21 de setembro de 2006

A Revolta de Sandra!


MEU PROTESTO
Texto de: Sandra Monteiro
Gostaria de aproveitar esse espaço para manifestar minha total indignação com a forma deselegante que a turma do Casseta e Planeta encontrou para "satirizar" a passagem da Caravana do Jornal Nacional pela Região Amazônica. Admiro o jeito do grupo fazer humor. Eu mesma costumo não deixar passar muita coisa, faço logo uma gozação. Mas daí a tratar pejorativamente os moradores da região, como aconteceu na noite de terça (19), na "Caravana do Casal Nacional", nem pensar!
Não que esteja radicalizando, mas é que me revolta ver que em pleno século 21 ainda há gente que imagina a Amazônia como "terra de índios", como se os índios fossem seres inferiores e a região uma imensa floresta, longe de qualquer vestígio de civilização, a ponto da "Ótima Bernardes", do casseta Reinaldo, se mostrar aliviada por estar num avião que a levaria embora da Amazônia, porque estava com saudades de um shopping.Ora, será que os "ilustres cassetas" esqueceram das aulas de História? Será que eles não lembram mais que os índios eram os donos não só da Amazônia, mas de todo o território brasileiro?
Gostaria muito de poder dizer aos humoristas que não troco nenhum de nossos "índios" por um civilizado do PCC ou do Comando Vermelho (facções criminosas que dominam os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde vivem os famosos cassetas). Nossos índios não induzem crianças e jovens a consumir drogas e praticar crimes, incluindo assassinatos bárbaros, em defesa do tráfico de entorpecentes.Seria muito bom que essa turma se desse ao trabalho de procurar nos eletroeletrônicos que devem ter em casa, a origem de seus aparelhos, onde foram fabricados. Certamente que a grande maioria tem o selo "Produzido na Zona Franca de Manaus". Eles não devem saber que foram os "índios amazônicos" que os produziram. Os cassetas também devem desconhecer que nosso parque industrial dá empregos a muitos e muitos cariocas, paulistas, gaúchos, curitibanos, mineiros, entre que encontram aqui a chance que não conseguiram na "civilização".
Pra finalizar, gostaria de ressaltar que essa é uma opinião de uma carioca que há 24 anos vive em Manaus, terra maravilhosa que vi crescer, evoluir, ficar moderna.É uma pena constatar que ainda existam pessoas que não tiveram a oportunidade de conhecer nossa civilização!
Sandra Monteiro

18 de setembro de 2006

Juiz Trapalhão (Parte II)

Gente! Eu pensei que o juiz Ataíde fosse só um trapalhão. O sujeito, como diz o caboclo, ficou tiririca e resolveu se transformar num homem bomba, digo, juiz bomba. Em lugar de se defender do que fez, afiou a língua e mandou veneno para tudo quanto é lado. Começou colocando todo mundo dentro do mesmo balaio, do governador até os procuradores do ministério público, e concluiu – “juiz que pede benção a quem quer que seja para decidir, não é juiz”.
Sinceramente eu não sei de onde foi que ele tirou essa conclusão de efeito, mas já fico arrepiado só em imaginar que possam existir outros Ataídes de plantão por aí pensando e agindo igualzinho. Ave Maria!...
Para justificar a decisão de soltar os bandidos, o juiz Ataíde não perdoou ninguém - chamou a justiça de paralítica e o Ministério Público de moroso. Como ele faz parte desse meio há algum tempo e já está pensando até em aposentadoria (segundo noticiário), com certeza tem muita gente achando que ele esteja falando com conhecimento de causa. Eu prefiro acreditar que o juiz Ataíde anda meio atrapalhado das idéias, principalmente pelo fato de que não conseguiu justificar de forma convincente a sua atitude de mandar soltar bandido perigoso. Pior ainda quando diz que a segurança pública não é um problema dele, mostrando total descaso com a situação de insegurança e violência que a sociedade vem enfrentando em toda a cidade de Manaus.
Para uma sociedade que vive num clima de insegurança cada dia pior, as declarações do juiz Ataíde acabam funcionando de fato como uma bomba, levando muita gente a se sentir numa situação de desespero total. É só imaginar um Estado que tem um juiz plantonista soltando preso de roldão (segundo ele por incompetência de quem formata mal os processos), uma justiça paralítica, um ministério público moroso e uma segurança pública falida, que aliás até agora não deu conta ainda nem dos meninos danados que passaram uma madrugada inteira brincando de destruir as vitrines das lojas da cidade. Se for isso aí mesmo – só nos resta ajoelhar e pedir a proteção de todos os santos.
Outros destaques interessantes das entrevistas do juiz Ataíde aos jornais da cidade, foram o bigode que ele arrumou para o governador e o novo nome que ele deu para o desembargador Domingos Chalub – o Tal Chalub. Tudo isso, creio eu, depois de já ter recebido o castigo de 30 dias de suspensão.
Vejam a que ponto chegamos. Um JUIZ, em lugar de contribuir para resolver aquilo que ele classifica de paralisia da justiça e morosidade do Ministério Público, simplesmente faz a opção pelo pior. Aproveita-se das supostas falhas de processo, paralisia e morosidade das instituições e promove uma festa no seu plantão de trabalho, dando liberdade na calada da noite para bandidos de alta periculosidade. Resumindo – o povo que se lasque!...
A preocupação maior agora é que este não seja mais um escândalo que vai ser cozinhado em banha maria por algum tempo, a espera que a memória curta do povo se encarregue de enterrar. É importante destacar que a justiça, o ministério público, autoridades do executivo e do judiciário foram duramente atingidas por declarações explicitas do juiz Ataíde. Vamos ficar atentos aos próximos acontecimentos e esperamos que este não seja mais um escândalo a ser vergonhosamente varrido para debaixo do tapete. Àqueles que vão tratar de investigar, analisar e julgar esse caso (seja lá de onde for), o nosso apelo dramático – pelo amor de Deus não nos decepcionem! Será que é pedir muito?

