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25 de janeiro de 2013
24 de janeiro de 2013
GRACILENE BELOTA (II)
No primeiro depoimento, falei de Gracilene Belota e da nossa amizade
que vem de longa data. Agora, vou tentar dizer alguma coisa de Gracilene como
profissional, como colega de trabalho, como guerreira em tudo que fazia e
participava. Gastaria muito tempo para escrever e dizer de tudo, daí a decisão
de falar de fatos mais recentes, que mostram exatamente o que era Gracilene
Belota como profissional.
Desde o início de janeiro, Gracilene, que já era elétrica em tudo o que
fazia e buscava, vinha me manifestando com frequência a sua preocupação com as
atividades da sua unidade de comércio exterior. Parecia mais ansiosa do que de
costume, preocupada principalmente em deixar tudo pronto e tudo arrumado dentro
de sua coordenação, antes de sair de férias.
O coleguismo e a amizade que nos unia no ambiente de trabalho,
permitia que ela (Gracilene) mal acabasse de enviar uma mensagem para mim, e antes
mesmo de eu ler o assunto, interfonasse para o meu ramal para repetir tudo o
que já havia escrito na mensagem. Pense
numa mulher insistente! E não adiantava eu dizer que não havia lido ainda a
mensagem, muito menos tentar empurrar a conversa para outra hora. Ela me fazia
escutar tudo e do jeitinho dela. Essa
era a Gracilene Belota, na defesa das atividades de sua unidade e na defesa da sua equipe de trabalho.
Olhando o comportamento profissional de Gracilene, uma das coisas boas
que ela possuía, era o fato de não ter medo ou vergonha de encarar qualquer
reunião e de fazer perguntas, muitas perguntas, por mais bobas que pudessem parecer. Outra coisa. Sabia agir com humildade para aprender e se chegar aos mais sábios, o que lhe permitia crescer e
se tornar uma referência nos temas que dominava, ajudada pelo fato de que
também falava fluentemente o inglês e se relacionava bem com todas as pessoas. Não
era uma profissional só competente, era também uma profissional admirada e querida.
Nesta segunda-feira, 21.01.2013, Gracilene teve um despacho de rotina com
o Dr. Thomaz Nogueira, no final do expediente da manhã. Com certeza absoluta Gracilene falou muito e também
deve ter ouvido muito (ambos falam e argumentam muito para defender suas
ideias). O despacho durou por mais de 1 hora e Gracilene saiu do gabinete com
outro semblante, nitidamente alegre com os resultados. Uma Gracilene diferente daquela inquieta, anciosa e irritada que estávamos vendo nesses primeiros dias do ano.
Nesta mesma segunda-feira, 21.01.2013, já praticamente no final do
expediente, depois de nos reunirmos com o Superintendente, este decidiu
convocar para o dia seguinte, 22.01.2013, a partir das 9h:30min, uma reunião
com todos os coordenadores-gerais, adjuntos e assessores, para discutirmos
juntos as ações que estão sendo trabalhadas para compor o plano de gestão da
Superintendência. O que não imaginávamos é que essa reunião não viria a acontecer,
por conta de uma tragédia que nos abalaria a todos.
Quando saímos do gabinete do Superintendente, o horário de expediente
já estava se encerrando. Do lado de fora, encontramos animadamente conversando,
de pé, outro grupo de coordenadores. Eram os próximos a entrar para reunião com
o Superintendente, mas haviam sido dispensados por conta da reunião marcada
para a manhã do dia seguinte, 22.01.2013. Estavam ali naquele instante, Jorge
Vasques, meu filho Frederico Aguiar, a secretária do Gabinete, Socorro Abtibol, e ela,
Gracilene Belota, sempre alegre e sorridente, falando de viagem, da filha
Gabriela, do cachorro de estimação, da sobrinha na Alemanha. Comentou alegre a
audiência com o Superintendente no final da manhã, mostrou fotos, tomou café,
derramou café, sem jamais imaginar que estava ali participando do seu
derradeiro momento em vida com alguns de seus colegas de trabalho.
