21 de fevereiro de 2019

NILDA DANTAS


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Na gestão do falecido governador Edmundo Pinto, do Acre, assassinado durante o seu mandato, fui passar uma temporada na cidade de Rio Branco, levado por uma parceria firmada entre a Instituição federal em que trabalho até hoje e o governo do Estado do Acre.

Ao chegar na cidade de Rio Branco eu simplesmente não conhecia ninguém. Aos sábados, principalmente, por ser um messiânico, passei a frequentar a igreja messiânica da cidade e lá ministrar o Johrei como fazia em Manaus.

Nas idas à Igreja, passei a observar uma pessoa que se sentava à minha frente para que eu ministrasse o Johrei. Eu tinha a impressão que ela sempre me esperava chegar. Isso de certa forma me deixava gratificado, pois me passava a ideia de que ela se sentia bem quando eu lhe ministrava o Johrei.  

Certo dia, terminei de ministrar um Johrei e levantei para tomar um copo de água. Ao passar por uma roda onde essa pessoa estava, fui chamado e convidado a me apresentar. Todos ali já sabiam pelo menos que eu não era da cidade. Apresentei-me e fiquei então sabendo que a pessoa que eu achava que dava preferência para que eu lhe ministrasse Johrei, se chamava Nilda Dantas. Feitas as apresentações, permaneci na roda para participar da conversa. O assunto era música.  O tempo foi passando e ficamos só eu e Nilda Dantas falando de música, ou melhor, ela falando com muita propriedade e eu escutando e concordando com tudo.

Antes de nos despedirmos, eu disse a ela:

- Nilda, a música que eu mais gosto eu acho que é de um acriano, só não estou lembrando o nome dele agora. Eu sei o nome da música - Falsa Alegria. Eu defendo a ideia de que cantor de barzinho que não sabe cantar essa música, não é cantor de barzinho.

Ele é acriano sim - respondeu-me. O nome dele é Sérgio Souto.

Na segunda-feira seguinte, conversando no trabalho sobre meu fim de semana, comentei que havia feito novas amizades na Igreja Messiânica. Ao falar que uma dessas novas amizades se chamava Nilda Dantas, uma das pessoas exclamou no ato – Nilda Dantas!

Sim, Nilda Dantas – repeti.

- O Sr. sabe quem é Nilda Dantas? Ela é mais conhecida do que farinha aqui no Acre. Ela tem um programa de rádio que é ouvido em todo o Estado. Viche, ela é muito querida aqui.

Para mim tudo era novidade. Na nossa conversa ela não havia me comentado nada da sua vida pessoal ou profissional e, na verdade, me passara a ideia de ser muito tímida e reservada.

No encontro seguinte que tivemos na Igreja Messiânica, rimos muito de tudo. Nasceu ali uma amizade que eu tenho um imenso carinho e orgulho. Há muitos anos não nos encontramos pessoalmente, mas, Nilda Dantas, tem e terá morada permanente na minha memória e no meu coração.

Lembro que a partir da amizade com Nilda Dantas, em pouco tempo eu conhecia mais gente em Rio Branco do que em Manaus, minha terra natal. Passei a ser um penetra em todos os eventos que Nilda Dantas era convidada a participar nos fins de semana, do mais simples ao mais abastado. E ainda sobrava tempo para irmos ao 14 BIS ouvir música e dançar. O mais gratificante era ver o carinho como ela era recebida e cortejada em  todos os lugares. E eu ali, junto dela e de seus amigos, aproveitando toda aquela energia positiva. 

Nilda Dantas, mulher guerreira, escritora, poeta, cantora, jornalista, radialista e minha amiga.



