26 de junho de 2010

É véspera!

25 de junho de 2010. É véspera das minhas férias. Já estou em São Paulo, o dia está acabando, o frio está suportável, a internet do hotel é cortesia e o sono não veio ainda. Resolvi então comentar esse dia especial para mim. Brasil e Portugal se enfrentaram pela Copa 2010 e não saíram do zero a zero. Quem achava que dava para ganhar, agora deve estar satisfeitíssimo com o empate. Restou a alegria do fato de que vamos enfrentar o Chile com grandes desfalques na sua defesa. Neste instante, na televisão, 10 horas da noite, enquanto escrevo este comentário, acompanho também a apresentação do Boi Garantido em Parintins. Sem dúvida é um belo espetáculo que agora o Brasil inteiro tem oportunidade de assistir.

Para embarcar hoje, em Manaus, a situação no Aeroporto Internacional estava complicada. Imaginei que o embarque seria uma moleza, mas fomos surpreendidos por filas do lado de fora e a demora no despacho do lado de dentro. Os agentes das companhias, agitados, tentavam compensar o estresse dos passageiros, dando explicações para a aglomeração de pessoas, algumas irritadas pelas dificuldades de obter informações mais precisas. Um movimento intenso de pessoas rumo a Parintins nos passa a idéia de que a festa da Ilha continua forte e atrativa.

Outro problema que já chama atenção no Aeroporto de Manaus é o estacionamento, sempre congestionado. O espaço para embarque e desembarque (veículos diversos/taxi) está muito acanhado e em determinados momentos é uma verdadeira bagunça. As obras na entrada do estacionamento não acabam nunca e de cara já dá para observar que não vai ficar legal. A começar pelas máquinas velhas que não foram trocadas e que pelo jeito não serão substituidas mesmo.

Já dentro do avião, além do tempo maravilhoso do lado de fora, a única novidade foi o desempenho do comandante ao se dirigir aos passageiros para dar suas boas vindas. Surpreendeu a todos! Ficamos na dúvida se no comando do avião estava um piloto/comandante ou um locutor de rádio comunitária. Esse, se desejar trocar de profissão, com certeza arruma emprego fácil de locutor em qualquer arraial. De resto, tudo igual! Serviram biscoitinho da Bauducco, bolachinha creme cracker, copo de refrigerante e bombom de maça verde.

Ainda no avião, aproveitei as mais de 3 horas de vôo até São Paulo para dar um cochilo e ler o roteiro do passeio que começa amanhã por Santiago, no Chile e vai terminar em Buenos Aires, na Argentina. Conferi vários folders que amigos me passaram. Muita coisa bonita, mas com certeza o tempo e a grana serão curtos para conhecer tudo o que tem de belo nesses lugares. Na medida do possível, vou comentar o dia a dia de minhas férias aqui no blog.

22 de junho de 2010

Dê preferência à vida!

A notícia que um estudante foi morto estupidamente com um tiro na cabeça por causa de uma discussão no trânsito é chocante, mas com certeza não é nenhuma novidade nesse mundo cão e de violência assassina em que estamos vivendo, onde apertar o gatilho de uma arma mortal parece tão natural. É atirar, matar, fugir do flagrante e depois aparecer com um advogado em qualquer delegacia, já com a certeza da liberdade garantida até que a nossa justiça resolva fazer a sua parte. Enquanto isso, do outro lado da tragédia, uma família chora uma perda irreparável.

Não foi o primeiro e, lamentavelmente, não será o último caso de assassinato dessa natureza. Outras tragédias como esta se repetirão. Pessoas que em lugar de bancar o frouxo ou o covarde diante de situações de conflito na rua ou no trânsito, preferem parar o carro e, de sangue quente, descer para tomar satisfação com seu oponente que, dependendo do perfil, pode dar àquele instante de conflito, apenas duas únicas opções – matar ou morrer. O estudante assassinado, para tristeza de todos nós, quando desceu do carro disposto a encarar o seu opositor, não imaginou que estava indo enfrentar um potencial assassino e ao encontro da própria morte.

