9 de abril de 2022

 

MEMÓRIAS – AVBs & AVCs

 

Eu fui AVB - auxiliar de vistoria de bagagem. Existia também o AVC - auxiliar de vistoria de carga. Não sei dizer se ainda existem essas figuras nos dias de hoje no âmbito da Receita Federal.

 

Nos anos 70, no auge do comércio da Zona Franca de Manaus, a Receita Federal criou as figuras dos AVBs e AVCs para ajudar os fiscais da Receita Federal a darem conta, por exemplo, das atividades de vistoria de carga e de bagagens acompanhadas nas saídas de Manaus. Era um emprego temporário de até 2 anos, salvo engano. Você tinha que passar por um exame de seleção e depois por um treinamento para conhecer a legislação aplicada e os procedimentos de rotina no processo de vistoria de cargas e de bagagens acompanhadas.

 

Nessa época eu já tinha 3 empregos de sobrevivência. Eu era professor de matemática e física em escolas particulares do ensino médio. Ministrava também aulas particulares que ajudavam na renda. Após ser aprovado na seleção da Receita, aceitei o desafio de ser um AVB. Não conflitava com os meus horários de aula. Aconteceu que passei a trabalhar de 12 a 14 horas nos dias de semana. Mas, foi assim que eu consegui comprar o meu primeiro carro zero. Era uma Brasília amarela com 2 carburadores. Equipei com o que tinha de melhor na época – um bom som pionner completo, teto solar, rodas de aros especiais (não lembro o nome) e bancos de couro. Um dos salários que eu recebia ia direto e inteiro para pagar a prestação do carro.

 

O horário de trabalho dos AVBs obedecia escalas de 6 horas corridas. Você nunca folgava no mesmo dia da semana. Meu horário era de 19 horas até 1 hora da madrugada do dia seguinte.  Eu chegava em casa beirando as 2 da madrugada e 6 da manhã já tinha de estar de pé para sair e dar as minhas aulas. Naquela época, como boa parte dos AVBs eram estudantes universitários, era muito comum a boa .camaradagem para cobrir um ao outro quando era preciso, principalmente na época de provas.

 

No meu horário de escala havia sempre um período de calmaria, tanto na saída como na chegada de voos. Era o período que eu aproveitava para corrigir os trabalhos e as provas dos meus alunos.

 

Quando minha turma de AVB começou, lembro que todos os passageiros tinham as suas bagagens vistoriadas. Não escapava ninguém. Era um verdadeiro sufoco em determinados horários do dia. Quando havia necessidade de fazer alguma retenção ou apreensão de mercadoria, aí o sufoco era ainda maior, pois, o AVB além de cuidar de todo o protocolo da ocorrência, ainda tinha que ouvir os xavecos dos passageiros revoltados. Quando a reação do passageiro extrapolava, aí então não restava outra opção a não ser pedir a intervenção do fiscal de plantão ou até da policia federal em alguns casos.   

 

Além do trabalho de vistoria de bagagens nas bancadas, também éramos colocados em pequenas ilhas que ficavam do lado de fora, no hall do aeroporto, onde orientávamos os passageiros no preenchimento das declarações de bagagens.

 

Ser AVB eu digo foi uma experiência fantástica, não importando se atendendo os passageiros no momento da vistoria da sua bagagem, ou no momento em que buscavam orientações para o preenchimento das suas declarações. Um coisa era certa e digo sem medo de errar – não havia um único dia igual ao outro.

 

Lembro que foi com a nossa turma que a Receita iniciou a experiência da vistoria decidida aleatoriamente por uma máquina. Era a alternativa para reduzir o tempo de vistoria dos passageiros e minimizar os problemas de atraso na decolagem dos aviões e que geravam conflitos entre as companhias aéreas e a Receita Federal. No momento da entrada no recinto de vistoria, o passageiro apresentava a sua declaração e era orientado a acionar um botão. Se o sinal fosse vermelho, seguia para a bancada de vistoria da bagagem acompanhada, onde as malas depois de vistoriadas recebiam um etiqueta numerada na cor vermelha. Se fosse verde, ia para uma outra bancada onde a bagagem acompanhada não era vistoriada e recebia uma etiqueta verde, o que abria a possibilidade de ser aberta para vistoria no aeroporto de destino.  

 

Com a implantação desse processo de vistoria, aumentou ainda mais a responsabilidade dos AVBs, pois, tinham que dar conta direitinho das etiquetas e registrar a numeração das usadas no relatório ao final do expediente.

