10 de abril de 2010

Tiros de Baladeira XXXV

O choque de moralização está chegando tarde
Quando a Prefeitura finalmente resolve fazer algo sério, como fiscalizar as obras da cidade que normalmente começam e terminam fora da lei (sem respeitar as regras), surge logo um movimento contrário tentando desviar a atenção e desmoralizar a iniciativa do poder público e de seus gestores. Todo mundo sabe que na construção civil estão os mais poderosos da economia nacional e local. Dizem que mexer com eles é mexer com casa de caba. Assim como entre eles existem os bons, existem também os maus. Assim como tem aqueles que seguem as regras, existem os que de praxe não as respeitam e pouco estão preocupados, pois sabem que podem contar com a benevolência do poder fiscalizador. O certo é que não pode continuar do jeito que está. O HABITE-SE, por exemplo, tornou-se o instrumento mais desmoralizado pelo próprio poder público municipal. Quando a Prefeitura finalmente concede o Habite-se, os prédios já estão habitados de longa data, o que por lei não deveria acontecer. Mas, é como os construtores e seus agentes dizem aos clientes ao entregarem os imóveis – não se preocupem, pois é de praxe as coisas acontecerem desse jeito. Quem se arrisca a bancar o certinho e cobrar o Habite-se das construtoras, acaba sendo ridicularizado ou então intimidado com a ameaça de que seus vizinhos passarão a odiá-lo por estar reclamando de algo que, de praxe, ninguém leva muito a sério.

Equipes Médicas nos Hospitais
Foi anunciado que a partir da próxima semana todos os hospitais deverão funcionar com equipes médicas completas. Como seria bom se fosse verdade! Os brasileiros ficariam felizes. No fundo é mais uma dessas campanhas de tentativa de moralização de alguma coisa nesse país, principalmente em ano eleitoral acirrado. O povo, coitado, está sempre acreditando que um dia as promessas atravessarão a ponte das boas intenções. Hoje temos hospitais sem estoque de medicamentos básicos, imagine de uma hora para outra ter uma equipe completa de médicos. Repito! Como seria bom se fosse verdade. Será em pouco tempo mais uma enorme decepção do povo brasileiro, principalmente daqueles que dependem dos hospitais públicos e que amanhecem nas filas todos os dias na esperança de um atendimento. Em ano eleitoral, para iludir o povo e conseguir votos, vale tudo, até brincar com a saúde e a esperança do povo. 

Filhos de Políticos na Escola Pública
Acredite se quiser! Estão querendo aprovar um projeto onde todos os políticos vão ter que colocar seus filhos em escolas públicas. Responda com sinceridade – você acredita nisso mesmo? Se um dia isso passar no Congresso Nacional, anote aí – o Brasil tem jeito! A classe política brasileira, principalmente essa que nos representa hoje, na sua maioria, tem explicitamente uma prioridade que é olhar primeiro para o próprio umbigo, depois para o umbigo dos seus, depois dos agregados e por último para a vontade do povo que o elegeu. Ora bolas! Se eles (políticos) não abrem mão da verba indenizatória para comprar o guarda-roupa (kit paletó) para trabalhar, você acha mesmo que eles irão abrir mão de usar uma sobra dessa e de outras verbas de gabinete para colocar os filhos na Escola Privada, como forma a prepará-los melhor para tomar a vaga dos filhos dos seus eleitores na disputa pelas vagas na Universidade Pública? Como diz os próprios jovens – se liga né!

Restaurante Flutuante em Manaus


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Manaus-AM - Restaurante flutuante na cidade de Manaus, preferido dos amantes de um bom prato de peixe regional, acompanhado de uma maravilhosa banana frita com creme de leite de sobremesa. Vai nessa?

A MORTE não marca hora nem local


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Esta foto foi feita no retorno de um passeio à cidade Itacoatiara (aprox. 280 km da cidade de Manaus). Uma imagem que choca e doí na alma. De nada adiantaria terem retirado os destroços do local. Deixá-los ali pode ter sido uma decisão da família de quem perdeu a vida nesse pavoroso acidente, com o objetivo de nos alertar para o fato de que  a morte, quando desafiada, ela não escolha hora nem local para vencer o desafio.    

Rio Preto da Eva - AM

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Foto do Balneário na entrada da cidade de Rio Preto da Eva, aprox. 75 km de Manaus, muito frequentado pelos amazonenses nos finais de semana. Foto tirada na época da cheia.

Solidariedade & Generosidade

Enquanto esperava a minha vez de ser atendido no caixa do Banco, duas jovens ao meu lado conversavam sobre o tema solidariedade. Pelo que entendi, uma delas parecia cobrar solidariedade de uma terceira pessoa ausente naquele momento. A outra se limitava a dizer sim ou então balançar a cabeça como que concordando com tudo o que ouvia.

