faz o seu amigo e ditador Hugo Chaves.
Ora, será difícil entender que a destruição da imagem do parlamento é uma obra dos membros do governo, daquelas pessoas que comandam o Executivo e dos seus companheiros membros do próprio Legislativo? – Será que é difícil enxergar que as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado são governistas e que são elas que manobram inúmeras mazelas? – Será difícil enxergar que a maioria é da base do governo, e que foi ela que deixou de cassar corruptos e votou contra o povo? – Será difícil, portanto, atribuir ao governo a autoria da vontade deliberada de patrocinar a desmoralização do Congresso Nacional diante da sociedade?
Como esta é uma tragédia anunciada, impõe-se aos segmentos de vanguarda a luta contra esse mal. À imprensa comprometida com o País cumpre o papel primordial de resgatar as boas ações que se opõem a esse projeto desmoralizador. No Congresso Nacional existem propostas que estão “engavetadas” e que, se aprovadas, dignificarão o parlamento brasileiro. Portanto, à imprensa livre cumpre o dever de levar ao escárnio as mazelas e os seus autores, mas, ao mesmo tempo e, sobretudo, precisa mostrar à população que ela deve ser uma aliada das boas propostas, levando-as à aprovação. O povo precisa ocupar o lugar que a história sempre lhe reservou, e à imprensa, o papel de ser o grande farol a iluminar as bandeiras que conduzam ao ressurgimento dos valores republicanos.
Todos que vêem na democracia a alternativa única para a convivência social, não podem permitir que ela seja usada com o propósito de destruí-la. Não existe democracia sem a representação popular que se constitui no próprio parlamento, e este não subsiste quando se posiciona de costas para o povo. Este é o projeto do governo: destruir o parlamento e acabar a democracia.