28 de novembro de 2012

GATO DE ENERGIA



A lamentável tragédia vivida pelos moradores da Comunidade Arthur Bernardes deve merecer atenção especial das autoridades e em particular da sociedade. Já correm rumores e suspeitas de que o incêndio possa ter sido provocado. Foi destacado pela mídia o fato de que, curiosamente, outros incêndios ocorridos aconteceram em áreas a serem beneficiadas também pelo projeto Prosamim. No atual contexto, tudo é possível. A investigação criteriosa desse evento não pode ser descartada.
A outra questão a levantar, antiga, perigosa, e que ninguém dá uma solução, é a questão dos gatos de energia espalhados pela cidade de Manaus. Na área atingida pela tragédia, por exemplo, a situação já era crítica há muito tempo. Periodicamente, as vítimas sofriam com as águas das enchentes que atingem aquela comunidade e, cotidianamente, conviviam com os riscos dos gatos de energia, numa área onde as casas destruídas e as que sobraram são todas praticamente 100% em madeira.   
Quem passava pelo local podia ver claramente o perigo eminente daquelas ligações clandestinas e crescentes nos postes de eletrificação. Todo dia tinha alguém arriscando a vida e consumando um novo ponto de desvio de energia (gato). Aliás, neste exato momento, pós- tragédia, é bem possível que alguns moradores da área que não tiveram suas casas atingidas pelo fogo, estejam novamente arriscando suas vidas para reativar os seus gatos e ter a luz de volta em suas casas. O certo é que nenhuma autoridade do estado ou do município vai poder alegar desconhecimento daquela situação que terminou em tragédia e com perdas apenas matérias, felizmente. A solução lamentavelmente não veio a tempo de evitar a tragédia consumada. São tantos os problemas da cidade e não existem recursos suficientes para solucionar todos de uma só vez.
Entretanto, cabe aqui alguns questionamentos quanto ao trabalho de prevenção das autoridades e dos órgãos competentes. O que poderia ter sido feito para impedir essa tragédia? Houve algum alerta para o acúmulo de gatos de energia naquele local? O que fez a Manaus Energia, ou o que faz a Manaus Energia ao identificar situações de potencial risco como esta da Comunidade Arthur Bernardes? O que impede as operações de retirada dos gatos de energia nessas áreas?  Se existe uma decisão política de tolerar esse processo de ligações clandestinas, mesmo sabendo dos riscos que elas representam, não seria irresponsável demais não ter também uma política de monitoramento e prevenção para pelos menos minimizar os riscos de tragédias?  Como é que as autoridades e as instituições competentes lidam com essa questão das ligações clandestinas de energia, considerando o risco potencial que elas representam?  Quantas outras comunidades estão nesta mesma situação em Manaus? A tragédia da Comunidade Arthur Bernardes vai mudar o quê?
Quanto aos políticos que agem de acordo com suas conveniências e só fazem aquilo que convém ao próprio umbigo, é óbvio que não interessa apoiar qualquer tipo de resistência e/ou combate a gato de energia e a gato de água. É o tipo de ação que, na opinião deles (políticos), tira votos, e o que eles querem mesmo é somar votos.
Finalizando, é bom lembrar e deixar claro que gato de energia e gato de água são problemas sérios e podem gerar tragédias, mas não é uma prática exclusiva de gente pobre e de comunidades carentes. Pelo contrário! Tem muito gato de energia e de água em áreas nobres desta cidade, praticado por quem você menos espera, por gente supostamente bacana, velhos e novos ricos avarentos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário