24 de janeiro de 2013

GRACILENE BELOTA (II)



No primeiro depoimento, falei de Gracilene Belota e da nossa amizade que vem de longa data. Agora, vou tentar dizer alguma coisa de Gracilene como profissional, como colega de trabalho, como guerreira em tudo que fazia e participava. Gastaria muito tempo para escrever e dizer de tudo, daí a decisão de falar de fatos mais recentes, que mostram exatamente o que era Gracilene Belota como profissional.
Desde o início de janeiro, Gracilene, que já era elétrica em tudo o que fazia e buscava, vinha me manifestando com frequência a sua preocupação com as atividades da sua unidade de comércio exterior. Parecia mais ansiosa do que de costume, preocupada principalmente em deixar tudo pronto e tudo arrumado dentro de sua coordenação, antes de sair de férias.  
O coleguismo e a amizade que nos unia no ambiente de trabalho, permitia que ela (Gracilene) mal acabasse de enviar uma mensagem para mim, e antes mesmo de eu ler o assunto, interfonasse para o meu ramal para repetir tudo o que já havia escrito na mensagem.  Pense numa mulher insistente! E não adiantava eu dizer que não havia lido ainda a mensagem, muito menos tentar empurrar a conversa para outra hora. Ela me fazia escutar tudo e do jeitinho dela.  Essa era a Gracilene Belota, na defesa das atividades de sua unidade e na defesa da sua equipe de trabalho.  
Olhando o comportamento profissional de Gracilene, uma das coisas boas que ela possuía, era o fato de não ter medo ou vergonha de encarar qualquer reunião e de fazer perguntas, muitas perguntas, por mais bobas que pudessem parecer.  Outra coisa. Sabia agir com humildade para aprender e se chegar aos mais sábios, o que lhe permitia crescer e se tornar uma referência nos temas que dominava, ajudada pelo fato de que também falava fluentemente o inglês e se relacionava bem com todas as pessoas. Não era uma profissional só competente, era também uma profissional admirada e querida.
Nesta segunda-feira, 21.01.2013, Gracilene teve um despacho de rotina com o Dr. Thomaz Nogueira, no final do expediente da manhã.  Com certeza absoluta Gracilene falou muito e também deve ter ouvido muito (ambos falam e argumentam muito para defender suas ideias). O despacho durou por mais de 1 hora e Gracilene saiu do gabinete com outro semblante, nitidamente alegre com os resultados. Uma Gracilene diferente daquela inquieta, anciosa e irritada que estávamos vendo nesses primeiros dias do ano.
Nesta mesma segunda-feira, 21.01.2013, já praticamente no final do expediente, depois de nos reunirmos com o Superintendente, este decidiu convocar para o dia seguinte, 22.01.2013, a partir das 9h:30min, uma reunião com todos os coordenadores-gerais, adjuntos e assessores, para discutirmos juntos as ações que estão sendo trabalhadas para compor o plano de gestão da Superintendência. O que não imaginávamos é que essa reunião não viria a acontecer, por conta de uma tragédia que nos abalaria a todos.
Quando saímos do gabinete do Superintendente, o horário de expediente já estava se encerrando. Do lado de fora, encontramos animadamente conversando, de pé, outro grupo de coordenadores. Eram os próximos a entrar para reunião com o Superintendente, mas haviam sido dispensados por conta da reunião marcada para a manhã do dia seguinte, 22.01.2013. Estavam ali naquele instante, Jorge Vasques, meu filho Frederico Aguiar, a secretária do Gabinete, Socorro Abtibol, e ela, Gracilene Belota, sempre alegre e sorridente, falando de viagem, da filha Gabriela, do cachorro de estimação, da sobrinha na Alemanha. Comentou alegre a audiência com o Superintendente no final da manhã, mostrou fotos, tomou café, derramou café, sem jamais imaginar que estava ali participando do seu derradeiro momento em vida com alguns de seus colegas de trabalho.
Eu não parei para participar da conversa e da brincadeira dos colegas que estavam ali fora do gabinete, como normalmente faço. Eu passei por eles apenas acenando e, ao bater os olhos em Gracilene Belota, ela sorria. Dessa vez não mexi com ela, nem ela mexeu comigo. Continuei andando rumo à minha sala, sem imaginar que estava levando comigo a última imagem de minha colega e amiga, viva. A imagem do seu sorriso. A imagem que vou guardar carinhosamente para sempre.
As 19h:47min minutos do dia 21.01.2013, Gracilene Belota confirmou para a secretária do gabinete da superintendência, a leitura em seu computador da convocação da reunião do dia seguinte, 22.01.2013, às  9h:30min. Para quem conheceu Gracilene, já deve ter saído da Suframa, rumo ao seu condomínio, pensando e reunindo na memória as informações para defender suas ideias e ações na reunião convocada. Só não imaginava que estava a caminho de uma tragédia, para uma armadilha dentro de sua própria casa, montada por quem dela só recebia atenção, carinho e amor.

2 comentários:

  1. Vânia Novoa Tadros25 de jan. de 2013, 13:16:00

    Baladeira, que homenagem bonita e feita com amor a sua querida amiga! Realmente, não se pode mais seguir aquele adágio: Fazer o bem sem olhar a quem. A Gracilene pensava que sua vida estava relativamente tranquila e a cobra peçonhenta estava na sua própria casa . Minha sentida soldariedade.

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  2. Que linda homenagem a minha Eterna Chefe (Maria Gracilene Roberto Belota), é como eu a chamava em nosso Departamento, tive o provilegio de trabalhar com este ser que era Iluminada,gentil, encantadora, amavel, compreensiva, na verdade um Anjo que Deus pôs em minha vida, durante quase quinze anos que estive na SUFRAMA, uma Mãe de tamanha grandeza que só Deus para descrevela.
    E tudo isso eu lhe disse em vida, sou grata a toda minha carreira na COGEX, e ainda nãoa credito que ela se foi. Conheci uma Graclene Guerreira, forte, brava rsrsrs e muito, muito companheira. Onde quer que esteja saberá do Amor e Admiração que tenho por ela.
    Infelizmente as homenagens a Pessoas como ela, só aparecem depois que deixam esse plano de vida.
    Aqui fica o meu agracedicemento.

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