6 de abril de 2010

Meu amigo Weber Medeiros

Hoje pela manhã, dirigindo-me ao centro da cidade para deixar minha esposa no seu trabalho, de repente ela surpresa me chama a atenção e diz:

– Olha o Dr. Weber dirigindo aqui ao nosso lado.

Muito tranquilo como sempre, ali estava Weber Medeiros dirigindo o seu carro sozinho ao volante. Uma imagem que para muitos dos seus amigos mais próximos parecia impossível, depois de ter passado por um grave problema de saúde há alguns anos atrás. Senti naquele instante uma profunda alegria em ver meu amigo dirigindo o seu carro e confesso que tenho todos os motivos para dar esse depoimento sincero e de coração.

Conheci Weber Medeiros primeiro apenas pelo nome. Trabalhávamos para o mesmo governo estadual, sendo eu numa empresa estatal e ele, salvo engano, numa empresa de assistência técnica rural, ambas vinculadas à secretária de produção rural. Certo dia, presenciei uma  conversa paralela em reunião, onde o assunto girava em torna da decisão de substituição do Dr. Weber Medeiros por motivos de rebeldia. Conclui que havia uma insatisfação dos dirigentes maiores, que não aceitavam a postura do Dr. Weber em não cumprir certas determinações que ele analisando entendia contrárias às regras da sua organização. Não obedecia e ponto final. O fato é que ele acabou mesmo sendo afastado e eu fiquei um tempo sem saber o rumo que tomou aquela figura que eu passei a conhecer a fama apenas pelo nome. Diziam ser um profissional competente, um bom líder, mas um tremendo cabeça dura.

Anos depois, já trabalhando no meu atual emprego, reencontrei novamente Weber Medeiros, desta feita como diretor-presidente de uma Fundação criada pela Suframa, na gestão Igrejas Lopes, para cuidar das questões do setor agropecuário. Mais uma vez encontrei Weber Medeiros numa situação difícil, ou delicada, melhor dizendo. Era um momento de mudança de governo e já havia uma decisão política pela substituição de Weber Medeiros na direção da fundação. Desta feita não era por rebeldia, mas por vontade política daqueles que estavam assumindo o poder local. Seu discurso improvisado de despedida, na presença de algumas autoridades, deixou o ambiente ao mesmo tempo silencioso e tenso. Suas palavras pareciam marcar ponto a ponto o futuro da fundação (que não existe mais), diante dos fatos que resultaram na sua substituição e a realização daquela solenidade. Se seu substituto tinha um discurso para aquele momento, sinceramente ninguém ouviu. O nervosismo das palavras do novo dirigente, diante do que foi dito minutos antes por Weber Medeiros, era acompanhado pelo barulho incessante de um molho de chaves batendo uma nas outras, pendurado no bolso de trás da sua calça jeans. O barulho das chaves na verdade era mais perceptível e compreensível do que o discurso que o dirigente que tomava posse tentava passar.

Ficamos amigos a partir daquele dia inesquecível na sede da Fundação na BR-174, cujo acesso ainda era complicado, pois nem asfalto ainda existia.  Pouco tempo depois nos tornamos colegas de trabalho. Foi através da amizade com Weber Medeiros que eu pude conhecer e me aprofundar numa série de assuntos e atividades do setor primário e agropecuário, que sozinho certamente eu levaria muito tempo para aprender. Nunca ouvi um não de Weber para os meus questionamentos profissionais, assim como nunca sai de frente da sua mesa de trabalho sem os aconselhamentos que ia buscar para emitir meus pareceres ou relatórios. Sem falar nas broncas e conselhos como amigo e irmão mais velho, principalmente quando estamos fazendo o que ele mais gosta nas horas de lazer que é pescar. É reconhecidamente um exímio pescador e atirador.    

Sem jamais se omitir ou deixar de transmitir os seus conhecimentos e experiências profissionais, Weber Medeiros acabou se transformando numa espécie de pai, padrinho, irmão mais velho e guru deste e de muitos colegas que tiveram a felicidade de trabalhar e aprender com ele. Um exemplo de profissional e amigo que há pouco tempo atrás viveu momentos difíceis de saúde, mas que não foi esquecido por aquele lá de cima, que ouvindo os apelos de nossas preces, colocou-o de volta entre nós, não mais com aquele pique imbatível de antes, mas com a mesma alegria, simpatia, disposição e competência, que faz dele um amigo muito querido, um profissional nota dez e um cidadão exemplar. Fica com Deus, meu nobre amigo Weber Medeiros.

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