30 de março de 2007

Dá para rolar de rir!

Acompanhar o cotidiano político local é sem dúvida algo que tanto nos faz rolar de rir como chorar de vergonha. Pensando bem, por aqui a coisa anda muito esquisita: tem boi voando e jacaré nadando de costas. E pelo jeito é daí para pior. Vejamos:
Não faz muito tempo, um grupo de estudantes foi espancado pela polícia por que queria discutir a planilha que serviu de espelho para o aumento da tarifa de transporte. Haviam marcado uma audiência com o vice-prefeito, que passou para o prefeito e no final das contas quem recebeu mesmo os estudantes foi a polícia de choque e na base da porrada.
Naquela altura, pelos noticiários dos jornais, o que se entendia é que o vice-prefeito não estava muito a par das coisas, pouco sabia e quase nada tinha contribuído para as discussões a respeito do aumento da tarifa, a exemplo dos vereadores que também foram colocados para escanteio e nada contribuíram nessa discussão.
Passado esse episódio, logo em seguida o vice-prefeito faz uma viagem e, comparando com o que viu lá por onde andou, volta dizendo que o preço da passagem de transporte coletivo de Manaus em R$ 2,00 era justa. Bateu no peito, sacramentou e referendou publicamente a decisão do prefeito quanto ao aumento da tarifa. Naquele instante os vereadores, na sua maioria aliados do prefeito, há muito já estavam convencidos de que a nova tarifa era justa e o povo é que reclama demais.
Quando é hoje, de acordo com o noticiário local, o vice-prefeito resolveu tirar um dia para madrugar num dos terminais e, pasmem, declara ter ficado deprimido, digo, triste com o que viu. Ora, se num só dia ele ficou triste – o que dizer os usuários que vivem esse inferno o ano inteiro.
Segundo declarações do vice-prefeito publicadas em jornal, ele assistiu usuários esperando por longas horas; entrando de sombrinha nos ônibus, pois chove mais dentro do que fora; não encontrou um único fiscal da IMTU; e deu de cara com uma grande parte da frota de ônibus sucateada. Finalizando, ainda segundo o noticiário, disse que se essa coisa não melhorar, não tem como ganhar eleição, ou seja, a reeleição do prefeito, e dele, consequentemente, vai para o brejo.
A verdade é que se o vice-prefeito prestou um pouco mais de atenção nesse seu dia de campo, com certeza deve ter constatado também que abrigos/paradas do sistema expresso, que custaram R$ 132 mil reais cada uma aos bolsos dos contribuintes, estão sendo desativadas e/ou demolidas, pois não serviram e não servem para coisa alguma e já surgiu a idéia de transformar os terminais num shopping para abrigar os camelôs. São R$ 170 milhões indo para o ralo.
Com tudo isso que o vice-prefeito constatou num dia produtivo de trabalho e de convívio com os usuários do caos, digo, do sistema de transporte de Manaus, será que ele ainda defende a sua tese de que R$ 2,00 reais é uma tarifa justa, comparado com o que ele viu por aí? E o povo – será que ele continua achando que só reclama para não perder o hábito? É dose!...

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