25 de novembro de 2018

Vamos Dançar!


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Dia desses mandaram-me um vídeo no facebook relembrando o tempo em que dançávamos de rostos colados nos bailes da vida. Eram tempos bons que não voltam mais e que me fazem lembrar do Moranguinho do Ideal, do Bancrévea, do Cheik Clube, do Sambão da União Esportiva Portuguesa e de outros lugares da minha cidade de Manaus, onde vivi uma infância e uma adolescência de muitas alegrias e encantos.

Falando em dançar, na minha juventude lembro de ser um pouco tímido. Confesso que tinha uma certa dificuldade nas festinhas e bailes para chegar junto de uma paquera e convidá-la para dançar, apesar de saber que o máximo que poderia receber era um “não” ou a desculpa manjada “estou esperando o meu namorado”.

Um colega de rua dessa época, dizia-me que não tinha nada a perder durante um baile. Se tentasse tirar 10 gurias para dançar, e só uma aceitasse ir para o salão, computava como conquista. Eu rodava o salão inteiro a procura de alguém com quem simpatizasse para convidar para dançar. Quando isso acontecia, no meio do salão, ao som das músicas românticas daquela época, vinha a fase da conquista, a troca de olhares, o sussurro no ouvido, aquele abraço mais apertado a cada música tocada pela banda, o rosto colado, o beijo consentido ou aquele beijo roubado que normalmente era muito mais gostoso. Por fim, a saída do baile de mãos dadas e o beijinho de despedida até o próximo encontro já ansiosamente esperado. No caminho de volta para casa, íamos os amigos conversando e contando uns aos outros as conquistas. Era muito divertido, pois, até aquele que não pegou ninguém no baile, fantasiava uma conquista para contar. 

Voltando ao vídeo que mencionei, na verdade ele me trouxe à memória um fato muito curioso que aconteceu comigo e que lembro com saudade e alegria.  Já mais maduro, atravessando a casa dos 30, fui morar na cidade de Rio Branco, capital do Estado do Acre, levado por uma parceria entre o Governo do Estado do Acre e a Instituição em que trabalho até os dias de hoje.

Cheguei em Rio Branco sem conhecer praticamente ninguém. Rapidamente me apaixonei pela cidade e pela sua gente. Digo sempre que sou amazonense de nascimento e acreano de coração. Num certo dia de fim de semana, uma pessoa com quem havia feito amizade, apareceu onde eu morava para cumprir uma promessa – levar-me para conhecer um pouco da noite de Rio Branco.

O primeiro destino foi o 14 BIS.  Um ponto de encontro tradicional e bem frequentado, que ficava ao lado do aeroporto da cidade. Ao chegarmos no estacionamento, começou a cair uma chuva. O tempo fechou e, conhecendo bem as chuvas na região, não tínhamos dúvidas que era uma chuva que poderia ser ligeira ou durar a noite inteira.

Apesar do tempo ruim, resolvemos sair do carro e procurar uma mesa protegida da chuva. O amigo pediu uma cerveja e, para matar a fome, pedimos batatas fritas e uma isca de carne. Terminada a segunda garrafa de cerveja, apesar da boa comida, do bom papo e da boa música ao vivo, o amigo sugeriu que fôssemos a um outro local. Voltamos ao carro e fomos então rodar por outros bares da cidade. Por conta da chuva, todos tinham pouca gente, o que não nos animava a parar. Já por volta das 11 da noite, o amigo bate no volante, vira para mim  e diz:

- Seguinte! Só resta agora uma opção. Vou ti levar para conhecer o SBORBA. Eu acho que você vai gostar – tenho boas amizades por lá, inclusive com os garçons que me dão tratamento VIP e me ajudam nas conquistas.

Descreveu-me como sendo um clube frequentado por coroas, ou seja, casais, senhores e senhoras já de certa idade. Quis saber o que ele queria dizer com – os garçons me ajudam nas conquistas. Disse-me que os garçons não só investigavam como revelavam a ele o nome das coroas que estavam na sua mira de conquista, assim como faziam o trabalho de pombo-correio, entregando os bilhetinhos chamados de “torpedo”, normalmente escritos em lenço de papel e com a caneta emprestada do garçom. 