19 de fevereiro de 2019

O ARANHA NEGRA

Já fui um apaixonado pelo futebol amazonense. 
Nos anos 60 e 70 eu ia a todos os jogos do campeonato amazonense, seja no Parque Amazonense ou no Estádio da Colina. Eu assistia a todas as partidas do campeonato. Não perdia o jogo América e Sul América, tampouco São Raimundo e Sul América. Eu chegava cedo para assistir ao jogo preliminar entre os clubes, que muitas vezes eram até mais atrativos do que os jogos principais.
Nos jogos noturnos que aconteciam no Estádio da Colina, eu era um dos primeiros a chegar e sentar na área coberta, bem antes mesmo do pessoal das rádios começarem a chegar para preparar a transmissão dos jogos. Carregava comigo um pequeno radio de pilha para ouvir a transmissão e os comentários. Tinha preferência pelo Jaime Barreto narrando os jogos, reconhecendo que Arnaldo Santos também era craque narrando uma partida de futebol. Como comentarista, Orlando Rebelo era imbatível.
Feito esse comentário inicial, ainda que eu seja um torcedor do FAST CLUBE, quero aqui lembrar de um goleiro que marcou a história do futebol amazonense. Dia desses acessei o facebook desse goleiro e, vendo as fotos que lá estão, passou um filme na minha cabeça. Estou falando de CLOVIS, goleiro do RIO NEGRO, que era chamado de ARANHA NEGRA, lembrando o goleiro russo Lev Yashin, considerado o maior de todos os tempos. Quem viu Clovis jogar, vai reconhecer que o apelido de Aranha Negra era merecido.
Clóvis foi um excelente goleiro. Um arqueiro com extrema habilidade. Era sem dúvida um malabarista entre duas balizas e um travessão.  Clóvis simplesmente voava. Fazia defesas inacreditáveis que encantava os torcedores do seu time, o Rio Negro, e matava de raiva os torcedores dos times rivais, em particular do Nacional. 
Foi Clóvis que criou sem querer a lenda da toalha vermelha. Quando ele entrava em campo todo de preto e com essa toalha vermelha em volta do pescoço nos jogos contra o Nacional, os torcedores nacionalinos mais fanáticos recebiam isso como provocação e iam a loucura. Assisti muitos torcedores tentando invadir o campo para retirar a toalha vermelha. Os nacionalinos mais supersticiosos achavam que a toalha não fechava só o corpo do goleiro Clóvis, mas o próprio gol onde ele ficava. Era um motivo a mais para animar esse clássico inesquecível entre Nacional e Rio Negro.
O meu reconhecimento ao goleiro Clóvis, o Aranha Negra - Tempos bons!

9 de fevereiro de 2019

Os Meninos do Flamengo


É inimaginável a dor da tragédia ocorrida com os meninos do Flamengo. É aterrorizante imaginar o desespero desses meninos procurando uma saída para escapar das chamas que consumiram o alojamento onde dormiam, se é que podemos chamar aquilo de alojamento. Inimaginável a dor das famílias que tiveram seus entes queridos levados dessa vida de uma forma tão cruel. Vidas e sonhos literalmente transformados em cinzas. Para as famílias das vitimas essa dor nunca mais vai passar.

Os meninos morreram dentro de containers transformados em alojamentos. Aquilo lá parecia mais um  arrumadinho para acomodar a  garotada. Virou moda aproveitar containers para outras utilidades. Aqui mesmo em Manaus, temos bares, salvo melhor juízo, até casas feitas usando estrutura de containers normalmente usados, descartados, etc. No calçadão da Ponta Negra você vai ver lá vários deles. Na bola do Coroado, salvo engano, tem um bar nesse estilo. Deus queira que todos estejam devidamente aprovados pela Prefeitura e licenciados pelos Corpo Bombeiros. Quem souber de alguma coisa que se manifeste.

No caso dos meninos do Flamengo, desculpem a sinceridade, mas, essa tragédia poderia ter sido evitada, se o clube de fato tivesse o cuidado indispensável com esses jovens, cujos pais lhe confiaram a guarda enquanto estivessem dentro do clube. 

É lamentável! As informações que só agora se tornaram públicas – revoltam! Causam indignação! O local onde plantaram o alojamento era espaço de estacionamento; os containers, transformados em alojamento/dormitórios, não tem projeto, não foi aprovado pelos órgãos competentes, não tinha Alvará da Prefeitura, não foram inspecionados e/ou aprovados pelo Corpo de Bombeiros. Pior, o clube já havia sido notificado e multado várias vezes por irregularidades. Em resumo, dirigentes e autoridades foram omissas em seus deveres e contribuíram, sim, para essa tragédia que vai marcar a história do futebol do Flamengo, do Rio de Janeiro e do Brasil. O mundo deve estar perplexo diante das circunstâncias que levaram esses meninos a perderem suas vidas.  

