31 de março de 2007

Prefeito & Vice-Prefeito

Sem dúvida que é triste, mas ao mesmo tempo não podemos deixar de reconhecer que também é divertido acompanhar o noticiário político local. Não faz muito tempo, prefeito e vice-prefeito manauaras faziam longas e sorridentes caminhadas juntos, subiam nos palanques abraçados e enchiam os ouvidos dos eleitores de muita conversa e promessas.
Do jeito que eles andam hoje discordando e criticando um ao outro, fica evidente de que o político, na gana de chegar ao poder, não mede consequências e não se importa de se associar com Deus e ouvir conselhos do diabo.
Respondendo às críticas do vice-prefeito sobre o sistema expresso de Manaus, o prefeito deu a declaração de que o projeto é "muito bom" e que o problema foi a sua implantação. Para corrigir disse que precisaria de 60 milhões, o que a Prefeitura atual não tem. A tranquilidade do comentário do prefeito surpreende, pois o que alega precisar para corrigir os problemas do sistema, representa simplesmente 35% dos mais de 170 milhões que já foram gastos e que o contribuinte vai pagar até o último centavo, assistindo o projeto ser desmantelando dia após dia. Se o projeto é "muito bom" como diz o prefeito, então ele próprio é a figura impar do prefeito bonzinho, pois 170 milhões estão indo para o ralo e, pelo jeito, vai ficar por isso mesmo. A única coisa certa é que o povo vai pagar a conta, pois o culpado pelo fracasso, que o prefeito diz ter sido a tal "implantação", não se vê a menor boa vontade em pelo menos cobrar explicações. Fico imaginando como seria e qual o tratamento político que um projeto desse de R$ 170 milhões teria, com tantos prejuízos já causados ao erário público e ao bolso do contribuinte, se o prefeito estivesse como nos velhos tempos, sentado na sua cadeirinha de vereador e fazendo oposição às mazelas do tipo aqui comentado. Como diria um amigo meu: o tempo passa, o mundo gira e as pessoas mudam- e como mudam!...

30 de março de 2007

Dá para rolar de rir!

Acompanhar o cotidiano político local é sem dúvida algo que tanto nos faz rolar de rir como chorar de vergonha. Pensando bem, por aqui a coisa anda muito esquisita: tem boi voando e jacaré nadando de costas. E pelo jeito é daí para pior. Vejamos:
Não faz muito tempo, um grupo de estudantes foi espancado pela polícia por que queria discutir a planilha que serviu de espelho para o aumento da tarifa de transporte. Haviam marcado uma audiência com o vice-prefeito, que passou para o prefeito e no final das contas quem recebeu mesmo os estudantes foi a polícia de choque e na base da porrada.
Naquela altura, pelos noticiários dos jornais, o que se entendia é que o vice-prefeito não estava muito a par das coisas, pouco sabia e quase nada tinha contribuído para as discussões a respeito do aumento da tarifa, a exemplo dos vereadores que também foram colocados para escanteio e nada contribuíram nessa discussão.
Passado esse episódio, logo em seguida o vice-prefeito faz uma viagem e, comparando com o que viu lá por onde andou, volta dizendo que o preço da passagem de transporte coletivo de Manaus em R$ 2,00 era justa. Bateu no peito, sacramentou e referendou publicamente a decisão do prefeito quanto ao aumento da tarifa. Naquele instante os vereadores, na sua maioria aliados do prefeito, há muito já estavam convencidos de que a nova tarifa era justa e o povo é que reclama demais.
Quando é hoje, de acordo com o noticiário local, o vice-prefeito resolveu tirar um dia para madrugar num dos terminais e, pasmem, declara ter ficado deprimido, digo, triste com o que viu. Ora, se num só dia ele ficou triste – o que dizer os usuários que vivem esse inferno o ano inteiro.
Segundo declarações do vice-prefeito publicadas em jornal, ele assistiu usuários esperando por longas horas; entrando de sombrinha nos ônibus, pois chove mais dentro do que fora; não encontrou um único fiscal da IMTU; e deu de cara com uma grande parte da frota de ônibus sucateada. Finalizando, ainda segundo o noticiário, disse que se essa coisa não melhorar, não tem como ganhar eleição, ou seja, a reeleição do prefeito, e dele, consequentemente, vai para o brejo.
A verdade é que se o vice-prefeito prestou um pouco mais de atenção nesse seu dia de campo, com certeza deve ter constatado também que abrigos/paradas do sistema expresso, que custaram R$ 132 mil reais cada uma aos bolsos dos contribuintes, estão sendo desativadas e/ou demolidas, pois não serviram e não servem para coisa alguma e já surgiu a idéia de transformar os terminais num shopping para abrigar os camelôs. São R$ 170 milhões indo para o ralo.
Com tudo isso que o vice-prefeito constatou num dia produtivo de trabalho e de convívio com os usuários do caos, digo, do sistema de transporte de Manaus, será que ele ainda defende a sua tese de que R$ 2,00 reais é uma tarifa justa, comparado com o que ele viu por aí? E o povo – será que ele continua achando que só reclama para não perder o hábito? É dose!...