Sobre esses torpedos, que merece um capítulo à parte, o detalhe é que eles partiam tanto dos coroas, como das coroas em busca de suas conquistas. Era uma estratégia usada em todos os lugares de encontro, inclusive por jovens. Dada a minha timidez, o torpedo passou a ser uma de minhas ferramentas de aproximação e conquista. Mandei muitos e recebi alguns inesquecíveis. Entre os recebidos, um deles trouxe-me a seguinte mensagem: – se procurar vai me achar e, se me achar, sou toda tua.  Em resumo, procurei, achei e deu tudo certo naquela noitada. 

Voltando ao SBORBA, chegando lá fomos muito bem recebidos já na entrada e levados para a mesa cativa que meu amigo tinha preferência quando por lá aparecia. Na verdade, pelo tratamento que recebemos, concluí que ele era um frequentador assíduo do local e muito querido. Assim que sentamos, logo em seguida veio o garçom trazendo uma garrafa de whisky, que depois fiquei sabendo também que era do consumo pessoal desse amigo. Ele pagava pela garrafa inteira e ia consumindo até acabar. 

Apesar dos apelos, recusei a ideia de tomar uma dose da garrafa de whisky. O garçom, tentando me animar, sugeriu que tomasse misturado com coca-cola, mas também não me convenceu. Acontece que eu não bebia nem bebo whisky de qualquer natureza. A explicação é que, ainda adolescente, inexperiente, durante um dia de carnaval em Belém, na companhia de primos, dei aquela bobeira, tomei um porre maluco e até hoje whisky para mim tem gosto de perfume – intragável!

Apesar da chuva, o SBORBA estava com uma frequência boa. Gostei muito do local, do ambiente, da música  e principalmente do tratamento recebido. Por conta disso, tive a curiosidade de saber um pouco mais daquele local tido como tradicional da cidade. Sborba – Sociedade Beneficente dos Operários de Rio Branco, foi fundado em 1948. A sede fica no centro da cidade e, salvo engano, foi tombada como patrimônio histórico pelo governo do Estado do Acre. É um ponto turístico da cidade e um dos mais visitados. 

No momento em que o amigo me passava mais detalhes do clube, de repente sinto uma mão pousar com  delicadeza sobre o meu braço direito. Virei a cabeça para ver do que se tratava e, de pé bem ao meu lado, uma senhora simpática e sorridente, lança-me o convite: 

- Vamos dançar?

Pô, nunca ninguém tinha me tirado para dançar. Foi um impacto. Mas, não titubeei e respondi no ato: 

- Com todo prazer!

Fomos para o salão onde 99,99% dos casais que dançavam era de coroas, todos de ótimo astral e exímios dançarinos. Proporcionavam um show à parte. A maioria dos olhares presentes estavam direcionados ao bailado dos casais que estavam no salão. Envergonhado, puxei a minha parceira para o centro do salão tentando ficar meio escondido dos olhares de avaliação e reprovação. Na base do 2 para lá, 2 para cá, o único passo de dança que eu sabia usar, fui procurando dar conta do recado. 

O tempo foi passando e aquilo que parecia agradável e diferente para mim, começou a ficar complicado no salão. Minha parceira não desistia e nem dava sinal de querer dar uma pausa. Uma pequena pausa para descansar e eu voltaria para o salão com ela com todo prazer. No papo de pé de ouvido, tentei jogar algumas indiretas, mas a parceira queria mesmo era dançar e nisso as acreanas são nota 10. Entretanto, de minha parte, sedentário convicto desde a faculdade, as pernas começaram a falhar e a direita já dava sinal de fadiga e ameaça de câimbra na batata. Era o vexame se anunciando. Mas, de repente, a parceira sussurra no meu ouvido a frase mais esperada: 

- Quando você quiser parar é só me avisar. 

Ufa! Senti um tremendo alívio. Mas, educadamente, esperei a música acabar de tocar. Sem ousar perguntar se ela queria dançar mais uma antes de parar, já fui puxando-a para fora do salão. Saímos em direção da mesa do meu amigo. À distância, já percebi que ele não estava mais à mesa e nem a garrafa de whisky. Na minha cabeça só veio um pensamento: - cansou de me esperar, achou que eu tinha me dado bem e resolveu ir embora. Já chegando próximo à mesa, a parceira me diz animada: 

- Lá está o seu amigo na mesa com minhas amigas. Olhei e lá estava ele de fato conversando animadamente com as 3 senhoras. Pouco depois que levantei da mesa para dançar, ele pegou a sua garrafa de whisky e foi à mesa dessas senhoras, dizendo-se solitário e pedindo companhia. 

