14 de setembro de 2006

Detran - cadê o kit?

Recentemente a mídia local divulgou um fato curioso que merece a atenção do contribuinte. Aconteceu um acidente grave na estrada Manaus/Itacoatiara e a perícia foi convocada até o local. Chegando lá, o perito para poder executar a perícia, pasmem, precisou arrumar emprestado uma lanterna e uma fita métrica. A lanterna pelo jeito foi fácil. Quanto à fita métrica, o perito precisou usar os pés para fazer as medidas e executar o seu serviço. Imaginem essa cena! Tão lamentável quanto o próprio acidente.
Destaque-se que não se trata de uma invenção da mídia. O próprio perito aproveitou a chance de ser entrevistado e tratou de denunciar as condições precárias de trabalho. Muito corajoso de sua parte, pois corre o risco de ser enquadrado, desmentido publicamente, ou seja, chamado de mentiroso, e ainda punido por ter denunciado o que não devia.
Temos que reagir a situações dessa natureza. Como contribuintes, pagamos (e não é pouco) para que situações como esta não aconteça. Desta feita está acontecendo com a perícia. Daqui um pouco o contribuinte chama uma ambulância e ela chega ao local do acidente sem a maca para socorrer os feridos ou o paramédico sem luvas, sem estetoscópio e sem esparadrapo para um atendimento de urgência.
É uma situação que podemos considerar imperdoável. O Detran do Amazonas, salvo melhor juízo, é o segundo maior arrecadador do Estado, só perdendo para a SEFAZ. Possui uma máquina de fazer dinheiro, que são os corujinhas espalhados pela cidade, sem falar numa boa parcela dos azulzinhos que ficam nas esquinas gastando mais caneta com a aplicação de multas do que apito com a organização do trânsito. A menor multa paga hoje por um infrator, salvo melhor juízo, é suficiente para comprar e montar no mínimo meia dúzia de kits com 1 lanterna simples, 1 fita métrica simples, papel, caneta, prancheta e giz. E ainda pode sobrar troco para mais alguma coisa.
Imaginem a situação do contribuinte que normalmente espera horas para ser atendido pela perícia e, quando aparece, o perito precisa pedir emprestado as ferramentas mais elementares do seu trabalho. Essa é uma situação que merece a atenção dos contribuintes e em particular dos órgãos de controle e fiscalização. Trabalho também para os nossos ilustres deputados e vereadores - afinal foram eleitos para fiscalizar e defender os interesses do cidadão. Quem sabe uma sessão extra para motivar a discussão dessa questão?
Até prova em contrário, é no mínimo descaso. O contribuinte quando está no trânsito e é flagrado pelos chamados "corujinhas" – imediatamente é chamado para prestar esclarecimentos, é multado, leva ponto na carteira e em alguns casos é até obrigado a participar de um curso de reeducação no trânsito. Tudo perfeito! É isso mesmo que deve ser feito!...
Mas, lamentavelmente, esse não é o mesmo tratamento dado aos dirigentes dos órgãos públicos que negligenciam no cumprimento de atividades estratégicas de atendimento ao contribuinte/cidadão. Normalmente costumam dar as desculpas mais idiotas possíveis para as mazelas e fica por isso mesmo. Por exemplo: qual deve ser a desculpa pela falta da lanterna e da fita métrica no carro da perícia no acidente da Manaus/Itacoatiara? Já sei! – do perito que ficou empolgado com a presença da imprensa no local do acidente e resolveu contar uma mentirinha boba para brincar com o chefe e os colegas de trabalho.
Grande parte disso tudo é culpa nossa (contribuintes) que silenciamos diante desse e de tantos outros casos ainda mais preocupantes. Mudar não é fácil – o importante é não desistir. O Clube da Baladeira é um espaço criado para exercitarmos a nossa cidadania e manifestarmos a nossa indignação com fatos dessa natureza, exigindo das autoridades competentes as providências cabíveis. A gente chega lá!...

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