21 de setembro de 2010

Verdades e estórias sobre a agricultura.

Autor: (*) Paulo Sérgio Benzecry Cal

Muito vem se falando sobre a agricultura desde o tempo em que o homem se estabeleceu no vale da Mesopotâmia há mais de 10.000 (dez) anos.
imagem:juinavernelha.blogspot.com

De cem anos para cá muitas questões novas ou ressuscitadas que apresentam o viés contraditório com os acontecimentos históricos e comprovados do crescimento da agricultura enchem o imaginário de pensadores que não reconhecem ou não querem reconhecer os avanços que a moderna tecnologia trouxe ao setor.

Separar as verdades dos mitos tem sido uma luta inglória, posto que, dependo dos interesses envolvidos ou das ideologias presentes nos artigos publicados a visão vem recheada de questionamentos dúbios e imprecisos. A dubiedade é certamente a mais perigosa das questões envolvidas, isto porque, trazem, sim, uma parcela de caráter verdadeiro que confundem e dão credibilidade as mais desbaratadas teorias.

As questões perpassam por idéias filosóficas, astrológicas, religiosas, políticas, sociais, técnicas, humanísticas, sanitárias e etc. Vá se acreditar em tudo e depois fazer uma doação mensal ao Analista, para tentar conviver harmoniosamente com tantos medos.

Parece-me que a muito já é chegada a hora de encararmos a questão de forma racional e cientifica. Afinal, nos dias de hoje o conhecimento cientifico da agricultura transforma qualquer solo em solo fértil e propício à atividade agrária.

O Brasil deve ao trabalho magnífico realizado pela Embrapa, através do seu corpo técnico, desde a sua criação na década de 1970 (7/12/1972), à agricultura baseada na pesquisa cientifica e no árduo trabalho de campo e de laboratório, que colocou o Brasil no lugar de vanguarda e na liderança da produção de muitos produtos agrícolas.

Salvo os falsos amantes dos casebres com cobertura de palha e piso de paxiúba (olha a questão da degradação ambiental), logicamente para os outros, já que as suas casas ou apartamentos contam com os ares da modernidade, é que são propagadores de uma agricultura arcaica, devastadora do meio ambiente e improdutiva, os demais, que fazem parte de uma maioria silenciosa, sabem perfeitamente que os corretivos de solo, fertilizantes, pesticidas e etc., são os responsáveis pela pujança da agricultura moderna. Sem ela a fome teria, já nos tempos atuais, uma dimensão catastrófica global.

A questão principal hoje é combater a fome de uma população mundial beirando os 7 (sete) bilhões de indivíduos, situação que deverá se agravar na próxima década, se o crescimento populacional continuar no ritmo atual, principalmente porque os países que mais crescem são exatamente aqueles mais pobres. Uma das soluções e a mais viável é a intensificação de investimentos na produção de alimentos, através da pesquisa e do desenvolvimento. A ciência é a única saída possível para a questão da fome. Não é tempo de buscar na utilização da agricultura primitiva, devastadora e improdutiva, a solução dos problemas.

Os problemas gerados pela agricultura com a utilização de agrotóxicos e fertilizantes, da devastação da cobertura vegetal, da derrubada das matas ciliares dos cursos d’água e das suas nascentes, devem ser encarados e a sua solução encontrada com a utilização da ciência, não é um mágico ou xamã que resolverá a questão.
(*) Coordenador-Geral da CGPAG - Coordenação Geral de Análise e Acompanhamento de Projetos Agropecuários da Suframa.

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