 

Mesmo diante da responsabilidade que era colocada nas mãos dos AVBs, com uma maioria ainda muito jovem, todos agiam com naturalidade e muita espontaneidade no cumprimento do seu dever. Todos sabíamos que estávamos ali de passagem. Era um emprego temporário, cujo salário nos ajudava muito a ter as nossas coisas. Daí, da mesmo forma que já disse que não havia um dia igual ao outro, posso dizer que esse emprego também marcou a vida de todos, onde nasceram e foram forjadas grandes amizades que vão durar para sempre.

 

Já se passaram mais de 40 anos e AVBs e AVCs ainda se reúnem em grupos de WhatsApp e se encontram periodicamente para conversar, trocar ideias, relembrar dos bons momentos, dar força uns aos outros, honrar a memória dos amigos que já partiram e dar muitas, muitas gargalhadas.

 

E que assim seja, e assim será até o último dos moicanos.  

 

Um beijo e um cafuné na alma de todos.

3 de outubro de 2021

PREFEITURA - PRESTAÇÃO DE CONTAS PARA VEREADORES

Fala sério! Como é que é fazer prestação de contas de obras públicas na cidade, para uma turma de vereadores que vive hoje numa relação toma-lá-dá-cá com a Prefeitura? Perguntar não ofende. 

Como é que acontece: o vereador apadrinha um bairro ou uma comunidade, envia um requerimento ao Prefeito ou Secretário de Infraestrutura e pede a execução de obras e/ou serviços. 

O Prefeito acata e, dependendo do cacife do vereador-padrinho, manda a Prefeitura executar tudo ou parte do que ele pede, usando verba pública, ou seja, grana do povo. 

A questão é: - Qual a isenção desse vereador na hora de julgar as obras da Prefeitura? Como esse vereador poderá ser fiscal, analisar, julgar, aprovar ou condenar uma prestação de contas, de onde ele tirou uma lasquinha ou várias lasquinhas, sendo beneficiado com a execução de serviços e obras a seu pedido e que vão lhe ajudar no processo eleitoral. É ético? Será que existe essa preocupação ética? 

Qual o controle que o vereador tem sobre os custos das obras e serviços que ele requer e a Prefeitura atende numa boa usando verba pública? Ir lá no local da obra para dizer que está fiscalizando, fazer pose e bater fotos para colocar nas redes sociais, essa é a parte boa da coisa e que eles adoram. Nada contra. Faz parte do mise-en-scène.

Outra questão relevante: - Será que algum vereador, por acaso, depois que a Prefeitura entrega a obra e/ou serviço que ele requereu e foi atendido, ousa pedir do Prefeito ou Secretário a planilha dos custos da execução daquela obra ou serviço, nem que seja só para saber quanto foi gasto? Depois da contagem dos votos nas urnas para reeleição, serve também para saber se valeu a pena assumir o apadrinhamento daquele bairro ou comunidade.

MANAUS dos BUEIROS SEM TAMPAS

 

Salvo engano, no final de 2016 a SEMINF da Prefeitura Municipal de Manaus assumiu compromisso com o Ministério Público Estadual (MPE) de resolver a questão dos bueiros sem tampas na cidade. Na época fizeram um levantamento e chegaram ao número de quase 2.500 bueiros sem tampa na cidade. Creio que houve inclusive a assinatura de um TAC - Termo de Ajuste de Conduta, com multa em caso de não cumprimento.

Estamos em 2021 e a questão "bueiros sem tampas"continua do mesmo jeitinho. O que terá acontecido? A Prefeitura fez de conta que tapou tudo e o MPE fez de conta que fiscalizou e atestou o cumprimento do TAC. Afinal, o que foi o que aconteceu para que tudo continue do mesmo jeitinho? Quem pode explicar ao cidadão - a SEMINF ou o MPE? Aliás, é bom lembrar que o atual vice-prefeito da cidade era o vice-prefeito lá em 2016.

Uma das desculpas que se escuta muito é a ação de criminosos que roubam as tampas de ferro dos bueiros no meio das ruas. Ora bolas! Roubam as tampas por 2 motivos simples: o primeiro é a facilidade de retirar as tampas dos bueiros; a segunda é a certeza que o criminoso tem que vai roubar a tampa e nada vai lhe acontecer. Essa é a realidade!

Os bueiros sem tampas espalhados pela cidade são pontos de risco potencial de acidentes graves, inclusive com vítimas fatais. Um motoqueiro caindo num bueiro desse sem tampa, o resultado pode ser trágico de várias formas: causar arranhões ou fraturas leves, causar lesões graves levando a vítima para uma cadeira de rodas pelo resto da vida, ou causar a morte da vítima.