Fui apresentado às três coroas e, durante o papo que foi até a última música daquela noite, revelaram que tinham tirado no par ou ímpar para decidir quem ia me convidar para dançar. Quando perguntei porque uma delas não foi tirar o meu amigo para dançar, responderam  que já conheciam ele de outras festas e sabiam que não gostava ou não sabia dançar. O papo foi em frente pelo resto da noite, com muita alegria e boas gargalhadas. Uma delas, com um repertório enorme de piadas, divertia-nos não só com as piadas, mas principalmente com a maneira de interpretá-las. Digna do que hoje chamamos de comédia stand-up. 

Na saída do clube, uma chuva fina continuava a molhar a cidade, com aquele friozinho tradicional e gostoso da região acreana. As novas amigas não estavam motorizadas e não cabiam todas no carro de meu amigo. Como eu estava morando nas proximidades do Sborba, meu amigo deixou-me primeiro e voltou para buscá-las e  leva-las até suas casas.

Depois desse episódio, voltei outras duas ou três vezes ao Sborba. Num desses retornos tive a oportunidade de reencontrar esse grupo simpático e alegre de amigas. Dois para lá, dois para cá, a verdade é que já se passaram mais de 30 anos e eu guardo com enorme carinho, para sempre, a lembrança daquele dia muito especial, na companhia breve de pessoas que nunca tinha visto na minha vida, mas que me proporcionaram algumas horas impagáveis de descontração e de alegria que jamais serão esquecidas.  Vamos dançar!... 


6 de novembro de 2018

SAIDINHA de Natal vem aí...


Fico me perguntando quem tem ideia de quantas pessoas de bem já foram assassinadas nesses últimos 10 anos, por exemplo, por bandidos liberados para a famosa saidinha do natal e ano novo? 

Tenho uma outra pergunta da mesma forma instigante:
Quem tem ideia de quantos desses bandidos premiados pela saidinha de natal e ano novo, nunca foram recapturados depois de matarem suas vítimas inocentes durante a saidinha?

Pois é, essas estatísticas ninguém corre atrás ou tem a preocupação de levantar e mostrar claramente à sociedade. Enquanto isso não acontece, aproxima-se mais um natal e ano novo em nossas vidas.  As ruas que já andam violentas com bandidos soltos, ficarão ainda mais violentas com bandidos que estão nas cadeias já planejando o que vão fazer nessa próxima saidinha do natal, que tem rendido muitas tragédias, dor e sofrimento para famílias de bem, vitimas de detentos soltos por benevolência da lei, muitos deles nunca mais recapturados. Isso é Brasil!

3 de novembro de 2018

FEIRA DO PARAGUAI

Dia desses eu li uma notícia de que o governador eleito de Brasília vai lutar para regularizar ou oficializar a tradicional Feira do Paraguai dos brasilienses. Diante dessa notícia, vem os desinformados tocar o terror de que a regularização da feira do Paraguai vai acabar com a Zona Franca de Manaus. 

Só rindo mesmo! Gente, a feira do Paraguai de Brasília já existe há muito tempo. A feira do Paraguai de Brasília tem de tudo, do pior ao melhor dos produtos importados. Há quem diga que em termos de produtos importados e quinquilharias é bem mais diversificada do que o comércio de todas as áreas de livre comércio que existem oficialmente. É fato!

A Feira do Paraguai é opção de compras,  é passeio garantido da maioria das autoridades de todos os poderes deste país que vivem ou passam por Brasília. É favorecida inclusive pela logística. Você praticamente chega até ela de metrô. Uma ida a Brasília tem que incluir uma visita à Feira do Paraguai, inclusive por parte de amazonenses, nortistas, autoridades ou não, mas que conhecem a fama dessa área comercial tradicional.

Dito isso, pergunto - porquê regularizar uma feira que deu certo e que tem tudo para continuar dando certo do jeito que está? Se os exploradores dessa área se sentem intranquilos por conta dessa falta de legalização, quero ouvir o que eles vão dizer quando estiverem regularizados. O governador diz querer regularizar a Feira e ele não está errado. Do jeito que anda esse país, não dá para abrir mão de cobrar imposto até da sombra.  

24 de outubro de 2018

MANAUS ANTIGA, da bolacha de motor...


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Aniversário de Manaus e as lembranças da cidade antiga borbulham na nossa mente.

