Percebo que nesses últimos dias não teve um único dia em que eu não
enfrentasse um congestionamento no trânsito por conta de um acidente envolvendo motocicleta. Na verdade o trânsito em Manaus está cada dia mais infernal. É um
salve-se quem puder. Você hoje dirige muito mais preocupado com os outros. Os motoqueiros,
por exemplo, ora lhe ultrapassam pela direta, ora pela esquerda. Existem aqueles que do nada resolvem cruzar à
sua frente, achando que você vai estar suficientemente atento para não atingi-los.
E se não bastasse isso, agora tem também os buracos que voltaram a marcar
presença nas ruas de nossa cidade. Minha esposa, por descuido, visitou esta semana um desses buracos traiçoeiros da Rua Buriti, mas felizmente a única vítima fatal foi o meu bolso.
Voltando aos motoqueiros, fico imaginando o que leva uma pessoa a usar o
mototaxi para se deslocar nesta cidade onde não há respeito à vida no trânsito. Em minha opinião, quando alguém senta na garupa de um mototaxi, tanto o passageiro na garupa, como o próprio mototaxista, passam a viver uma tremenda
roleta russa. Chegar ao destino do passageiro é um desafio. Não chegar é uma forte probabilidade diante dos
perigos que o trânsito desta cidade oferece.
Outra coisa preocupante nesta questão do mototaxi são as condições das
máquinas usadas pelos mototaxistas e que agora passaram a circular livremente na cidade
inteira. Você vê máquina zero-bala, assim como vê máquinas inadequadas, sucateadas, com pneus
carecas, etc. Sem falar nos mototaxistas que estão trabalhando sem as habilidades necessárias
para manterem a si próprios em cima das motos, imagine carregando um passageiro
na garupa. Tem de tudo um pouco e não há um controle desse processo como manda o bom senso.
Importante lembrar que o sistema de mototaxi conquistou a simpatia do parlamento
municipal. Ganhou padrinhos e madrinhas. Foi aprovado, mas até hoje não saiu a sua
regulamentação. Fico imaginando quantos acidentes poderiam ter sido evitados se
já houvesse essa regulamentação. Até que chegue essa regulamentação, quantas pessoas ainda serão vítimas desse
sistema sem controle.
Lembro que foi intensa e polêmica a luta pelo reconhecimento do
sistema na CMM. Discursos inflamados de apoiadores e opositores. Aconteceram passeatas,
piquetes! Daí para frente, até prova em contrário, nunca mais se viu uma
mobilização igual no sentido de se criar regras rígidas (regulamentação) para
proteger a vida de quem vive e de quem se utiliza no dia a dia desse tipo de
transporte. É inadmissível o descaso com a vida. Moto estraçalhada no meio das
ruas passou a ser uma cena banal, com seus ocupantes estendidos ali mesmo ao
lado, esperando pelo socorro das ambulâncias do SAMU ou apenas a chegada do camburão
do IML. Muitas pessoas passam pelo local,
se assustam com a cena, lamentam, mas na primeira, segunda ou terceira parada
de semáforo seguinte, já não sentem mais nada, já não se lembram de mais nada
do que viram. Onde vamos chegar se continuar assim?