Tudo isso por conta de um imbecil criminoso que, se aproveitando da omissão das autoridades, rouba confiante na eterna impunidade. Quem rouba tampa de bueiro, não é só um  criminoso. Ele é nocivo à sociedade, pois, com certeza, diante das facilidades, não se contenta em roubar apenas uma tampa. Para esse tipo de gente é TOLERÂNCIA ZERO. É crime inafiançável com pena dura e exemplar. O que não se vê acontecer em lugar algum.

Por último, considerando que essa mazela dos "bueiros sem tampas" vem desde 2016, pergunto - onde andam os nossos ilustres vereadores, os fiscais do povo? O Vereador e todos aqueles que o cercam (da família aos amigos), também correm o risco de serem vítima de um bueiro sem tampa. Vão esperar que o acidente ou a tragédia chegue primeiro no parlamento para tomarem uma providência. Todo dia tem matéria nas redes sociais com fotografia de vereador acompanhando obras. Quando vamos ver a foto de um vereador diante de um bueiro sem tampa, chamando a atenção dos responsáveis para uma solução imediata?

23 de junho de 2021

CESTAS BÁSICAS & VACINA COVID

 Pipocaram na mídia local denúncias de que CESTAS BÁSICAS compradas com dinheiro público são distribuídas na pandemia com a foto de cínicos políticos nos pacotes.



 
Como isso aqui é BRASIL, não será nenhuma surpresa se as AMPOLAS e as SERINGAS da vacina Covid começarem a aparecer com a foto e o nome dessa galera de políticos oportunistas gravado nas mesmas. Duvide não!

8 de junho de 2021

VIADUTO do MANOA


Perceberam que o viaduto do Manoa foi finalmente liberado sem nenhuma festinha, fogos de artifícios e show musical?


E quem foi que contou o tempo entre a interdição e a recente liberação?

Depois de todo esse tempo para ajustes na obra, quem acredita mesmo que todas as lambanças e todos os vícios de construção foram de fato sanados?

Eu já dei a minha sugestão bem simples e prática. Que o nosso ilustre Prefeito, seu Secretário de Obras e os 41 vereadores (fiscais do povo) peguem seus carros particulares (não pode ser rebaixado para evitar surpresas), coloquem a família dentro para fazer duas coisinhas: 
 
- A primeira é mostrar para a família o mais novo viaduto da cidade que acabaram de entregar para o povo;
 
- A segunda é sentir como é que é atravessar o viaduto e sentir a sensação de alguns solavancos. Mas, vai aqui um conselho - para proteção de todos, de modo evitar sustos desnecessários, moderem o pé no acelerador, nada além de 40 km/h. Até mesmo se você atravessar de bicicleta ou a pé, é possível sentir os solavancos.

A área de mídia e de criação da Prefeitura já pode até pensar em transformar o Viaduto do Manoa numa atração turística. É isso mesmo! Afinal, a emoção de atravessar um viaduto enviesado e com solavancos não existe em qualquer lugar.

7 de junho de 2021

FILME DEVASSO na politica



Lembram da última escolha de Conselheiro para o TCE-AM?

Pois é! A sociedade já mostrou a sua indignação com a forma dito legal, porém profundamente imoral de escolha de deputados para se tornarem Conselheiros do TCE.

É uma pulada de cerca das mais sem-vergonha. No meio do mandato, deputado larga o cargo temporário que recebeu do povo e troca por um emprego vitalício de Conselheiro do TCE.

Não precisa ser um vidente para saber como tudo acontece. Basta ler as notícias para ter uma ideia de como funciona nos bastidores os acordos que antecedem a escolha de quem vai pular a cerca. Seja quando a escolha é feita pelos deputados, seja quando a escolha é feita pelo governador. O babado é forte e sempre o mesmo. Leva quem pode mais e quem tem mais cacife.

A última pulado de cerca em Manaus, por exemplo, vai ficar na história do TCE-AM. Nada ilegal, como eles dizem, mas de uma imoralidade que indignou a sociedade local, explicitada nas redes sociais por um bom tempo. Pena que o povo esqueça rápido e aceite ser feito eternamente de trouxa.

O mais triste ainda é imaginar que só o Congresso Nacional pode mudar essa imoralidade. Ora, se legislaram em causa própria, com essa categoria de políticos que hoje reina no parlamento, é imaginável que alguma coisa possa acontecer.

Aqui em Manaus, por mais que você provoque os parlamentares para se manifestarem, eles se fazem de surdos, cegos e mudos, ou mandam seus assessores responderem que tudo é legal, previsto na Constituição.

Em resumo, não podemos desanimar na luta contra essa imoralidade, mas vamos ainda ter que assistir esse FILME DEVASSO por muito tempo.