Solidariedade! Eu, particularmente, tenho um pouco de restrição, melhor dizendo, certa cautela com o uso dessa palavra. Infelizmente é muito comum ouvirmos essa palavra para traduzir a relação entre os membros de quadrilhas de traficantes nos morros do Rio de Janeiro, assim como entre membros de quadrilhas de homens do chamado colarinho branco (tipo Mensalão, por exemplo). A solidariedade entre esse tipo de gente é coisa perversa. É levada a ferro e fogo. É o tipo de solidariedade praticada em causa própria. Se a quadrilha está em perigo, significa que todos estão em perigo, daí a necessidade de ajudar e proteger a todos para na verdade proteger e salvar a própria pele.

Existe também uma falsa solidariedade muito comum e largamente praticada entre membros de certas organizações, quando resolvem esconder ou encobrir erros graves de um ou mais colegas de trabalho, sob o pretexto de evitar que a imagem da organização seja prejudicada. O Congresso Nacional e as Casas Legislativas de Norte a Sul do Brasil, onde estão os nossos mais ilustres representantes, têm nos dado os melhores exemplos dessa falsa e cínica solidariedade.

A solidariedade, aquela praticada entre pessoas de bem, na verdade é algo muito próximo da idéia de generosidade. É ajudar e se doar a alguém ou a uma causa de forma desinteressada. O exercício da cidadania, por exemplo, é um dos mais belos exemplos de ser solidário. No exercício da cidadania temos a oportunidade não só de defender os nossos próprios interesses como atuarmos contra injustiças praticadas contra nossos semelhantes, contra todos os tipos de vida no planeta, contra a natureza, etc.

8 de abril de 2010

Tiros de Baladeira XXXIV

Alô Presidente do IMTT!
Os idosos do Parque 10 estão esperando o presidente do IMTT, Raphael Siqueira, para tentarem atravessar juntos a rua em frente ao Banco Bradesco, antigo BEA. Há muito tempo sumiram com a faixa de segurança que havia e, se antes os motoristas não davam preferência aos pedestres, agora virou um caos. Sem falar nos carros que estacionam em frente do Banco sem dar a mínima importância para a placa de proibição. Diante de tamanha desmoralização das regras, seguida da velha e perpétua impunidade, não seria melhor tirar e jogar fora a placa?

Jovens Políticos Amazonenses
A juventude dos partidos políticos locais já estão com as turbinas ligadas. É ano político! O difícil mesmo é vermos essa juventude ganhar espaço nas disputas, pois as velhas raposas não querem largar do osso de jeito algum. Essa ala jovem de hoje precisa mostrar garra e lutar pela moralização de certas coisas, como a extinção da verba para renovação anual de guarda-roupa de políticos. Se o assalariado guardar o seu salário do ano, sem gastar um centavo, não consegue juntar nem metade do que os políticos tiram do bolso do contribuinte, como verba extra, para comprar o kit paletó, que serve também para comprar bicicleta, abater prestações, pagar contra atrasada e outras coisas que o cidadão que paga a conta não faz a menor idéia. Quem mete a mão no bolso do contribuinte para fazer isso e ainda acha justo e normal, cuidado, pois esses são aqueles que antes de se preocuparem com os outros, primeiro satisfazem o próprio umbigo.

Ciclo Vias em Manaus
Uma turma de jovens tem se reunido para realizar passeios de bicicleta pela cidade. O grupo está se organizando e crescendo. A expectativa é que encontrem apoio das autoridades e dos poderes públicos para que essa atividade passe a ser uma opção de exercício e de lazer saudável dos amazonenses. Vamos humanizar essa cidade! Que a Prefeitura e os nossos políticos priorizem a criação das ciclovias em todos os quadrantes da cidade. O povo agradece!

Essa coisa chamada Habite-se!
Ao insistir para saber o que fazer, pois recebera o seu apartamento sem o Habite-se do respectivo prédio aqui em Manaus, a compradora do apartamento recebeu o seguinte alerta. Cuidado! Com essa sua insistência em querer explicações sobre o Habite-se, você vai acabar ganhando um monte de inimigos, seus vizinhos, que já estão felizes morando nos seus apartamentos e sem ter essa sua preocupação boba, que não tem qualquer sentido, pois a senhora está sendo muito mal orientada. Preocupada com esse alerta, tipo assim ameaça velada, a compradora resolveu esquecer essa porcaria do Habite-se, ocupar o apartamento feliz e em harmonia com os vizinhos e acreditar que foi mal orientada. Se tem algo errado, é tudo culpa exclusiva da prefeitura que é chata, morosa, lenta, demorada e ineficiente no cumprimento da sua parte nesse processo de concessão do Habite-se Parcial ou Total. Acredite se quiser!

