28 de maio de 2007

Espantou - e só!...

Recentemente uma deputada interrompeu uma reunião da Câmara de Deputados e aos prantos contou ao presidente da mesa que foi ofendida pelo seu colega da casa, o deputado Clodovil. Com todo respeito, confesso que fiquei muito mais espantado do que comovido com os prantos da ilustre deputada. O que não significa que eu aprove o que fez o seu agressor, que todos ali naquela casa, e no Brasil inteiro, já conhecem o perfil. Ele não costuma durar muito por onde passa e aqueles que estão aterrorizados com o poder de fogo da sua língua dentro da Câmara Federal, com certeza não querem arriscar a idéia de provar do veneno e já pensam em aproveitar a situação para mandar o deputado de volta para casa. Difícil vai ser explicar para a sociedade uma possível cassação de Clodovil, depois de perdoarem a maior parte da turma do mensalão. A ofensa do deputado à colega na verdade não teve a repercussão proporcional à sua gravidade, provavelmente por ter sido praticada contra um membro do Congresso Nacional, cuja imagem e credibilidade perante a sociedade é ruim demais há algum tempo e só tem piorado.
É o que eu disse: espantou – e só!
Tivesse sido praticada contra qualquer outra pessoa de outro ambiente, a reação popular com certeza teria sido bem mais contundente. Cabe com certeza uma rigorosa advertência ao deputado, que não é nenhum bobinho, nem santinho, e que depois de mais esse barraco, quem sabe não vai pensar duas vezes antes de arrumar outro babado.
Até este momento, como deputado, e até prova em contrário, o Clodovil já mostrou ser um exótico decorador de gabinete e um exemplo claro do que significa ser um peixe fora d’água. Por enquanto, salvo melhor juízo, em termos de Congresso Nacional, o deputado Clodovil está igual aquele sujeito escolhido para ser um secretário de agricultura, mas que não conseguia distinguir um boi de um pé de couve. Porém, considerando o estágio atual em que chegou a imagem do Congresso, faz menos mal ao povo se estressar com os ataques e barracos do deputado Clô, do que com os ataques ferozes aos cofres públicos praticados por um punhado de deputados e outros homens públicos que estão afogando o nosso Brasil na corrupção.
Por último, eu gostaria de entender porque os deputados no Congresso só conseguem atingir o ápice da sua sensibilidade e emoção, soluçar e derramar lágrimas frente às câmeras, quando é para se autodefender do indefensável ou para se lamentar de supostas ofensas pessoais praticadas por outros colegas de parlamento. E quando uma nação inteira é ofendida e estrupada por alguns deles, como foi no caso do mensalão e agora na operação navalha, porque será que não aparece ninguém correndo aos prantos até a mesa da presidência ou até a tribuna, para interromper os trabalhos e pedir aos seus parceiros, em nome do povo brasileiro, mais respeito, mais dignidade e mais vergonha na cara?

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