4 de maio de 2007

Dia desses no Rio Urubu.

Autor: Luciano Muelas
Quem conhece o rio urubu, partindo da ponte na BR-174, sabe perfeitamente que naquele trecho ele é bastante estreito e encachoeirado, o que dificulta sobremaneira a navegação com motor de popa, principalmente quando o nível das águas está baixo. Em função disso os ribeirinhos usam como meio de transporte enormes canoas de madeira com rabetão.

Agora, caro leitor, pense num canoão. Ou melhor, na arca de Noé. Pois foi num desses que embarquei para uma pescaria rio abaixo em busca das faiscantes matrinxãs. Pra complicar ainda mais a vida deste humilde e robusto pescador, o piloteiro era inexperiente e não conhecia muito bem as traiçoeiras curvas lajeadas do sinuoso rio. Não fica difícil imaginar que ante a um perigo iminente, manobrar aquele porta-aviões com habilidade era tarefa humanamente impossível. Assim, esbarramos em duas opções: ou entregávamos a nossa sorte ao bom Deus, ou necas de pescaria. Optei pela fé.

Começamos a descida já com o sol alto, lá pelas 10 horas da manhã, onde vencemos o primeiro trecho crítico do rio, que parecia mais adequado à prática de raftin’. Vara até 17 libras na mão - equipada com uma carretilha free perfil baixo municiada com multifilamento de 50 libras atada a um tip com 2 metros de flúor carbono de 0,30 mm - dei início aos trabalhos.

Quem vai pescar matrinxãs ou apapás deve ter em mente sempre o seguinte: preferencialmente usar molinetes ou carretilhas com relação de recolhimento partindo de 5.8;1. Na pescaria com equipamento de mosca é recomendável, inclusive, colocar a vara debaixo do braço e recolher a linha com as duas mãos para imprimir velocidade à puxada, pois quanto maior for a velocidade, maiores serão as chances de captura. Tais peixes, por serem maravilhosamente rápidos, emprestam emoção e plasticidade à haliêutica, mas em contrapartida exigem um pouco mais de técnica e observação, porque apesar de vorazes predadores, são ariscos e desconfiados, o que vale dizer que se for pescar matrinxãs não espere ‘bamburrar’ , pois não é pescaria farta. A vara, por sua vez, deve ter ação rápida ( com a ponta dura ) pois a ossatura da boca das matrinxãs e dos apapás exige fisgada potente, o que não ocorrerá se estiver usando uma vara de ação lenta, onde, nesse caso, o anzol não penetrará o suficiente para garantir a captura. Como iscas, as minhas eleitas são os spinners – onde substituo as garatéias por um único anzol – e as colheres da Johnson nas tonalidades prateadas e douradas.

Retomando, confesso que me exauri de tanto pinchar inocuamente, pois as danadinhas não queriam dar o ar da graça. Já havíamos descido uns 4 quilômetros quando decidi mudar radicalmente de alvo. Agora os tucunarés é que ficariam na minha linha de tiro. Equipamento leve deixado de lado, montei uma Catana 5.6’ até 25 libras da Shimano, com potente carretilha da mesma marca, linha multi de 80 libras e um barulhento popper Cetus. Não demorou muito e a primeira pancada do bicho na isca de superfície fez com que o meu piloteiro quase caísse n’água, tamanho o susto. “Égua !”, exclamou, em complemento ao ar de incredulidade estampado no seu rosto face ao estrondo nunca dantes ouvido.

Assim, passada a emoção do susto em nosso marinheiro-de-primeira-viagem, as capturas foram registradas em número de 5 bons exemplares, a despeito do sol estar a pino - quando, então, o rabetão propulsor da nossa arca de Noé entrou em funcionamento pela primeira vez, pois o lema agora era fé em Deus e rio acima.

Dia desses no Rio Urubu.

Autor: Luciano Jorge Muelas
Quem conhece o rio urubu, partindo da ponte na BR-174, sabe perfeitamente que naquele trecho ele é bastante estreito e encachoeirado, o que dificulta sobremaneira a navegação com motor de popa, principalmente quando o nível das águas está baixo. Em função disso os ribeirinhos usam como meio de transporte enormes canoas de madeira com rabetão.
Agora, caro leitor, pense num canoão. Ou melhor, na arca de Noé. Pois foi num desses que embarquei para uma pescaria rio abaixo em busca das faiscantes matrinxãs. Pra complicar ainda mais a vida deste humilde e robusto pescador, o piloteiro era inexperiente e não conhecia muito bem as traiçoeiras curvas lajeadas do sinuoso rio. Não fica difícil imaginar que ante a um perigo iminente, manobrar aquele porta-aviões com habilidade era tarefa humanamente impossível. Assim, esbarramos em duas opções: ou entregávamos a nossa sorte ao bom Deus, ou necas de pescaria. Optei pela fé.

Começamos a descida já com o sol alto, lá pelas 10 horas da manhã, onde vencemos o primeiro trecho crítico do rio, que parecia mais adequado à prática de raftin’. Vara até 17 libras na mão - equipada com uma carretilha free perfil baixo municiada com multifilamento de 50 libras atada a um tip com 2 metros de flúor carbono de 0,30 mm - dei início aos trabalhos.

Quem vai pescar matrinxãs ou apapás deve ter em mente sempre o seguinte: preferencialmente usar molinetes ou carretilhas com relação de recolhimento partindo de 5.8;1. Na pescaria com equipamento de mosca é recomendável, inclusive, colocar a vara debaixo do braço e recolher a linha com as duas mãos para imprimir velocidade à puxada, pois quanto maior for a velocidade, maiores serão as chances de captura. Tais peixes, por serem maravilhosamente rápidos, emprestam emoção e plasticidade à haliêutica, mas em contrapartida exigem um pouco mais de técnica e observação, porque apesar de vorazes predadores, são ariscos e desconfiados, o que vale dizer que se for pescar matrinxãs não espere ‘bamburrar’ , pois não é pescaria farta. A vara, por sua vez, deve ter ação rápida ( com a ponta dura ) pois a ossatura da boca das matrinxãs e dos apapás exige fisgada potente, o que não ocorrerá se estiver usando uma vara de ação lenta, onde, nesse caso, o anzol não penetrará o suficiente para garantir a captura. Como iscas, as minhas eleitas são os spinners – onde substituo as garatéias por um único anzol – e as colheres da Johnson nas tonalidades prateadas e douradas.

Retomando, confesso que me exauri de tanto pinchar inocuamente, pois as danadinhas não queriam dar o ar da graça. Já havíamos descido uns 4 quilômetros quando decidi mudar radicalmente de alvo. Agora os tucunarés é que ficariam na minha linha de tiro. Equipamento leve deixado de lado, montei uma Catana 5.6’ até 25 libras da Shimano, com potente carretilha da mesma marca, linha multi de 80 libras e um barulhento popper Cetus. Não demorou muito e a primeira pancada do bicho na isca de superfície fez com que o meu piloteiro quase caísse n’água, tamanho o susto. “Égua !”, exclamou, em complemento ao ar de incredulidade estampado no seu rosto face ao estrondo nunca dantes ouvido.

Assim, passada a emoção do susto em nosso marinheiro-de-primeira-viagem, as capturas foram registradas em número de 5 bons exemplares, a despeito do sol estar a pino - quando, então, o rabetão propulsor da nossa arca de Noé entrou em funcionamento pela primeira vez, pois o lema agora era fé em Deus e rio acima.