No parlamento é comum assistirmos
os políticos se protegerem entre si, particularmente quando está em jogo algo
que é para o bem de todos eles, obviamente. Coisas do tipo: aumento de salário,
ajuda de custo, quota de gasolina, auxílios-diversos, verba de gabinete, etc. Durante
muito tempo, por exemplo, nenhum deles achava ruim receber tal auxílio
que era uma ajuda esdrúxula para montar o guarda-roupa do parlamentar todos os
anos, usando para isso o já explorado, furado e maltratado bolso do
contribuinte.
Enquanto a reação da sociedade era
pequena para esse fato, mesmo aqueles que reconheciam ser essa ajuda imoral, optavam
por silenciar e utilizar a verba normalmente, usando como explicação ou argumento
de defesa, a desculpa de que não estavam cometendo nenhum ato ilegal. E, na
verdade, não estavam. Sempre foi imoral, mas não ilegal.
Entre os usuários dessa verba existiam
aqueles que condenavam o auxílio-paletó recebido e, para expressar essa
posição, declaravam o uso da verba em outras coisas, mas tinham que ser coisas
voltadas, obviamente, para as comunidades e/ou comunitários do seu curral eleitoral. Ora, se o parlamentar decidisse pegar a verba do auxílio-paletó e
comprar bicicletas ou rancho para distribuir, onde vocês acham que ele iria
distribuir – na comunidade dos eleitores
do político adversário? É óbvio que não! Uma explícita demonstração de desvio
de finalidade do auxílio-paletó para outros fins – caça de votos!
O povo felizmente abriu os olhos
para essa mazela e houve então uma reação maior da sociedade, alimentada
principalmente pelas redes sociais. Os políticos, submetidos a maior pressão, despertaram
para o fato de que não dava mais para levar na valsa e continuar com tamanha
imoralidade. Resultado: a verba que era destinada todos os anos para a compra
do kit-paletó, permanece existindo, até prova em contrário, apenas no primeiro
e no último ano do mandato. Aliviaram o bolso do contribuinte, mas continuam faltando
com a verdade quando afirmam categoricamente que acabaram definitivamente com
tal ajuda. Não foi bem assim né...
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