9 de setembro de 2009

O Xerife e o Ser Humano Klinger Costa

Ao ler os comentários de MENGA JUNQUEIRA sobre a figura de KLINGER COSTA, fui buscar imagens de minha infância na Avenida Getúlio Vargas, quase esquina com a Ramos Ferreira. Morei bem próximo à casa de Klinger Costa, o Xerife, Ferreira Pedras, o português dono da Casa dos Vidros, e Jorge Aucar, uma das maiores autoridades médicas de nossa cidade naquele tempo. Jorge Aucar faleceu há pouco tempo e agora quem nos deixa é Klinger Costa.

Estou falando do final dos anos 60, início de 70, quando na Getúlio Vargas, praticamente todas as tardes de domingo, um trio de amigos se reunia para brincar de empinar papagaio. Meu pai, Luiz Aguiar (já falecido), tio Klinger e os filhos ainda pequenos, Arthur e Adriano, e mais tio Jorge Aucar. Eles eram carinhosamente chamados de tios e deles recebíamos o tratamento como se fossemos filhos e não sobrinhos arrumados.

Éramos todos ainda crianças e/ou adolescentes. A nossa participação na brincadeira se resumia na alegria de ir comprar e escolher os papagaios (sempre os maiores e mais bonitos) juntamente com as linhas de cerol. Era uma boa caminhada até a casa de Mestre RUSSO, na Joaquim Nabuco, próximo à Avenida Sete de Setembro. Russo, também já falecido, foi o maior artesão/artista que Manaus já viu na arte de fabricar um papagaio de papel. Eram perfeitos! Eram lindos e ajudavam a tornar as nossas tardes de domingo coloridas e felizes. Mas quem brincava prá valer e de verdade eram eles – Luiz Aguiar, Klinger Costa e Jorge Aucar. Eles que faziam as tranças de papagaios no ar. Eram bons nisso e se divertiam como crianças quando conseguiam cortar e aparar outro papagaio. Nós ficávamos ali em volta torcendo e correndo atrás de algum papagaio quedando ou então brincando de bole-bole. Era uma festa!

Foi assim que eu conheci Klinger Costa. Primeiro conheci o tio Klinger, depois aos poucos fui conhecendo o ser humano e o xerife Klinger Costa, que na condição de autoridade da lei e da ordem na cidade, tinha o reconhecimento da população e era temido e respeitado pelos marginais e pelos bandidos. Manaus era uma cidade com bem menos habitantes e, desta forma, entendo que ficava mais simples e mais fácil impor a ordem. Obviamente que a figura do Xerife naqueles bons tempos espelhava maior respeito e segurança. Com o advento da Zona Franca, Manaus cresceu de forma estúpida, acelerada e desorganizada, contribuindo para o crescimento dos problemas de violência. É o preço que estamos pagando até hoje. Quanta saudade do tempo em que podíamos colocar a cadeira na calçada, curtir um bom papo com os amigos da vizinhança e acompanhar as brincadeiras da meninada.

Ao Xerife Klinger Costa, ao cidadão Klinger Costa, ao tio Klinger Costa de minha infância – o meu adeus carinhoso e a minha saudade.

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