De modo a permitir que um vereador posso se
licenciar (abandonar o mandato conquistado com o voto do povo) para ocupar um
cargo em outra esfera de governo (resultado de conchavos, acordos políticos ou
troca de favores pré-eleitorais), os vereadores da CMM criam emenda que atende
exclusivamente a interesses políticos/partidários, poucos preocupados com o que
pensa o eleitor dessa emenda que favorece/estimula o troca-troca e o leilão de
cargos. Para piorar, tem gente chamando isso de renovação.
Por conta dessa emenda, a mídia anuncia que um dos titulares
do cargo de vereador de Manaus, vai virar ou já virou secretário de estado, e que
um suplente vai ocupar a sua vaga na CMM. Na verdade, o único favorecido nesse
processo é o titular que, além de não perder o cargo, passará a ter nas mãos
uma secretaria de estado e um orçamento que pode lhe render muitos dividendos
políticos como parte de uma estratégia de reeleição para o próprio cargo
abandonado. É uma concorrência de certa forma desleal com aqueles vereadores que,
em respeito ao eleitor e ao mandato recebido do povo, decidem honrá-lo do
começo ao fim, sem submeter o seu cargo a qualquer tipo de leilão ou
troca-troca.
E o suplente? Ora bolas, o suplente sabe que a vaga não é
dele. E mais! Sabe que, dependendo do humor do governante, dos políticos e dos
partidos que dão sustentação ao governo, o seu tempo de permanência na vaga
pode ser até menor do que a gestação de um preá ou de um porquinho da índia. É
uma corda bamba permanente e, como não tem a titularidade do cargo, acaba
muitas das vezes tendo que se sujeitar a aprovar ou se omitir diante daquilo
que não concorda, sob pena de ser defenestrado do cargo.
Do jeito que está, o titular do cargo, enfim, pode tudo.
Pode, por meio de conchavos políticos e partidários, resolver ir bem ali esquentar
outra cadeira qualquer, inclusive em qualquer outra esfera de governo, sabendo
que pode voltar ao cargo a qualquer momento, sem nenhum tipo de risco ou
prejuízo, cabendo ao suplente nessa hora apenas arrumar a sua trouxa e tomar seu
rumo.
O sujeito que recebe um mandado do povo deve honra-lo do
começo ao fim. Se no meio do caminho deseja ser outra coisa, então que seja
digno, seja homem, pegue o boné, renuncie e deixe que o suplente assuma em paz
e exerça o mandato com tranquilidade e a segurança indispensável. Isso sim é
renovação, moralização e resgate da atividade político, hoje mergulhada numa
lama que engrossa a cada dia que passa.
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