4 de dezembro de 2008

Faixa de Pedestre - E eu com isso!...

Sábado passado, pela manhã, saí de casa caminhando para ir cortar o cabelo no bairro onde moro – parque 10. Em frente ao banco Bradesco, parei na faixa branca para tentar atravessar. Outras pessoas já esperavam na beira da calçada. Como nenhum motorista nos dava passagem, resolvi fazer sinais com as mãos para mostrar que estávamos diante de uma faixa de pedestre e que eles (motoristas) tinham que observar para nos permitir atravessar.
De repente, um carro diminui a velocidade e passa bem devagar, mas sem parar. Uma mulher, sentada no banco do carona, abaixa o vidro e grita para mim:
- Sai da frente idiota!
- Não está vendo a faixa de segurança gaiata – respondi no ato e sem pensar.
De lá, mais adiante, a cidadã grita – E eu com isso!
Fiquei sem saber mais o que dizer. Nem adiantaria! O carro já ia distante. Das pessoas que também esperavam para atravessar, apenas uma senhora permaneceu ao meu lado e comentou em voz alta:
- Povo mal educado meu filho! Sorri, peguei no braço da simpática senhora de cabelos grisalhos e juntos atravessamos para o outro lado da pista.
O que chama a atenção nesse episódio, é que isso deve acontecer certamente em todas as faixas de segurança para pedestres da cidade de Manaus. A maioria delas estão encardidas, imperceptíveis ou mal pintadas. Servem apenas de enfeite. Faixa para pedestres respeitadas pelos motoristas, provavelmente só mesmo aquelas onde existe um semáforo. E nem assim é confiável! Onde não tem o semáforo, como no caso da faixa branca onde fui chamado de idiota, ninguém respeita. Daí eu fico imaginando aquele turista descuidado, que vem a Manaus, precisa atravessar uma rua e pisa numa faixa achando que a galera do volante vai parar em respeito. Esse, coitado, tem a chance grande de morrer esmagado ou ser atropelado distante de casa. Aliás, quantos turistas e/ou amazonenses já não foram mortos ou aleijados por conta disso.
Outra coisa curiosa é que existe placa por toda a cidade para alertar o motorista sobre o pardal controlador de velocidade. Lamentavelmente não existe a mesma preocupação com placas para avisar aos motoristas sobre as faixas de segurança para dar passagem ao pedestre e que a sua parada é obrigatória. É respeito à vida! Fica latente a preocupação de colocar placas para proteger o bolso do motorista irresponsável para que não seja multado pelos pardais, porém não se observa a mesma preocupação com placas para proteger os pedestres de serem atropelados e esmagados na tentativa de atravessar uma faixa de segurança.
É um apelo que certamente a sociedade faz aos nossos parlamentares e dirigentes de trânsito. Um dia na semana, pelo menos, para trabalhar na prática e nas ruas essa questão da segurança nas faixas de pedestres. Em lugar de colocarem 2 azulzinhos numa esquina, onde um fica caçando multas e o outro conversando ao celular e na sombra, pega um desses elementos e coloca de plantão nos pontos mais críticos, onde o pedestre precisa hoje de proteção até divina para conseguir atravessar a faixa sem ser atropelado, nem xingado. Idem no caso das placas. Coloquem placas de atenção ao motorista, avisando de que estão diante de uma faixa de segurança e que é obrigatória a sua atenção. Assim como existem as placas para avisar e proteger o bolso do motorista irresponsável das multas pelos pardais, que venham as placas para proteger esses mesmos irresponsáveis de se transformarem em assassinos do trânsito, ceifando vidas de pessoas que já não têm mais condição de atravessar uma faixa com segurança e sem medo.
Aproveito para dizer algo mais. Se tem dinheiro para conveniar com as ong’s e fundações (de políticos, inclusive), porque então não conveniar com os grupos de escoteiros e bandeirantes que existem em Manaus, por exemplo, montando uma programação onde eles ( escoteiros e bandeirantes), aos sábados ou domingos, quando normalmente realizam suas atividades, possam se distribuir nos pontos de faixa de segurança da cidade, próximo de suas sedes, e fazer um trabalho educativo com os pedestres e motoristas. Eventualmente podem inclusive fazer isso nos dias de semana. Sai mais barato do que usar os próprios azulzinhos para fazer esse trabalho ou contratar estudos que não levam a nada. Vão ajudar inclusive a manter ativos esses grupos tradicionais de escoteiros e bandeirantes, que tanto contribuem para a sociedade com as suas atividades, mas que estão cada dia mais esquecidos e sem apoio das autoridades constituídas.

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