20 de março de 2010

O cearense Praciano!...

Li hoje e me chamou a atenção o que escreveu o articulista Holanda, retornando no tempo para relembrar os anos de 1997, quando Mauro Costa era Superintendente da Suframa e o cearense Praciano era vereador da cidade de Manaus. Nesse período, relembra Holanda, o vereador Praciano foi pego de surpresa com uma manifestação preparada por Vicente Fillizola. Recorda o enterro simbólico do então Superintendente da Suframa (idealizado por Filizzola), que à época, entre outras coisas, havia tomado a decisão de retirar os lanches clandestinos que existiam espalhados no calçadão da Suframa e que atentavam contra qualquer regra básica de higiene, pois os banheiros improvisados que existiam eram buracos abertos no próprio chão, cercado de tábuas de madeiras improvisadas, onde ali as pessoas faziam as suas necessidades. O aspecto era de uma favela de pequenos lanches improvisados, mas o mau cheiro, exatamente por conta das improvisações, era o que havia de pior. Já encomodava quem por ali passava a pé ou de carro, imagine no caso dos frequentadores. Aliás, no caso da frequência, até pelo próprio aspecto do local, o ambiente não era dos melhores e, volta e meia, a ronda polícial tinha que ser acionada para resolver conflitos entre frequentadores.  

Algumas lanchonetes, segundo levantamento feito à época, já serviam inclusive de moradia permanente para seus exploradores. Por conta desses detalhes, todos eles sabiam que no caso de uma fiscalização séria do órgão de saúde, a interdição das lanchonetes era 100% provável. Além disso, bem em frente às lanchonetes improvisadas do calçadão, também acontecia todas as quintas-feiras uma feira de produtores, onde a maioria na verdade era de indisfarçáveis atravessadores.

Quando vazou a informação de que a direção da Suframa estava se articulando para desmontar os lanches do calçadão e desmobilizar a feira das quintas-feiras, os principais interessados, donos dos lanches e das bancas da feira, recorreram obviamente ao apoio de determinadas lideranças locais, até por que, segundo os próprios donos dos lanches clandestinos, todas as sextas-feiras, à época, uma figura passava a sacolinha de barraca em barraca (mais de 35) para recolher uma certa taxa de contribuição (dinheiro vivo), supostamente em troca de apoio à aquela atividade comercial irregular dos lanches naquele local e particularmente contra qualquer possível iniciativa de movê-los de lá. No caso da feira de produtores das quintas-feiras, não era diferente. Os feirantes também recebiam religiosamente a visita do homem da sacolinha, onde a taxa, nesse caso, dependia do tamanho do negócio do feirante, que ia desde a simples lona estendida no chão, uma banca improvisada de madeira ou uma barraca de lona desmontável. Era assim que funcionava a esdrúxula relação entre supostos protetores e protegidos.

Com o anúncio da intenção de retirada dos lanches e a desmobilização da feira, começaram então a acontecer os entendimentos diretos entre os principais interessados (lancheiros e feirantes) e dirigentes da Suframa, sem a participação de terceiros. Isso obviamente desagradou aqueles que supostamente atuavam como supostos guardiões dos interesses dos lancheiros e feirantes. Após a união dos donos dos lanches (a maioria pessoas honestas e do bem, lutando para sobreviver com dignidade), que perceberam a possibilidade de uma solução pacífica e boa para ambas as partes, acabou acontecendo um entendimento. Com o apoio do prefeito de Manaus à época, Alfredo Nascimento, foi encontrada uma alternativa e os barracos improvisados foram substituídos gradativamente pelas lanchonetes padronizadas que permanecem na área do calçadão até hoje. Pode não ser o melhor, mas, comparado ao que era antes, certamente a coisa evoluiu. Transformou-se num ponto alternativo de encontro dos trabalhadores do Distrito Industrial, principalmente. No caso da feira dos produtores das quintas-feiras, acabou acontecendo também um acordo e a mesma foi deslocada para outro espaço próximo, na mesma via, onde também funciona até os dias de hoje, mas sem causar os contratempos de antigamente. Salvo engano, a feira conta hoje inclusive com apoio do poder público para acontecer naquele local.

Antes de encerrar esse comentário complementar ao que escreveu Holanda, e antes que alguém venha me perguntar o que aconteceu com aquela figura que passava a sacolinha supostamente em troca de apoio e proteção de determinada entidade aos lancheiros e feirantes, respondo sinceramente que não sei dizer o que foi feito dessa figura, que suponho inclusive não haver mais motivo de existir. Assim espero!

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