Pacientes Enganados!...

Chamou-me a atenção os depoimentos dados ao Jornal A Crítica, pela Sra. Sheila Maria Sales e pelo presidente do CRM, Sr. José Bernardes, na matéria cujo título já não é mais nenhuma novidade entre aqueles que dependem do atendimento médico público – Pacientes Enganados!...
A Sra. Sheila Sales na realidade expressa o sentimento de boa parte das pessoas que dependem exclusivamente do atendimento público. Disse ela para a reportagem:
– O jeito é ir com qualquer médico. Pelo menos para ter a receita do remédio.
O destaque maior a fazer é que ela (Dona Sheila) não estava e não está buscando atendimento especializado para a sua própria saúde, mas para o seu filho de apenas 9 anos de idade, num pais chamado Brasil, cujas autoridades enchem o peito para dizer que possui a melhor e mais moderna legislação do mundo em termos de amparo, apoio e proteção à infância e adolescência. No papel sem dúvida é tudo uma maravilha. Mas na prática é uma verdadeira enganação. Está aí o exemplo de Dona Sheila, mendigando de um lado para outro um atendimento especializado para uma criança, mas tendo que se contentar em ter pelo menos a receita de qualquer médico que lhe aparecer pela frente, de modo a ter pelo menos a medicação. É lamentável, pois com certeza outras mães devem passar pela mesma humilhação e vexame.
Na mesma matéria o presidente do CRM destaca que é normal que o médico especialista seja substituído pelo clínico geral. Resumindo, disse ele - O importante é que a população não fique sem atendimento.
Eu não questiono o entendimento do presidente do CRM, mas coloco em dúvida a competência e a responsabilidade de alguns profissionais que fazem o atendimento nos postos públicos. E vou contar aqui um caso muito recente.
Sentindo-se mal, a filha de minha empregada doméstica, de nome Francilene, foi buscar atendimento no posto médico do Alvorada (SPA). Foi acompanhada de sua mãe, Dona Fátima. Lá chegando foi atendida pela médica de plantão que, após ouvir as queixas da paciente (Francilene), determinou a realização de um raio X, ficando constatada a presença de água na pleura. Em seguida pediu um exame de sangue, ficando a paciente medicada e internada a noite inteira naquele posto médico (SPA).
No dia seguinte, aparece um outro médico (houve troca de plantão) trazendo em mãos o resultado do exame de sangue de Francilene. Para surpresa tanta da paciente como de sua mãe, o médico informa que o problema dela era só uma ameba.
Mãe e filha tentaram argumentar com o médico, mostrando o Raio X que havia sido feito e que a médica do plantão anterior que fez o atendimento inicial, havia diagnosticado que Francilene estava com água na pleura. Perfeitamente justa a preocupação da paciente e de sua mãe. Afinal qual era o diagnóstico confiável, verdadeira – água na pleura? Ameba? Ou as suas coisas?
Pressionado o médico passou a vista no exame de Raio X e disse que era um equívoco, ou seja, não havia nada de água na pleura, era apenas ameba, conforme demonstrava o exame de sangue que ele tinha em mãos. E ficou por isso mesmo. A paciente foi liberada para ir para casa, levando consigo um receituário para tratamento de ameba.
A paciente (Francilene) e sua mãe saíram do posto médico do Alvorada inconformadas e sem acreditar no diagnóstico final. Entendiam que as dores que ela (Francilene) sentia no corpo não poderia ser resultado apenas de uma crise de ameba. Felizmente tiveram a iniciativa de procurar atendimento em outro local. Foram para o 28 de Agosto, onde foi feito um novo Raio X e um novo exame de sangue. O Raio X confirmou a água na pleura e o exame de sangue não atestou a existência da tal ameba. Em seguida a médica do 28 de Agosto fez o encaminhamento para o Cardoso Fontes, onde Francilene iniciou o tratamento correto.
Concluo dizendo que o presidente do CRM tem razão em parte. O importante é que a população receba o atendimento, mas se for um atendimento do tipo que acabo de relatar, significa dizer que a população vai estar sempre jogando com a própria sorte, em função do mal atendimento e de diagnósticos vergonhosamente equivocados. Felizmente Francilene e sua mãe tiveram a iniciativa de buscar socorro imediato em outro posto médico. Amém!...