9 de fevereiro de 2008

Cartão Corporativo nas Escolas Públicas


O assunto do momento é o tal cartão corporativo. O cartão ou a idéia do cartão na verdade não tem culpa alguma das péssimas notícias que rolam em torno dele. Isso me faz lembrar o caso da SUDAM, quando seus gestores a levaram para o abismo. Nenhum dos gestores e empresários corruptos foi e/ou está preso pelo mal que causou à instituição. Daí então o que fizeram as autoridades? Acabaram com a organização que não teve culpa alguma dos maus gestores que por lá passaram. Depois de alguns anos resolveram ressuscitar a antiga SUDAM, que na verdade continuara existindo com outro nome - ADA. E o que acontece agora? Simplesmente quando alguém hoje pronuncia esse nome, SUDAM, na cabeça do cidadão a primeira coisa que vem na memória é a imagem de um belo exemplar Bull Frog (tipo de rã). Para quem conhece a história, não preciso explicar.

No caso do cartão corporativo está sendo a mesma coisa. Vão acabar com o cartão e aqueles que o utilizaram mal ou indevidamente, vão ficar andando por aí confiantes que a memória curta do brasileiro vai prevalecer, a CPI (se sair) vai virar pizza e os processos administrativos de ressarcimento que porventura forem em frente, acabem caducos na gaveta de alguém.

Em Manaus, exatamente quando o cartão é alvo de todos os ataques, surge a notícia de que vão usá-lo nas escolas públicas. Quem conhece ou já ouviu falar do dia a dia das escolas públicas, com certeza sabe da importância da direção da Escola dispor de uma verba para cuidar dos problemas e dos imprevistos que acontecem no cotidiano. Em algumas escolas, e não vou aqui falar nenhuma novidade, diretores(as) e professores(as) se cotizam para poder ter a Escola limpa, para ter água potável para os alunos e professores beberem, eliminar goteiras, ratos, etc. E mais! - autoridades, políticos, pais e alunos sabem disso – e fica por isso mesmo, pois tem sempre alguém que aparece prometendo que tudo vai ser resolvido, principalmente em ano político.

Sou a favor do cartão corporativo para as Escolas. Repito! O problema não está no cartão, e sim na mão de quem você coloca esse cartão. No caso das Escolas, vai estar nas mãos dos diretores das unidades e a fiscalização da aplicação da verba pode e deve ser fiscalizada por um comitê formado por professores, alunos e pais. Creio até que já existam esses comitês com outro nome, no caso da merenda escolar. Obviamente que não se deve criar uma camisa de força no caso do cartão corporativo, pois o(a) diretor(a) precisa ter flexibilidade para decidir o que fazer com uma determinada parte da verba, principalmente nas situações de emergência, mas não poderá se eximir de explicar e prestar contas do uso da verba para a comunidade da Escola.

Entre os alunos, em qualquer escola, existe com certeza muitos com responsabilidade, liderança e bom senso. Meninos e meninas humildes, mas com boas idéias, discernimento e conduta de fazer inveja a qualquer marmanjo e/ou autoridade. Se orientados sobre a importância do cartão corporativo, para que serve e como devem proceder para que a verba seja bem aplicada dentro da Escola e em benefício deles próprios, creio que temos garantido 90% da sua boa aplicação. Hipocrisia achar que só os adultos, só a polícia, só os fiscais da secretaria de educação podem oferecer uma boa fiscalização. Não é esse o exemplo que temos visto na nossa sociedade.

Acredito no cartão corporativo nas Escolas, pois o cartão não é o problema, é uma solução. O que pode vir a ser problema na aplicação desse cartão, a solução não é mistério, basta vontade política para criar uma boa fiscalização envolvendo professores, pais e alunos, sem diminuir nem menosprezar a enorme contribuição que os próprios alunos podem oferecer a esse processo, se devidamente orientados e estimulados.

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