Nesta tragédia, o que mais chama a atenção é o envolvimento de um homem da policia, ou seja, uma pessoa que demonstrou estar totalmente despreparada para o porte de uma arma de fogo. Por ser um policial, imagina-se que deveria saber como agir diante de um opositor em desvantagem, desarmado, sem ter que apertar o gatilho contra sua cabeça e matá-lo de forma tão covarde e estúpida. Eu me pergunto: quantos policiais armados, tão potencialmente despreparados quanto este, podem estar circulando neste instante pela cidade? Aliás, será que pelo menos a arma que este policial portava já foi recolhida? Porque motivo estava armado? Estava em horário de serviço ou costuma desfilar armado por simples exibicionismo?

Nada vai trazer de volta o estudante para os seus familiares e amigos. Que Deus conforte o coração dessas pessoas; que a justiça faça a sua parte, mas que nós façamos também uma reflexão quanto ao comportamento em situações como esta. Numa situação de conflito na rua ou no trânsito, evite o confronto exacerbado com seu opositor. Vá a uma delegacia mais próxima, preste queixa e deixe que a polícia e a justiça façam suas partes. A vida em paz é mais interessante. Dê preferência à vida!

A alegria do reencontro!

A única novidade boa para mim nesta segunda-feira parecia ser a goleada de Portugal sobre a Coréia do Norte na Copa 2010. Para ser sincero, um bom motivo também de alegria, afinal, tenho sangue bom português correndo em minhas veias. Mas, na volta para casa depois do trabalho, já na boca da noite, minha esposa lembrou que precisávamos comprar um balde. Resolvemos então parar no supermercado mais próximo. Pegamos o balde, algumas outras coisas mais e nos dirigimos ao caixa rápido.

Já na fila, distraído, ouço uma voz que parecia querer chamar a minha atenção. Olho para trás e tenho uma grata e maravilhosa surpresa. Sorridente, um velho e querido amigo de infância me cumprimenta. Vem até a mim e nos demos um forte, longo e fraterno abraço. Era meu amigo de rua na infância, carinhosamente conhecido entre os colegas como CICA. Crescemos juntos na Avenida Getúlio Vargas, entre as ruas Leonardo Malcher e Ramos Ferreira. Seus irmãos, Jara e Brasil, e meus irmãos de criação, Agostinho e Cláudio (já falecido), fomos todos criados juntos na mesma rua.

Cica, Jara e Brasil eram os negros mais estimados e festejados de toda a molecada da Getúlio Vargas. Eles moravam com seus pais numa casa bem próxima à entrada da Vila Paraíso, existente até os dias de hoje. Assim como a Vila Mimi, um pouco mais abaixo, bem ao lado da casa onde eu morava com meus pais e avós. Para que tenham uma idéia, nada acontecia na turma da rua sem a participação de CICA, um craque de bola, e Jara um exímio empinador de papagaio. Brasil, o mais velho dos irmãos, dedicava-se ao escotismo. A maior lembrança que guardo dele (Brasil) na memória, é quando saía de casa aos sábados, vestido com a sua farda de escoteiro impecável, cheia de condecorações conquistadas. Seu amor ao escotismo fazia inveja a todos os colegas.

Naquele tempo, duas coisas nos faziam os moleques mais felizes do planeta, particularmente aos domingos. A pelada pela manhã no campinho inclinado da casa da dona Chaguinha, e a brincadeira de papagaio que durava uma tarde inteirinha, com a participação dos adultos, como meu pai, Luiz Aguiar, Klinger Costa e outros. Aos sábados, quando não passávamos o dia inteiro jogando bola no campinho de Dona Chaguinha, íamos jogar em outros campos ou quadras  da cidade, sempre tendo CICA como a estrela principal do nosso time e a garantia de muitos gols.

Ah! Como éramos felizes! Gostaria de falar um pouco de todos esses queridos e inesquecíveis amigos de infância, o que certamente farei em outras oportunidades. Agora, neste instante, quero dedicar essa mensagem particularmente ao meu querido amigo de infância, CICA, que hoje me proporcionou uma imensa alegria. A alegria indescritível do reencontro. Mais velho, com os cabelos já grisalhos, assim como os meus, porém o mesmo CICA dos velhos tempos de nossa infância e juventude, sempre com um sorriso nos lábios e um olhar que nos transmite paz e alegria. Que Deus abençoe o meu amigo CICA e que possamos nos reencontrar outras vezes para recordarmos daquele tempo quando, sob a proteção de nossos pais, tínhamos uma única preocupação – a de sermos moleques sadios, alegres e felizes.