25 de março de 2009

Intolerância do apóstolo!



Do vereador e apóstolo Marcel:
“A votação e tudo que a gente faz interfere no conceito da
sociedade que nos elegeu para defender os seus interesses.”


De minha parte o vereador está redondamente equivocado. Os meus interesses não rimam com intolerância religiosa. Se o vereador acredita mesmo no que declarou, tentando justificar a sua intolerância à sociedade, fico curioso em saber qual será a sua justificativa para aceitar se vestir e se calçar para trabalhar metendo a mão no bolso do contribuinte todos os anos? Eu tolero a idéia do título de utilidade pública para a Associação das Prostitutas e vou explicar por que mais adiante, mas não tolero ver meterem a mão no meu bolso e de todos os contribuintes, inclusive na bolsa das prostitutas, para pagar kit paletó para político andar engomado e arrumadinho.

Enquanto a prostituta, sem máscaras, vende o corpo nas praças públicas, nas esquinas, bares e boates, a grande maioria tentando sobreviver, gente da elite política, e não são poucos vereador Marcel, basta ler e ouvir os jornais todos os dias, vendem o corpo e a alma em troca de votos, cargos e perpetuação no poder. Será que estamos mentindo vereador? E aí! Cadê o seu discurso de intolerância em relação a isso e outras coisas graves, gravíssimas, que estão acontecendo diante do seu nariz? Ou será que vai nos dizer que não está acontecendo nada!

Mas, já que o nobre vereador é religioso, creio que não precisamos lembrar que prostituição e prostitutas existem desde antes de Jesus Cristo. E mais! Daquele tempo para cá, os poderes públicos e os homens públicos como o senhor, caro vereador, eleitos inclusive com o voto das prostitutas, e que teriam o dever de encontrar a solução para esse problema, em vez disso só conseguiram mesmo é afiar a língua, atrofiar as idéias e engrossar o discurso da intolerância.

Cansadas de esperar por políticos e por políticas públicas decentes, as prostitutas se organizaram e agora querem apenas um instrumento para que elas mesmas possam correr atrás de ajuda e benefícios que, pela constituição, é um direito de todos. Se o vereador acha que não ficou devendo desculpas às prostitutas pela sua postura e intolerância diante do assunto, pelo menos quando encontrar uma delas, quem sabe até uma eleitora sua, que tenha pelo menos a dignidade de agradecer o voto, o salário, as mordomias e o kit paletó que recebe para andar engomado e arrumadinho. Ela também paga por tudo isso e muito mais.

Por aqui vamos continuar atentos. Se meu vereador, que alias também é religioso, seguir essa linha de intolerância, uma coisa é certa – vão ficar sem o meu voto e de muitos outros.

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