6 de abril de 2010

Meu amigo Weber Medeiros

Hoje pela manhã, dirigindo-me ao centro da cidade para deixar minha esposa no seu trabalho, de repente ela surpresa me chama a atenção e diz:

– Olha o Dr. Weber dirigindo aqui ao nosso lado.

Muito tranquilo como sempre, ali estava Weber Medeiros dirigindo o seu carro sozinho ao volante. Uma imagem que para muitos dos seus amigos mais próximos parecia impossível, depois de ter passado por um grave problema de saúde há alguns anos atrás. Senti naquele instante uma profunda alegria em ver meu amigo dirigindo o seu carro e confesso que tenho todos os motivos para dar esse depoimento sincero e de coração.

Conheci Weber Medeiros primeiro apenas pelo nome. Trabalhávamos para o mesmo governo estadual, sendo eu numa empresa estatal e ele, salvo engano, numa empresa de assistência técnica rural, ambas vinculadas à secretária de produção rural. Certo dia, presenciei uma  conversa paralela em reunião, onde o assunto girava em torna da decisão de substituição do Dr. Weber Medeiros por motivos de rebeldia. Conclui que havia uma insatisfação dos dirigentes maiores, que não aceitavam a postura do Dr. Weber em não cumprir certas determinações que ele analisando entendia contrárias às regras da sua organização. Não obedecia e ponto final. O fato é que ele acabou mesmo sendo afastado e eu fiquei um tempo sem saber o rumo que tomou aquela figura que eu passei a conhecer a fama apenas pelo nome. Diziam ser um profissional competente, um bom líder, mas um tremendo cabeça dura.

Anos depois, já trabalhando no meu atual emprego, reencontrei novamente Weber Medeiros, desta feita como diretor-presidente de uma Fundação criada pela Suframa, na gestão Igrejas Lopes, para cuidar das questões do setor agropecuário. Mais uma vez encontrei Weber Medeiros numa situação difícil, ou delicada, melhor dizendo. Era um momento de mudança de governo e já havia uma decisão política pela substituição de Weber Medeiros na direção da fundação. Desta feita não era por rebeldia, mas por vontade política daqueles que estavam assumindo o poder local. Seu discurso improvisado de despedida, na presença de algumas autoridades, deixou o ambiente ao mesmo tempo silencioso e tenso. Suas palavras pareciam marcar ponto a ponto o futuro da fundação (que não existe mais), diante dos fatos que resultaram na sua substituição e a realização daquela solenidade. Se seu substituto tinha um discurso para aquele momento, sinceramente ninguém ouviu. O nervosismo das palavras do novo dirigente, diante do que foi dito minutos antes por Weber Medeiros, era acompanhado pelo barulho incessante de um molho de chaves batendo uma nas outras, pendurado no bolso de trás da sua calça jeans. O barulho das chaves na verdade era mais perceptível e compreensível do que o discurso que o dirigente que tomava posse tentava passar.

Ficamos amigos a partir daquele dia inesquecível na sede da Fundação na BR-174, cujo acesso ainda era complicado, pois nem asfalto ainda existia.  Pouco tempo depois nos tornamos colegas de trabalho. Foi através da amizade com Weber Medeiros que eu pude conhecer e me aprofundar numa série de assuntos e atividades do setor primário e agropecuário, que sozinho certamente eu levaria muito tempo para aprender. Nunca ouvi um não de Weber para os meus questionamentos profissionais, assim como nunca sai de frente da sua mesa de trabalho sem os aconselhamentos que ia buscar para emitir meus pareceres ou relatórios. Sem falar nas broncas e conselhos como amigo e irmão mais velho, principalmente quando estamos fazendo o que ele mais gosta nas horas de lazer que é pescar. É reconhecidamente um exímio pescador e atirador.    

Sem jamais se omitir ou deixar de transmitir os seus conhecimentos e experiências profissionais, Weber Medeiros acabou se transformando numa espécie de pai, padrinho, irmão mais velho e guru deste e de muitos colegas que tiveram a felicidade de trabalhar e aprender com ele. Um exemplo de profissional e amigo que há pouco tempo atrás viveu momentos difíceis de saúde, mas que não foi esquecido por aquele lá de cima, que ouvindo os apelos de nossas preces, colocou-o de volta entre nós, não mais com aquele pique imbatível de antes, mas com a mesma alegria, simpatia, disposição e competência, que faz dele um amigo muito querido, um profissional nota dez e um cidadão exemplar. Fica com Deus, meu nobre amigo Weber Medeiros.