Eu não parei para participar da conversa e da brincadeira dos colegas
que estavam ali fora do gabinete, como normalmente faço. Eu passei por eles
apenas acenando e, ao bater os olhos em Gracilene Belota, ela sorria. Dessa vez
não mexi com ela, nem ela mexeu comigo. Continuei andando rumo à minha sala, sem
imaginar que estava levando comigo a última imagem de minha colega e amiga,
viva. A imagem do seu sorriso. A imagem que vou guardar carinhosamente para
sempre.
As 19h:47min minutos do dia 21.01.2013, Gracilene Belota confirmou para
a secretária do gabinete da superintendência, a leitura em seu computador da
convocação da reunião do dia seguinte, 22.01.2013, às 9h:30min. Para quem conheceu Gracilene, já
deve ter saído da Suframa, rumo ao seu condomínio, pensando e reunindo na
memória as informações para defender suas ideias e ações na reunião convocada. Só
não imaginava que estava a caminho de uma tragédia, para uma armadilha dentro
de sua própria casa, montada por quem dela só recebia atenção, carinho e amor.
Gracilene Belota (I)
Vou tentar deixar a raiva e o ódio de lado, para falar e prestar uma
homenagem carinhosa à minha colega e amiga Gacilene Belota, falando de momentos
alegres e felizes do nosso grupo de amigos. Depois eu falo um pouco da sua
personalidade e da sua energia como profissional.
Gracilene Belota é parte da minha saudosa e inesquecível época de aluno
do Grupo Escolar Antonio Bittencourt, no Bairro de São Raimundo. Nesse mesmo
bairro, fui também frequentador assíduo das tradicionais festas juninas,
Festival Marquesiano e da Praça Ismael Benigno. Nessa época, Gracilene reinava absoluta
num grupo de belas e disputadíssimas jovens garotas do Bairro. Já na Suframa, passei a criar crônicas/histórias para falar desse
tempo e, obviamente, brincar com a Gracilene, dizendo, entre outras coisas, que
ajudei muito Mário Belota na sua conquista, vendendo rifa de galinha com farofa
para elegê-la rainha caipira das festas juninas do bairro. Em resumo, lembrarmos-nos
daquele tempo rendeu muitas crônicas, muitas brincadeiras engraçadas e muitas gargalhadas.
Dentro desse grupo eu era a única pessoa que Gracilene permitia,
durante as nossas brincadeiras, chamá-la de “bucheirinha”. Fazia cara de zangada, mas ela sabia o motivo
e o contexto do apelido, como também sabia que eu o usava de forma carinhosa
para provocá-la e para animar as brincadeiras do grupo nos momentos que nos
encontrávamos para comemorar alguma coisa ou simplesmente jogar conversa fora.
Certa oportunidade, uma amiga de
Gracilene enviou-lhe uma mensagem pelo facebook, manifestando estar assustada
com a conversa que estava acompanhando entre eu e ela (Gracilene). Foi muito engraçado! Sem entender nada, na
cabeça de sua amiga nós estávamos numa briga pública, feia e interminável. Gracilene morreu de rir com o susto da amiga.
Contou esse fato para todo mundo, mas primeiro teve que, obviamente,
tranquilizar a amiga e dizer que não era uma briga, e que “bucheirinha” não era
uma ofensa a ela, mas um tratamento carinhoso entre dois colegas e amigos de
longa data.
Para mexer ou encrencar com Gracilene, no bom sentido, eu buscava alternativas
ao meu alcance. Entrava propositalmente no seu facebook e curtia as fotos que
ela postava, sozinha ou com colegas. Copiava para o meu computador, fazia balões
criando pequenas e engraçadas histórias, distribuía entre os amigos do grupo,
me fazia de morto e esperava a reação. Usava também as fotos dos nossos eventos
ou dos nossos encontros de amigos, e da mesma forma colocava balões, criava pequenas
histórias, sempre com a intenção de divertir os amigos e criar um ambiente
alegre e de muitas gargalhadas.
Gracilene, entre os colegas e amigos da Suframa, se destacava exatamente pela
sua gargalhada gostosa, largada e inconfundível. Sabia aceitar e brincar de
forma sadia. Por tudo isso, sinto-me
feliz ao lembrar-me de suas gargalhadas. Mais ainda! Sinto-me feliz por tê-la
feito gargalhar muitas e muitas vezes. É assim que eu vou guardá-la na minha
mente e no meu coração.
Deus a tenha junto
com sua filha amada em seus braços, minha querida colega e amiga bucheirinha.
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