Dia desses, ao chegar numa roda de colegas, o tema da conversa era os
cursos a distância através da internet. Um dos colegas falava da sua
experiência e nos passou uma informação muito interessante. Disse ele que no
ano de 2011 o número de pessoas matriculadas em cursos a distância cresceu 58%
em relação ao ano anterior. De 2010 para 2011, a quantidade de alunos
matriculados em cursos a distância teria crescido de 2,2 milhões para 3,6
milhões de pessoas. No meu entendimento, em termos de Brasil, é sem dúvida um número fantástico.
Depois de ouvi-los atentamente, resolvi voltar ao passado e contar a
eles a minha experiência pessoal com curso a distância. Antigamente, quando
comprávamos revistas nas bancas da cidade, a maioria delas trazia propaganda do
Instituto Universal Brasileiro e das Escolas Reunidas. Eram escolas que na
minha época vendiam cursos por correspondência e que eram muito procurados. Lembro,
por exemplo, de um amigo de infância que fez um desses cursos e montou uma
oficina em casa, onde consertava rádios, eletrolas, etc. Ele já era muito
curioso com essa parte eletrônica e o curso com certeza deve ter lhe ajudado
muito. Eu pessoalmente usei várias vezes os seus serviços. Era o médico que
cuidava do meu radinho de pilhas que me acompanhava quando ia ao campo de
futebol, e da minha eletrola Pelé onde eu tocava os discos com as músicas dos grandes
ídolos da jovem guarda.
E qual foi de fato a minha experiência com os cursos por correspondência?Vamos lá!
Eu sempre quis saber desenhar. Acho muito legal as pessoas que sabem fazer
criticas e humor através do desenho, por exemplo. O humor através do desenho é genial. Exige muito criatividade e deve ser fascinante para quem tem
esse dom. Eu não tenho esse dom, mas achei que poderia aprender a desenhar
através do curso por correspondência. Entre as escolas citadas, não lembro a
qual delas recorri à época. O certo é que eu comprei e comecei a receber o
material em casa pelos correios. Era tudo muito bacana e organizado. Tinha até tarefa
e prova para fazer.
Para minha total desolação, não foi preciso muito tempo para concluir que eu não
levava jeito para o desenho. As dificuldades eram enormes. Devido a esse fracasso, imaginem... Meti na minha cabeça
que desenhar não era coisa para gente canhota. Cheguei a imaginar que se
tivesse apanhado como minha falecida tia Maria, irmã de meu pai que escrevia
tanto com a esquerda, como com a mão direita, quem sabe não teria tido sucesso.
Bobagem, obviamente, pois depois vim a descobrir nomes de grandes artistas do
desenho, todos canhotos. Quanto à minha tia Maria ter apanhado, soube que no seu tempo, quando crianças demonstravam tendência para escrever
com a mão esquerda, elas acabavam forçadas a usar a outra mão e, em muitos
casos, quando teimosas resistiam, terminavam apanhando dos pais ou dos próprios
professores.
O fato de ser canhoto só me trouxe problemas em duas situações. A primeiro era na hora de fazer a caligrafia obrigatória de todos os dias, pois a mão do canhoto normalmente deslisa sobre a escrita, acabando por borrar o caderno. Quando isso acontecia, fatalmente a professora mandava eu fazer tudo outro vez. A segunda era na sala de aula do colégio, onde eram poucas, pouquíssimas, as carteiras
apropriadas para os alunos canhotos sentarem. Fora isso, lembro-me também de alguns colegas que brincavam
comigo dizendo que os canhotos eram todos contra Deus, mas isso não me incomodava, principalmente depois que fui reclamar para o padre conselheiro da acusação dos colegas e ele me respondeu: - se a acusação é essa, continue sendo. No jogo de petecas, onde modéstia a parte além de viciado eu era um craque, os adversários chamavam a minha
canhota certeira de "canhota maldita", o que também não me incomodava, pelo contrário, fazia-me sentir o máximo.
Finalizando, fico imaginado se hoje ainda existem crianças que apanham
para não escrever com a mão esquerda. Como estamos no país de nome Brasil, é
bom não duvidar. Por aqui tudo é possível de acontecer. Quanto ao curso por correspondência, é fantástico conhecer e acompanhar a evolução dos chamados cursos a distância. As novas gerações, bem diferente da minha geração, dispõem hoje de ferramentas extraordinárias para quase tudo. Quem souber utilizá-las adequadamente, só tem a ganhar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário