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A violência que tomou conta da nossa cidade nos remete ao tempo em que
as famílias se reuniam na porta de casa e a gurizada aproveitava para brincar
na calçada. Assim era na porta de minha casa, na Avenida Getúlio Vargas, já bem
próximo à Ramos Ferreira.
Minha saudosa vovó Graziela tinha uma cadeira de balanço de ferro.
Praticamente todos os dias ela nos pedia que carregássemos até a calçada em
frente ao portão de casa. Nessa altura, toda a molecada da vizinhança já estava
ali brincando. Enquanto vovó permanecesse sentada na cadeira, era a garantia de
que ninguém seria chamado pelos pais para entrar. Estavam todos sob os olhares
atentos de vovó e os pais sabiam que no mais tardar oito e meia da noite, a
brincadeira estava encerrada e a ordem era irem todos para casa. Fins de semana
e férias, o tempo para brincadeira era maior. Por incrível que pareça, todos
obedeciam, até os mais arredios. Vovó tinha um carisma muito grande com a gurizada.
Todos a temiam, mas, ao mesmo tempo, todos sabiam que eram queridos pela Dona
Graziela, como a chamavam.
Lembro ainda das brincadeiras. Eram muitas. Um grupo brincava de pular-macaca,
outro de esconde-esconde, outro de pular corda, tinha a turma da brincadeira de
queimada, a turma do jogo de dama e outras mais. Eram momentos de muita alegria
e, enquanto vovó estivesse ali, uma regra era infalível – ninguém podia usar palavrão.
Vovó chamava palavrão de nome-feio e, se quisesse vê-la aborrecida, era só
deixar escapar um.
Imaginar que a meninada de hoje não pode mais viver a alegria da
brincadeira na calçada como no meu tempo de criança, isso me deixa angustiado e
muito triste. A criançada de hoje está praticamente presa dentro de casa. Não há
mais segurança nem mesmo para que os pais coloquem a cadeira de balanço na
porta de casa para contemplar a lua ou respirar a brisa da noite, enquanto os
filhos pequenos brincam e se divertem com os colegas da vizinhança. Esse tempo ficou
lá atrás...
De novidade mesmo, apenas o fato de que as praças públicas voltaram a
ser valorizadas como local de lazer para as famílias, em particular para as
crianças. Isso é positivo e tem que ser intensificado. As praças embelezam as
cidades. São espaços criados para momentos de alegrias de adultos e crianças. Entretanto,
existe hoje a questão da segurança púbica que continua precária e não oferece tranquilidade
para as famílias amazonenses saírem de casa. É preciso superar essa deficiência da segurança
pública e fazer com que as praças de Manaus voltem a ser ponto de encontro
sadio e seguro para as famílias e suas crianças, principalmente. Será que é
pedir muito?
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