23 de agosto de 2007

A novela continua!...


O sistema de transporte de Manaus continua dando ibope. A indignação não cresce só com o que presenciamos nas ruas, mas no que é publicado nos jornais, onde o cidadão, principalmente o usuário do sistema, é sempre tratado como bobo. Nessa novela de capítulos intermináveis, acreditem - não existe nenhum bobo. Mocinho, nessa história – nem pensar! É o tipo de novela em que o tranco e a coisa ruim está sempre reservada exclusivamente para o expectador.

Depois do último capítulo dramático dessa novela, quando uma turma resolveu tocar fogo no que não presta mais de uma empresa e quebrar o que presta de outra, os jornais trouxeram notícias e entrevistas que mexeram com a indignação e a paciência de qualquer cidadão. Lembremos o que foi escrito nos jornais:

“O sindicato dos rodoviários prometeu realizar uma manifestação com as catracas dos ônibus livres na próxima terça-feira...”

Vejam que até o sindicato agora brinca de fazer de bobo o usuário do sistema. Avisaram que circulariam com a catraca livre numa tal próxima terça-feira, só não disseram qual próxima terça-feira seria essa. Só mesmo um bobo acreditaria nessa chance de andar de graça nos ônibus, nem que fosse só por algumas horas, por conta de uma operação de greve de sindicato, supostamente preocupado com o bem comum. O risco, caso essa operação tivesse acontecido, era o usuário, ao descer do ônibus sem pagar, ser recepcionado pela polícia da mesmo forma como foram recepcionados os estudantes que foram até a Prefeitura debater o aumento da tarifa. No fundo só não acontece nada com os maus gestores do sistema e os maus prestadores do serviço.

Todos lembram que a tarifa foi elevada sem nenhuma discussão prévia. O povo, e em particular o parlamento municipal, coitado, não teve a menor chance de questionar. Quem questionou e se arriscou a ir para a porta da Prefeitura acabou apanhando. E da parte do sistema, ou melhor, da parte das empresas que estão operando na cidade, qual foi a contrapartida oferecida por conta do aumento da tarifa? Eu não sou usuário do sistema, mas pelo que escuto de quem usa, a resposta é - nenhuma! Continuam oferecendo um serviço ruim e o usuário que agüente o tranco. E não venham com a conversa fiada de que estão tendo prejuízos, pois nesse ramo, traduzindo palavras do governador no seu programa de rádio, não existe bobinho e com certeza nenhum deles pratica caridade com a sua frota em troca de prejuízo. Prova disso é o depoimento de um dos empresários do sistema, que disse ter condições de participar da futura licitação, pois tem condições financeiras para isso. Sinal de que enquanto as suas empresas prestam um mau serviço para a população, não pagam ninguém, não pagam os impostos, não recolhem FGTS, tampouco INSS (segundo o presidente da IMTU) ele (empresário), presidente do GRUPO, sabe muito bem o que fazer com os lucros, com o dinheiro das férias dos empregados e dos impostos não recolhidos.

Coisa feia sô! – como diz um velho amigo. Já imaginaram se todos os outros fossem crias dessa mesma escola? Viche Maria! – exclamaria Ribamar Freire.

Toda essa triste realidade poderia pelo menos ser minimizada, se a Prefeitura e a CMM de Manaus fizessem a sua parte em termos de acompanhamento e fiscalização, como manda a legislação pertinente. Acontece que a Prefeitura e a CMM na verdade não estavam cumprindo bem suas funções. O resultado é esse que aí está. Eu disse “não estavam” porque, não faz muito tempo, saiu uma matéria nos jornais onde o presidente da Câmara mostrava-se preocupado com essa falta de fiscalização de parte da CMM, e disse que ia tomar as devidas providências. Ficou só nisso e, salvo engano, de lá para cá nada mais foi dito nem publicado sobre as providências adotadas pelo presidente. Já está em tempo dele nos dizer como é que anda essa promessa.

Finalizando, quero dizer que, independente desse comentário, continuo acreditando que Marcelo Ramos, com a sua juventude e capacidade, pode contribuir para mudar esse cenário. Deus lhe proteja (de colete, preferencialmente) e lhe dê a luz e a inteligência necessária para - como diria um bom mineiro - arrumar esse trem.

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