É curioso observar o
comportamento de alguns políticos e de algumas autoridades diante de certos
problemas de interesse da população. Como exemplo, podemos citar a questão
grave de rompimento de adutoras na cidade de Manaus. Agora todos falam, ameaçam e propõem o
rompimento do contrato com a empresa Manaus Ambiental. De repente surgem
dúvidas e comentários dos mais esdrúxulos. Uns dizem que o contrato foi feito
na malandragem, outros falam que a empresa não presta, e assim por diante...
Em resumo, sempre que acontece
algo de grave no sistema, todos possuem um motivo e uma explicação para propor
a quebra do contrato e dar um chute na bunda da empresa que ora cuida do
tratamento e fornecimento de água da cidade. Na verdade, nada do que estão
falando e propondo agora é novidade. Vai vir o terceiro rompimento de adutora e
eles voltarão para repetir tudo de novo.
Se a coisa é ruim, tem mais é que
acabar mesmo. Porque nunca acaba? Se a empresa não presta, tem mais é que levar
um chute na bunda. Porque ainda não levou? Fica tudo no discurso. Enquanto der
ibope, esses eventos vão ser explorados exaustivamente até cair no esquecimento.
Só vai ser relembrado quando outra adutora explodir em algum ponto da cidade. Quem
sabe algo de concreto venha a acontecer se o próximo rompimento ocorrer em alguma
área nobre da cidade, entre aqueles que com certeza não vão aceitar desculpas,
tampouco receber ajuda de custo para se mudar para uma quitinete, com um
colchão na cabeça, um fogão e com botija de gás.
Ainda com relação a esse tal
contrato com a Manaus Ambiental, é bom
lembrarmos que estamos falando de uma empresa terceirizada. Não podemos
esquecer, também, que quem decidiu pela terceirização foi o próprio poder público,
com o aval político do parlamento. Lá atrás, todos queriam se ver livre da
COSAMA, ironicamente chamada de COLAMA,
criticada e odiada pelos usuários dos seus serviços. Quem não lembra disso? Não dá para ninguém agora
querer ficar escondendo o rabo, nem querendo nos convencer de que com a COLAMA
nós éramos felizes e não sabíamos.
Se o contrato foi feito na
malandragem e a empresa não presta, porque será que só agora despertaram para isso? Porque esperaram acontecer algo de trágico para
denunciar o que já sabiam há muito tempo? O contrato, senhores, não é
unilateral. A empresa tem os seus deveres e suas obrigações, mas o poder
público que assinou junto, também tem seus deveres e suas obrigações. A empresa
não cumpriu a sua parte. Será que o poder público cumpriu a sua parte? Quem foi
que deixou os serviços do contrato chegarem nessa situação de caos? Não terá
faltado mais presença, mais pulso, mais cobrança e fiscalização de parte do
poder público? E os investimentos pactuados no contrato, porque não
aconteceram? Porque o poder público esperou tanto para conferir e cobrar os
investimentos que não vinham acontecendo?
Vamos imaginar que a empresa venha a pagar pela má gestão do sistema com a perda do contrato, multas, etc. Dai fica a pergunta: e aquelas autoridades do poder público que negligenciaram ao longo dos anos e deixaram o contrato chegar nessa situação, vão pagar como?
Vamos imaginar que a empresa venha a pagar pela má gestão do sistema com a perda do contrato, multas, etc. Dai fica a pergunta: e aquelas autoridades do poder público que negligenciaram ao longo dos anos e deixaram o contrato chegar nessa situação, vão pagar como?
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