Deus permita que essa tragédia desperte as autoridades. Desperte os dirigentes de clubes deste país, que buscam os meninos em suas casas e levam para seus centros de treinamento, para prepara-los não só para o sucesso dentro de campo, mas também para o sucesso do clube com conquista de títulos e faturamento de muito dinheiro na venda de seus jovens craques. Pensem quanto lucrou o Flamengo com o menino craque, Vinicius, vendido para o Real Madrid.  

Importante que os pais de jovens jogadores de futebol, despertem também diante dessa tragédia. Aqueles pais, cujos filhos estejam entregues aos clubes e vivendo em Centro de Treinamento, cobrem, investiguem e confiram em que condições efetivas estão vivendo seus filhos. Que as autoridades, os dirigentes do clube, não só lamentem essa tragédia. Envergonhem-se da omissão praticada, peçam perdão a Deus e às famílias enlutadas, e trabalhem para que não volte a acontecer.    

27 de janeiro de 2019

MINERAÇÃO NO AMAZONAS - não custa alertar e cobrar...

Estamos diante de mais uma tragédia por conta do desmoronamento de uma barragem de mineração. É muito dolorido ver as cenas de mortes e de tanta destruição. Outra vez em Minas Gerais, onde existem dezenas, centenas de outras barragens que não sabemos de nada sobre suas condições de uso e segurança. De praxe, só ficamos sabendo de alguma coisa quando acontecem as tragédias e que cinicamente querem nos convencer depois que foram acidentes da natureza. Respondendo a essa tentativa imoral, lembro Henfil, quando dizia que até podemos ser bobos, mas não somos otários.

Essa é a segunda tragédia no Estado de Minas Gerais e ainda não deram conta de responder aos compromissos e responsabilidades com o meio ambiente e com as famílias vítimas da primeira. Responsabilizado e preso não temos ninguém, com certeza, até prova em contrário. Mas, são muitas as famílias prejudicadas e enlutadas que ainda não receberam todos os seus direitos. Parte, acredite, vai morrer sem ter tido a chance de ver de fato reconstruída  a sua vida depois da tragédia. 

Dito isso, é bom lembrar que temos MINERAÇÃO em território amazonense. É bom lembrar que também existem por aqui as BARRAGENS com seus riscos fatais, letais, mortais... O cidadão, aqueles moradores que vivem ao alcance dessas barragens, provavelmente pouco ou quase nada sabem  sobre as condições de operação e segurança dessas construções. Imaginem! A barragem que agora desmoronou em Brumadinho estava desativada e dizem que havia passado por uma inspeção feita por empresa e profissionais habilitados. Ora, que merda de inspeção foi essa? 

E as nossas autoridades locais? O que elas teriam a nos dizer das condições das barragens em território do Amazonas. Quantas são elas? Lembrei dos nossos nobres políticos, fiscais do povo, será que eles acompanham esse tipo de situação para não termos que agir só depois da desgraça? Nas áreas habitadas ao alcance dessas barragens, pergunto: - os moradores são orientados e preparados para enfrentar uma situação de desmoronamento? Por acaso existe algum tipo de alerta? Se existe, funciona? Insisto, pois, em Brumadinho o alerta dizem que existia, mas,  desgraçadamente, não funcionou. Que merda né!

Vamos reagir! Vamos sair da inércia. Vamos exercer a nossa cidadania a favor da vida e da prevenção de tragédias como essa. A solidariedade nesse momento  é ótimo, é lindo demais de ver... Nosso povo é divino e dá exemplos ao mundo. Mas, agora, a nossa indignação e as cobranças das autoridades tem ecoar bem mais alto, bem mais forte, bem mais tudo. Eu, você e tantos outros, estamos longe do alcance das barragens, não passamos pela dor da perda de entes queridos e de bens materiais que foram conquistados com tanto sacrifício pelas famílias vitimadas,  mas, sofremos com os impactos dos danos ambientais, e sofremos com a dor dilacerante de  nossos irmãos brasileiros atingidos por essas tragédias que estão acontecendo por negligência e irresponsabilidade humana.