Lembrei do meu tempo de criança. Nos fins de semana ou feriados, minhas tias por parte de pai, Luiza e Maria, pediam aos meus pais para que eu fosse passar o dia com elas na casa de minha avó Nazaré, todas elas já vivendo hoje em outro plano espiritual. 

Oh tempos bons! Eu era muito querido por essas tias e avó. Adorava a companhia delas e a explicação é simples – faziam todas as minhas vontades.

Lembro que elas moravam de aluguel. A maior lembrança que tenho é da casa que ficava na Constantino Nery, parte dela de alvenaria, outra parte de madeira. A cobertura da casa era de zinco. Nos dias de chuva, uma das minhas boas lembranças, era a alegria de ouvir aquele barulho da chuva caindo sobre o teto de zinco. 

Naquele tempo, as chuvas eram mais intensas, longas, e muitas das vezes duravam um dia inteiro. Como não existia televisão, enquanto chovia o tempo era ocupado com jogos de tabuleiro para crianças, dos quais lembro bem daqueles que tínhamos que usar dados para jogar.   

Outra coisa boa na casa minhas tias, com ou sem chuva, era a hora da merenda. Elas preparavam um café preto forte com bolacha de motor. O café forte era uma exigência de vovó Nazaré.  O diferencial  ficava por conta das bolachas fritas na manteiga e que ficavam simplesmente deliciosas. Até hoje tem que ter bolacha de motor em casa. Minha mãe gosta muito de comer com café e sempre lembra da bolacha frita que sua sogra e cunhadas preparavam. 

Eu continuo comendo bolacha de motor, porém nunca mais com aquele sabor que só elas sabiam preparar. Na verdade, nem sei como eram preparadas. Minha preocupação era só de comer, comer, até acabar.  Ficaram as boas lembranças, do barulho da chuva no teto de zinco, da merenda com bolacha de motor frita na manteiga, dos jogos de tabuleiro, e aquela imensa saudade de minhas tias Maria e Luiza, e de minha vovó Nazaré.

18 de outubro de 2018

TIROS DE BALADEIRA


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MANDATO É PARA SER CUMPRIDO
Não se surpreenda se o seu candidato eleito, aquele que lhe convenceu a votar nele para deputado, seja estadual ou federal, aceite leiloar o seu mandato em troca de uma secretaria de estado qualquer, de modo a atender interesses pessoais, partidários, e permitir que, algum(a) bacana/cacique que ficou de fora, possa ocupa a cadeira de deputado na condição de suplente ou coisa parecida. É esse o "modus operandi" de políticos e partidos, com raras exceções entre os políticos. No caso dos partidos, até prova em contrário, são todos absolutamente iguais. A diferença é só na sigla. Terminada a eleição, a maioria deles (políticos), com raras exceções, volta a ser aquilo que nunca deixaram de ser: cínicos e oportunistas.

4 ANOS DEPOIS...
Depois de eleitos, políticos vendem seus mandatos para atender interesses pessoais e partidários. 4 anos depois, eles reaparecem e, com a cara lambida, pedem voto para se eleger para um mandato que  na verdade não cumpriram. São suficientemente cínicos e oportunistas para fazer isso, pois confiam na ignorância e na leseira baré dos seus eleitores. Olho neles, pois essa imoralidade vai ter que acabar.

PARTIDO PARA CHAMAR DE SEU...
Corre o comentário de que o prefeito de Manaus, indignado com o seu partido, pretende criar um novo partido. Quanta hipocrisia! Reclamam tanto do número de partidos, mas, todos eles querem criar um para chamar de seu. Essa pouca vergonha tem que acabar.

CARGOS PARA CACIQUES DERROTADOS
Ano que vem os governantes eleitos Brasil afora vão ter muita dor de cabeça para arrumar espaço, e emprego para atender a massa de políticos que não imaginavam ser expurgados do poder nessa eleição. O que pode e deve acontecer...  Imagine aquele importante político derrotado, empossado por pressão política no cargo, por exemplo, de secretaria de estado da produção rural, sem nunca ter criado um gato, plantado um pé de mato ou aguado uma planta de vaso. Em resumo, diante de tanta pressão por emprego aos políticos desempregados pela vontade popular, é possível que venha a ser empossado no cargo de secretário de produção rural, em algum lugar deste país (Deus queira que não seja por aqui), um politico recém-derrotado nas urnas que não sabe distinguir um boi de um pé de couve. Tô mentindo!?