6 de outubro de 2006

Sociedade Pestalozzi

É profundamente triste assistirmos uma entidade como a Sociedade Pestalozzi, anunciar que vai fechar por conta de uma dívida. Segundo noticiários, uma dívida de 60 mil reais. Como explicar que existe dinheiro público farto e fácil para tantas coisas, mas não existe dinheiro para ajudar a resolver um problema que inclusive é dever do Estado, ou seja, dar atendimento a crianças e adultos especiais. Até por que o Estado e o Município não possuem estruturas suficientes para oferecer esse atendimento a todos que necessitam.
É bom lembrar que todo ano tem dinheiro público (e não é pouco) para ajudar o carnaval, o boi bumba de Parintins, o Carna-Boi de Manaus, o eterno futebol falido do Amazonas, o festival folclórico, o festival de ópera, cirandas, etc. Ora, se existe grana para tudo isso, fica difícil entender as dificuldades que são colocadas para planejar e/ou ajudar a salvar e manter uma entidade como a Sociedade Pestalozzi. Se existe como arrumar dinheiro, ano após anos, para promover a festa do boi e outras, certamente existe uma maneira de arrumar dinheiro para ajudar a manter todos os anos uma organização como a Pestalozzi, que presta um belo serviço para pessoas especiais e de famílias carentes na sua grande maioria.
É tudo uma questão de vontade política. Nessas horas é que o povo se envergonha e senti a falta de homens públicos sérios e comprometidos com as questões sociais. Por exemplo: se o executivo e o legislativo conseguem tão rapidamente se articularem para mudar e aprovar a forma de aplicação dos recursos destinados à Universidade Estadual para atender outras demandas que julgam importantes e de interesse do Estado, ou então garantir um gordo salário de aposentadoria perpétua para determinado cargo público, com certeza poderão fazer exatamente o mesmo para mudar e aprovar a destinação de recursos de algum lugar para ajudar a salvar uma organização série e de interesse público. Quem disser que não pode, vai ter que explicar por que no caso da universidade e da aposentadoria foi tão fácil e possível.
Em momentos como este da Sociedade Pestalozzi, é que gostaríamos de ver os nossos políticos cobrando uma atitude do Estado e do Município, com a mesma indignação com que cobram os serviços, a pavimentação e/ou tapa buraco para os seus redutos eleitorais e/ou comunidades que lhes asseguram os mandatos por meio do voto. Queria sinceramente de ver políticos se descabelando de raiva na frente das câmaras de televisão pedindo ajuda para a Pestalozzi, como estamos acostumados a ver alguns fazendo isso raivosamente e se aproveitando das circunstâncias e das mazelas sociais que afligem as camadas mais carentes de nossa população. E não venham com aquela conversa fiada de que a entidade é particular e que por isso o Estado não pode ser cobrado por que não tem compromisso e/ou responsabilidade com a mesma. Embromação não!...
Só de energia elétrica, conforme anunciado, a dívida é de 9 mil reais. Tudo bem!... Creio que nesse caso a Manaus Energia, ou seja lá qual for a concessionária, deva usar para não cometer essa maldade de mandar cortar, os mesmos argumentos que usam para manter os olhos vedados e não desligar as centenas de gatos de energia espalhados nas zonas carentes da periferia da cidade, beneficiando inclusive gente que de carente não tem nada. Como eles dizem para não cortar - é uma questão social. Que se aplique essa regra para a Sociedade Pestalozzi ou vão se envergonhar de mandar contar essa energia.
Para encerrar duas coisas muito importantes: primeiro parabenizar a Sra. Silvia Luíza pela determinação e coragem de assumir o desafio de dirigir a Sociedade; segundo expressar a minha mais profunda admiração, respeito e orgulho pela lição de amor e solidariedade das funcionárias Maria Oliveira Mendes e Telma Andrade de Souza que, sem salário há mais de 3 meses, vão trabalhar a pé, sem perder o sorriso, a fé e a esperança. Deus as abençoe!...


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