16 de novembro de 2010

Plano Diretor - antes que seja tarde (*)

Autor: Alfredo MR Lopes (**)

Desde o relato das expedições científicas que percorreram a região amazônica a partir do século XVIII, a cidade de Manaus desperta sentimentos contraditórios em seus visitantes, que refletem os contrastes de seu traçado urbano e a inquietude de seus habitantes. Num espaço de três décadas, ela é descrita como "amontoado de casas, das quais metade parece prestes a cair em ruínas", segundo o casal de naturalistas suiços, Louis e Elizabeth Agassiz, em 1865, e denominada Paris dos Trópicos, pelo glamour arquitetônico da gestão Eduardo Ribeiro, e pelo traçado urbanístico do engenheiro militar, João Miguel Ribas, coordenador do primeiro Plano Diretor da cidade, em 1895. Decorreram 80 anos para que o prefeito Jorge Teixeira retomasse o desafio de ordenar o crescimento, uso e ocupação do espaço urbano. Depois disso, vieram os esforços concentrados e apressados de 2000, que não previram o frenesi do crescimento demográfico que a cidade sofreria desde então. Por isso a cidade travou e exige, neste momento, esforços redobrados, mentes desprendidas e determinação emergencial para enfrentar o caos urbano em que se transformou.

A abertura da Avenida das Torres provocou um frisson de expectativa e ansiedade na população, justificável, com certeza, dada a demanda de vias alternativas de escoamento do caos viário reinante. O seu funcionamento será mais completo quando completar a sua segunda etapa que chega ao Nova Cidade. Ela é a terceira das últimas vias estruturantes com mais de três faixas de rolamento abertas em quase vinte anos. A Avenida Torquato Tapajós, ampliada e reinaugurada em 2003, e a Alameda Cosme Ferreira, de 1993. Outras Avenidas merecem menção e destaque como a Grande Circular na Zona Leste inaugurada em 1993 e a Avenida José Henriques entregue em 2002. Eis a demonstração inequívoca de que a estrutura viária de Manaus não tem acompanhado o seu crescimento populacional e inchaço de veículos. Esse descuido comprometeu toda estrutura viária e é a raiz do estrangulamento perverso no sistema dos transportes coletivos.

Manaus tem uma estrutura viária específica. Diferente de Brasília, que tem sua dinâmica de mobilidade urbana planejada e ancorada no transporte individual. Essa é a razão pela qual o metrô de lá tem suas obras se arrastando há anos e o trecho em funcionamento é muito pequeno em relação às dimensões demográficas da cidade. Manaus tem sua dinâmica relacionada ao deslocamento a pé em 50%, e o restante por ônibus e por veículos individuais. Este item teve um crescimento assustador nos últimos 10 anos. São três mil carros novos nas ruas a cada mês, resultado do crescimento econômico e da própria realidade adversa do transporte coletivo precário na cidade.

É claro que nem só de caos no trânsito e travamento do sistema viário se alimentam as demandas de planejamento urbano. É hora da Câmara Municipal deixar de lado a futrica estéril e pilotar a retomada dessa discussão que definirá responsabilidades e atores da elaboração do novo Plano Diretor de Manaus, que interliga e prioriza numa visão holística e proativa o Plano Viário, Plano de Transporte Coletivo, Plano de Ciclovias, Plano Diretor de Águas, de Esgotos, de Drenagem, dos Transportes Aéreos, da Orla, da Estrutura Logística- Portuária, de Saneamento de Igarapés, de Coleta e Tratamento de Resíduos Sólidos, de Acessibilidade, de Áreas Comerciais e Industriais, Uso do Solo e Código de Posturas, Comunicações (Internet, Celulares e Telefonia Fixa), enfim, uma visão integrada, transparente e coerente dessa gama enorme de demandas e serviços em favor do cidadão, fator essencial, sujeito, objeto e justificativa de toda gestão pública e ação política. Antes que seja tarde!

(*) Com a colaboração do arquiteto e urbanista Miguel Capobiango m@biango.com.br

(**) Alfredo é filósofo e consultor ambiental - alfredo.lopes@uol.com.br

15 de novembro de 2010

Quem sabe o IMTT explica - e resolve!


Não há mais cristão que não perca a paciência no trânsito de Manaus. Você tenta sair de um engarrafamento e cai em outro. Não tem jeito! É o preço que estamos pagando pelo desenvolvimento da região, em particular da cidade de Manaus. Por conta dessa situação, algumas coisas que acontecem na cidade merecem ser contadas para a reflexão das autoridades competentes, se possível, e do cidadão.

No meu bairro, o Parque 10, o trânsito é dos mais estressantes em alguns momentos do dia. A direção da faculdade UNIP, que não está no perímetro do Bairro do Parque 10, creio eu, construiu uma pista de saída de carros, visando o atendimento de seus alunos. Essa pista segue pela lateral do Condomínio Maron e desemboca exatamente na rua principal (perimetral), saindo ao lado da tradicional Vitória Fernandes. Quem mora no Maron o acesso é feito exatamente por essa rua que passa ao lado da Vitória Fernandes, que é a principal referência aos motoqueiros que fazem entregas à domicílio.

Como a rua principal é estreita, quando o rush coincide também com a saída dos alunos da faculdade UNIP, a esquina da Vitória Fernandes se transforma num teste para a paciência de qualquer cidadão, apimentado pelos clientes da própria Vitória Fernandes que, na falta de espaço, estacionam de qualquer jeito e em qualquer lugar. É o espelho da desordem e da avacalhação no trânsito.

O curioso nessa questão é que existe outra passagem de saída da UNIP, também em direção ao Parque 10, que poderia perfeitamente ajudar a amenizar essa situação de caos. A saída original construída pela UNIP na verdade desembocaria em outro ponto e não na esquina da Vitória Fernandes. Essa saída, conforme comentários, foi embargada ou inviabilizada por suposto(s) morador(es) influente(s) que não queriam ou não querem ser incomodados pelo transito de carros dos alunos da UNIP. Por conta disso, restou a colocação de um portão, que permanece eternamente fechado e já dominado pela ferrugem. Por ele ninguém entra e ninguém sai. Um lava-jato móvel e improvisado funcionava aos fins de semana. Não importa se ali está uma alternativa para desafogar o transito nas horas de rush. Os supostos moradores não querem, a direção da UNIP conseguiu abrir outra saída para não conflitar e não parece preocupada com o que acontece quando seus alunos usam a saída que desemboca no Parque 10.

Vamos lá IMTT! Vamos lá presidente do IMTT! Qual a explicação para essa situação? Por que não usar essa alternativa de escoamento que já existe? O que impedi o seu uso é uma questão técnica, legal, ou tão somente a vontade de alguns moradores influentes? Existe alternativa em discussão para não ter que incomodar os supostos moradores influentes? Podemos aguardar as explicações sobre esse assunto?