12 de fevereiro de 2013

Felizmente não deu certo!


Quando vejo alguns amigos lutando desesperadamente para se libertarem do cigarro, fico imaginando que hoje eu poderia ser um deles. Meu falecido pai fumava - e não era pouco. Minha mãe fumava, mas felizmente deixou de lado o vício. Meu saudoso avô morreu com mais de 90 anos e fumava diariamente o seu cigarrinho numa boa.

E eu, quando o assunto é cigarros, o que foi que deu errado?

Apesar de fumante inveterado, meu pai não apoiava essa ideia na vida dos filhos. Estava sempre atento e marcava de perto. Não dormia enquanto eu não chegasse das festinhas. Ficava na janela fumando o seu cigarro e de olho no relógio. Conferia e cobrava o horário que pactuava comigo para estar em casa. Cumprir o horário para estar em casa na sexta-feira, era a garantia de ganhar a permissão para sair também no sábado. Eram outros tempos.

Eu, na verdade, bem que tentei ser fumante. Nas noites de sexta-feira e sábado, antes de sair para as festinhas, principalmente as festinhas que aconteciam no bairro de Aparecida, passava no bar da esquina de casa e comprava um maço de cigarros Hollywood e uma caixa de fósforos. Hollywood era a marca do momento. As propagandas de cigarros naquele tempo eram fantásticas. Chegar à festinha do bairro com maço de Hollywood no bolso fazia a diferença. Eu, pelo menos, achava que fazia a diferença.

Assim que comprava o maço de cigarros, abria a carteira, acendia um cigarro e já subia a Ramos Ferreira fumando, rumo ao Bairro da Aparecida. Antes de chegar à festinha, acendia o segundo cigarro. Chegar com o cigarro aceso tinha algum significado que eu não sei dizer qual era até hoje. Mas, uma coisa era certa. Servia para que os filões de cigarros se aproximassem para pedir. O filão cara de pau não se contentava em pedir só um cigarro. A cada cálice da batida “calcinha de seda”, o filão ficava mais sem-vergonha e vinha atacar a minha carteira de cigarros. Mas, tinha um detalhe importante: eu não reclamava. Eu dava os meus cigarros com o maior prazer, independente se o filão era conhecido ou não. Aliás, conheci muitos amigos filando os meus cigarros.

Na hora de voltar para casa já não tinha mais um único cigarro na carteira Hollywood, da qual, pasmem, normalmente só fumava de 2 a 4 cigarros, no máximo. Restava apenas a caixa de fósforos com alguns palitos dentro, que eu tinha sempre o cuidado de me desfazer dela antes de entrar em casa. Não queria que meus pais desconfiassem de nada, principalmente de cigarros. Apesar de fumantes, eles com certeza iam pegar no meu pé. Ora se iam!

Como meus amigos estão vendo, eu bem que tentei ser um fumante. Felizmente não deu certo!

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